As páginas dos jornais destinadas ao noticiário científico alternam informações que representam verdadeiramente avanços
iluminados pelo gênio humano com outras informações hilariantes, para dizer o
mínimo. Enquanto pesquisas sobre o câncer, Alzheimer Parkinson e malária
parecem, às vezes, andar a passos de formiga, autênticas tolices consomem
tempo, saber e recursos. Como no caso da pesquisa para determinar, se alguém na
chuva, molha-se mais na chuva, andando ou correndo...
coluna EMPRESA-CIDADÃ
Quarta-feira, 11 de outubro
de 2016
Paulo Márcio de Mello
Prêmio
Ignobel
Por
este motivo, foi criado o Prêmio IgNobel, destinado à descoberta científica mais estranha de cada ano. O
prémio é propositalmente entregue a cada início de outono, para homenagear
pesquisas que, primeiramente fazem as pessoas rir e depois, talvez, pensar.
O
título é um trocadilho com o nome "Nobel", de Alfred
Nobel, e
a palavra ignóbil, que expressa representa algo sem não nobreza, ou
desprezível. Na origem, o Prêmio Ignobel é uma criação da revista de humor científico Annals of Improbable Research (https://www.google.com.br/?gws_rd=ssl#q=annals+of+improbable+research+magazine&tbm=nws)
Anais da Pesquisa Improvável, traduzido
livremente) e os prêmios são entregues em Harvard. A intenção construtiva é premiar
pesquisas raras, honrar a imaginação e atrair o interesse público para a
ciência, a medicina e a tecnologia.
O prêmio foi
entregue pela primeira vez em Harvard, em 1991, sendo a cerimônia abrilhantada
pela presença de autênticos laureados com o Prêmio Nobel, que entregaram o Prêmio IgNobel
ao vencedor, numa cerimônia que até (desde 1996) inclui uma ópera.
É curioso que um
vencedor do Prêmio Ignobel também foi vencedor do Prêmio Nobel, o holandês
Andre Geim, que venceu o IgNobel em 2000 e o Nobel em 2010.
Este ano, a Volkswagen recebeu o Prêmio IgNobel, na
categoria “Química”
por “reduzir” a emissão de gases poluidores de carros
Na noite de 22
de setembro, na Universidade de Harvard, a montadora alemã das auto foi
satirizada ao ser agraciada, na categoria “Química”, por “ter resolvido” a
questão da emissão de poluentes dos seus veículos, reduzindo as emissões, sempre que os seus veículos
passavam por testes.
O apresentador oficial, Marc Abrahams, declarou que o vencedor
"não pôde ou não quis" comparecer à cerimônia. A maioria dos demais contemplados,
por outro lado, compareceu.
A Volkswagen deixou assim de receber um troféu e um prêmio na
forma de uma cédula de 10 trilhões de dólares do Zimbaue, que mal cobre o custo
do material em que é impressa.
A
relação dos premiados:
Química:Para a Volkswagen, por
"acabar" com a poluição gerada por automóveis. De fato, um programa
computadorizado feito pela Volks adulterava os resultados dos testes e os
carros pareciam poluir uma fração de 1/40 em relação ao que realmente poluem (coluna
EMPRESA-CIDADÃ, de quarta-feira, 12 de setembro de 2016);
Literatura:
Agraciado o sueco
Fredrik Sjöberg, pela trilogia autobiográfica sobre o prazer de colecionar
moscas mortas numa ilha sueca de baixa densidade populacional;
Medicina: Para os alemães Christoph Helmchen,
Carina Palzer, Thomas Münte, Silke Anders e Andreas Sprenger, pela pesquisa que
mostrou que se pode aliviar a coceira num braço quando se olha no espelho e se
coça o outro braço;
Economia: Para Mark Avis, Sarah Forbes e Shelagh Ferguson,
por uma pesquisa sobre a personalidade das pedras da perspectiva de marketing;
Psicologia: Para um estudo feito com mil
participantes que concluiu que jovens adultos mentem melhor, sem, no entanto,
indagar se os entrevistados realmente estavam mentindo.
Reprodução: Ahmed Shafik, por
pesquisar os efeitos do uso de calças de poliéster, algodão e lã na vida sexual
dos ratos e depois repetir a experiência em homens.
Física: Gábor Horváth,
Miklós Blahó, György Kriska, Ramón Hegedüs, Balázs Gerics, Róbert Farkas,
Susanne Åkesson, Péter Malik e Hansruedi Wildermuth, por descobrirem por que
cavalos de pelos brancos são menos atacados por moscas, e por descobrirem por
que libélulas são atraídas por lápides pretas.
Paz: Gordon Pennycook, James Allan
Cheyne, Nathaniel Barr, Derek Koehler e Jonathan Fugelsang, por seu estudo
acadêmico "Sobre a Compreensão e Detecção de Idiotices Pseudo-Profundas".
Biologia: prêmio
compartilhado por Charles Foster e Thomas Thwaites. Charles, por viver na
natureza, em momentos diferentes, como um texugo, uma lontra, um veado, uma raposa e um pássaro;
Thomas por projetar próteses para seus membros,
que lhe permitiu deslocar-se pelas montanhas na companhia de cabras.
Percepção: Atsuki
Higashiyama e Kohei Adachi, por investigar o quanto os objetos parecem
diferentes, quando se curva para visualizá-los por entre as pernas.
Paulo Márcio de Mello*
Professor da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
A coluna EMPRESA-CIDADÃ é publicada, desde 2001,
continuamente, às quartas-feiras, no jornal Monitor Mercantil (www.monitormercantil.com.br).
Através dela, são apresentados conceitos relativos
à responsabilidade social, à sustentabilidade, ao desenvolvimento
sustentável e à ética nos negócios, através de casos de empreendedores e
empresas, pesquisas, resenhas, editais ou agenda na temática.
A coluna EMPRESA-CIDADÃ também
pode ser lida pelo Blog arteeconomia. Acesso através de http://pauloarteeconomia.blogspot.com
|