Sustentabilidade nos olhos dos outros...
Quarta-feira, 27 de abril de 2011
Quarta-feira, 27 de abril de 2011
coluna Empresa-Cidadã
Paulo Márcio de Mello
Paulo Márcio de Mello
► O setor que liderou a
emissão foi o de energia, atingindo 78,5 milhões de toneladas, seguido do setor
de processos industriais e uso de produtos (4,5 milhões de toneladas) e pela
agropecuária (1,9 milhão de toneladas).
► O estado de São Paulo
dispõe de uma lei, a Lei Estadual de Mudanças Climáticas (Lei no
13.798/09), aprovada pela Assembléia Legislativa no final de 2009, em vigor
desde o ano passado, que determina a redução em 20% da emissão de dióxido de
carbono (CO2), até 2020, com base nas cifras de 2005, quando chegou a 88,8
milhões de toneladas.
► Com isso, o estado terá
que reduzir a emissão de CO2 em 17,7 milhões de toneladas ano para atingir a
meta legal. Esta já é uma meta revisada, pois o que tinha sido estabelecido era
o corte de 28,6 milhões de toneladas de CO2, com base nos números de emissão em
2005, divulgados primeiramente.
► A alegação do Programa
Estadual de Mudanças Climáticas (Proclima) é de que houve dupla contagem em
algumas fontes, além da adoção de nova metodologia para estimar os gases
liberados pelas mudanças no uso do solo. Apesar da redução, a meta continua
sendo ousada, considerando-se que a emissão de dióxido de carbono por toda a indústria
no Estado de São Paulo foi de 12,2 milhões de toneladas, em 2008.
► Conclui-se que o estado
de São Paulo responde por cerca de 4,4% do total de emissões de gases
causadores do efeito estufa na América Latina, comparando-se os números do Inventário
(SP) com os apresentados pelo relatório das Nações Unidas, divulgado na Cúpula
da Mudança Climática de dezembro de 2010, a COP-16, de responsabilidade do
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e da Comissão Econômica
Para a América Latina e Caribe (Cepal), realizado pelo Instituto GRID Arendal.
► Pelo mesmo relatório, Brasil,
Argentina, Venezuela e México são responsáveis por 79% das emissões destes
gases na América Latina, causadas principalmente pelas mudanças no uso da
terra, energia, silvicultura e agricultura. O Brasil sozinho responde por 52%
das emissões.
► A média de emissão por habitante da região foi de 5,5 toneladas
métricas de CO2, excluídas as verificadas por mudança no uso da terra, em que o
Brasil é o maior emissor. Trinidad e Tobago, Uruguai, Venezuela e Argentina,
nesta ordem, têm as maiores quantidades emitidas.
► A América Latina e o Caribe
têm uma média de emissão de gases causadores do efeito estufa de 1.152
toneladas de CO2, por cada US$ 1 milhão do seu Produto Interno Bruto (PIB).
Esta média é superior à dos países da Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 481 toneladas de CO2 por cada US$ 1 milhão
de PIB. Isto só reforça importância de inversão no modo de produção intensivo
em carbono na região e a Lei Estadual de Mudanças Climáticas, de São Paulo,
representa um bom instrumento de mudança.
► Contudo, reiterando a
prática usual do setor industrial em todo o mundo em relação à política de
qualidade ambiental, também em São Paulo, partes significativas deste segmento
econômico procuram maximizar o seu lucro, transferindo o ônus das
externalidades negativas das suas atividades para a sociedade.
► Desde a entrada em vigor
da Lei 13.798/09, a Federação das Indústrias local (FIESP) faz críticas,
alegando o temor de que a lei onere o setor ao exigir adaptações no sistema
produtivo e que daí empresas fechem, desempreguem, etc, etc. Versos repetidos
da economia do carbono, suja e insustentável.
Paulo Márcio de
Mello
paulomm@paulomm.pro.brProfessor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
A coluna EMPRESA-CIDADÃ é publicada, desde
2001,
toda quarta-feira, no jornal Monitor Mercantil (www.monitormercantil.com.br).
Através dela, são apresentados conceitos relativos
à responsabilidade social, à sustentabilidade e ao desenvolvimento
sustentável,
casos de
empreendedores e empresas, pesquisas, resenhas, editais ou agenda.
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