quinta-feira, 29 de maio de 2014

O fim do capitalismo das organizações
                                                                                                                      
 Nos últimos 15 anos, a quantidade de empresas com ações em bolsa nos EUA caiu pela metade. As corporações respondem por parcela cada vez menor da produção material e do emprego.
 
blog do professor paulo márcio
economia&arte
 
Por Ricardo Abramovay
04.02.2013
 
Quem terá o domínio das atividades econômicas do século XXI? A literatura mais recente traz duas respostas polares a esta questão crucial. Pavan Sukhdev, em Corporation 2020, enfatiza o papel cada vez mais importante das corporações na vida contemporânea.
 
Seu diagnóstico a respeito das grandes empresas é implacável: até aqui, sua marca emblemática é o ano de 1920, quando foi juridicamente consolidada nos Estados Unidos a ideia de que a firma existe exclusivamente para atender aos acionistas: utilizá-la para cumprir obrigações socioambientais não faz parte das razões de sua existência e pode ser contestado legalmente (mais em Procura-se a empresa do futuro e na entrevista concedida por Sukhdev a Página22 na edição 69).
 
O ano de 2020, utilizado no título de seu livro, ecoa um conjunto de publicações originárias do meio empresarial mostrando a incompatibilidade entre o modo de funcionamento da empresa atual e a urgência de que surja uma vida social orientada pela redução das desigualdades e pela preservação dos serviços ecossistêmicos dos quais dependem as sociedades humanas.
 
Seu foco é a organização empresarial e as possibilidades de que esta se transforme para fazer dos mercados um meio de promover bem-estar, equidade e regeneração, ao menos parcial, do que já foi destruído até aqui. Esta abordagem é partilhada por trabalhos recentes da PricewaterhouseCoopers sobre mudanças climáticas, pelos da KPMG, calculando os custos ambientais de funcionamento das companhias e pelos da Deloitte (cuja expressão mais completa é o último livro de John Elkington, Os Zeronautas).
 
Mas serão as corporações (mesmo que impulsionadas pelas mudanças radicais que muitas consultorias globais preconizam em seus objetivos e em seus métodos) as organizações estratégicas da vida econômica das próximas décadas? Serão elas os vetores fundamentais da mutação para uma economia sustentável? Gerald Davis, da Universidade de Michigan, traz evidências de peso para responder a esta questão pela negativa.
 
Na verdade, a marca decisiva do capitalismo americano dos dias de hoje é o declínio e não o fortalecimento das corporações. Nos últimos 15 anos, a quantidade de empresas com ações em bolsa nos Estados caiu pela metade. As corporações respondem por parcela cada vez menor da produção material e do emprego. Mais que isso: suas funções históricas de promover coesão social por meio do acesso amplo a serviços de saúde e de aposentadoria deixaram de existir.
 
A proposta de fazer de cada cidadão o gestor de uma carteira de investimentos que lhe permitisse, por sua própria iniciativa, administrar sua previdência social e sua aposentadoria teve como resultado principal um aumento espantoso da pobreza e, sobretudo, das desigualdades na sociedade americana.
 
Um novo tipo de organização econômica emerge dos escombros do capitalismo corporativo que marcou a vida de quase todo o século XX, como mostra Gerald Davis em um texto recente. Sua base material e tecnológica está no extraordinário potencial das mídias digitais em democratizar não só o mundo da cultura, mas, de forma crescente, a própria produção material e de energia. “Soluções locais para produzir, distribuir e partilhar podem oferecer alternativas funcionais às corporações tanto para a produção como para o emprego”, diz Davis.
 
A ideia de que a organização empresarial é capaz de reduzir drasticamente os custos de transação e, em virtude disso, de que as formas hierarquizadas de gerir recursos materiais, energéticos e bióticos são sistematicamente superiores às descentralizadas encontra-se hoje sob franca contestação. Tecnologias digitais como a impressora em três dimensões e as máquinas de corte a laser levam ao mundo da matéria aquilo que a internet propiciou, nos últimos 20 anos, ao mundo da cultura.
 
Quando se juntam a essas novas técnicas o movimento em direção à oferta descentralizada de energia, o resultado é o desenho de uma vida econômica bem diferente daquela que marcou a era das corporações.
 
A grande virtude econômica da sociedade da informação em rede não reside tanto no aumento das capacidades produtivas, mas numa dupla contestação daquilo que marca a civilização industrial. Em primeiro lugar, ela abre caminho para que a iniciativa individual e as formas localizadas de produção ganhem eficiência econômica e disputem o coração da vida econômica em vários setores. Em segundo lugar, são formas de conceber, produzir e distribuir bens e serviços que se apoiam, cada vez mais, na cooperação social direta, na partilha.
 
Transformar as corporações em direção aos métodos e aos objetivos apontados nas sugestões recentes de várias consultorias globais é essencial. Mas tudo indica que o desenvolvimento sustentável vai apoiar-se cada vez mais na iniciativa econômica de indivíduos e comunidades locais com base em meios técnicos à disposição de sua criatividade e de seus talentos.
 
*Ricardo Abramovay é professor titular do Departamento de Economia da FEA e do Instituto de Relações Internacionais da USP, é autor de Muito além da Economia Verde. Twitter: @abramovay.


quarta-feira, 28 de maio de 2014

Lucros com lágrimas
                                                           
Os lucros obtidos ilegalmente por empresas com a exploração do trabalho escravo, degradante ou forçado é comparável ao obtido com a venda de armas. Não há justificativa para isto que não agrida a ética.

blog do professor paulo márcio
economia&arte

Quarta-feira, 28 de maio de 2014
Coluna EMPRESA-CIDADÃ
Paulo Márcio de Mello*

 u      Desde 1998, pela primeira vez, os gastos militares apresentaram uma redução, em 2012, e pela segunda vez consecutiva, a venda de armas por empresas privadas para governos também diminuiu. Isto não significa que as armas tenham deixado de ser um excelente negócio.
 
u      As 100 maiores corporações produtoras de armas e fornecedoras de serviços militares alcançaram o faturamento recorde de US$ 395 bilhões, em 2012. Sozinha, a maior produtora, a Lockheed Martin, faturou US$ 36 bilhões, no período.
 
u        Segundo o site 24/7 Wall St., com base nos dados apurados pela Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI, sigla em inglês), um dos fatores que contribuiu para a redução dos gastos militares foi a retirada de tropas norte-americanas do Afeganistão. Em 2011, a ocupação consumiu US$ 159 bilhões e, no ano seguinte, US$ 115 bilhões. A austeridade orçamentária nos EUA também respondeu por cortes, da ordem de US$ 15 bilhões.
 
u      A relação dos dez maiores faturamentos de corporações com a venda de armas, exibe, em 10º lugar, a L-3 Communications Holdings Inc. (Nyse: LLL). A empresa opera quatro linhas de negócios principais: comunicação de segurança, sistemas eletrônicos, plataformas de soluções logísticas e soluções de segurança nacional. A empresa faturou US$ 13.1 bilhões em 2012, dos quais US$ 10.8 bilhões com a venda de serviços bélicos (US$ 12.5 bilhões, em 2011). Empregou 51 mil empregados e teve um lucro anual de US$ 782 milhões.
 
u      Na nona posição da relação, está a italiana Finmeccanica, que responde por casos de corrupção ativa de compradores de seus helicópteros na Índia. O faturamento total em 2012 foi de US$ 22.1 bilhões, sendo US$ 12.5 bilhões em armamentos (US$ 14.5 bilhões em 2011). Empregou 67.408 pessoas e apresentou prejuízo de US$ 1 bilhão.
 
u      A oitava classificação pertence à United Technologies Corp.’s (Nyse: UTX). Produtora dos helicópteros militares Black Hawk e Seahawk, faturou com eles US$ 4.5 bilhões e, com a produção de equipamentos de navegação aérea (Pratt&Whitney), US$ 3.7 bilhões. No total de suas linhas, faturou US$ 62.2 bilhões, dos quais US$ 13.5 bilhões com a venda de equipamentos militares (US$11.6 bilhões, em 2011). Empregou 218.300 pessoas e exibiu o lucro de US$ 5.2 bilhões.
 
u      Na sétima posição, está a European Aeronautic Defense and Space Company (EADS). Diante da importância de um dos seus produtos, o avião comercial Airbus, mudou a sua denominação para Airbus Group, em 2014. Faturou US$ 72.6 bilhões em 2012. Destes, US$ 15.4 bilhões foram provenientes da venda de armamentos (queda de US$ 1 bilhão, em relação a 2011). Empregou 140.000 pessoas e apresentou lucro de US$ 1.6 bilhão.
 
u      Na sexta colocação, ficou a Northrop Grumman Corp. (Nyse: NOC). Apresentou faturamento de US$ 25.2 bilhões em 2012, sendo US$ 19.4 bilhões derivados da venda de armamentos como radares antimísseis, sistemas eletrônicos, e “drones” de altitude. Empregou 68.100 pessoas e apurou lucro de US$ 2 bilhões.
 
u      A quinta posição foi ocupada pela General Dynamics Corp (Nyse:GD), com faturamento de US$ 31.5 bilhões, dos quais US$ 20.9 bilhões, derivados principalmente da venda de aviões e veículos de combate (US$ 23.3 bilhões no ano anterior). Empregou 92.200 pessoas e apresentou prejuízo de US$ 332 milhões.
 
u      A quarta colocação apresentou a Raytheon Co. (Nyse: RTN), fundada em 1922, e tradicional parceira do governo norte-americano. A parceria inclui o módulo lunar da Apolo 11. Faturou US$ 24.4 bilhões. Destes, US$ 22.5 bilhões foram obtidos com a venda de armamentos como mísseis, radares e segurança aeroespacial. Empregou 67.800 pessoas e apresentou lucro de US$ 1.9 bilhão.
 
u      Como terceira maior vendedora de armamentos foi classificada a britânica BAE Systems, a maior fornecedora não americana dos EUA. Em operação desde 1847, a corporação foi atingida por cortes orçamentários do governo do Reino Unido. Ainda assim, faturou US$ 28.3 bilhões, dos quais US$ 26.9 bilhões obtidos com a venda de armamentos. Empregou 88.200 pessoas e exibiu o lucro de US$ 2.6 bilhões.
 
u      A segunda colocada nesta relação é a Boeing Co. (Nyse: BA) que, em 2012, faturou US$ 81.7 bilhões. Destes, US$ 27.6 bilhões derivaram da venda de armamentos. Com 174.400 empregados, lucrou US$ 3.9 bilhões.
 
u      Como maior fornecedora de armamentos do mundo consta a Lockheed Martin Corp. (Nyse: LMT). Faturou US$ 47.2 bilhões, sendo US$ 36 bilhões com armamentos, como sistemas de tecnologia de informação e aeronaves militares, a exemplo do C-5 Galaxy Class Airplane, o maior avião militar de transporte do mundo. Empregou 120.000 pessoas e apresentou o lucro de US$ 2.7 bilhões, apesar de atingida por cortes orçamentários de defesa dos EUA.
 
u      Relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), recentemente divulgado, aponta que o trabalho forçado gera lucros ilegais avaliados em US$ 150 bilhões anualmente, em todo o mundo. Entre as vítimas, 55% são mulheres, exploradas sexualmente ou pelo trabalho doméstico, e 44% são migrantes. Comparável à indústria de armas.
 
Paulo Márcio de Mello
paulomm@paulomm.pro.br
Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

sexta-feira, 23 de maio de 2014

 
 
Relatory of the National Climate Assessment and Development  Advisory
Committee (USA)
 Executive Summary
 

Draft for Public Comment Chapter 1
Executive Summary (v. 11 Jan 2013)
DRAFT FOR PUBLIC COMMENT 3
 
blog do professor paulo márcio
economia&arte
 
Climate change is already affecting the American people. Certain types of weather events have become more frequent and/or intense, including heat waves, heavy downpours, and, in some regions, floods and droughts. Sea level is rising, oceans are becoming more acidic, and glaciers and arctic sea ice are melting. These changes are part of the pattern of global climate change, which is primarily driven by human activity.
 
Many impacts associated with these changes are important to Americans’ health and livelihoods and the ecosystems that sustain us. These impacts are the subject of this report. The impacts are often most significant for communities that already face economic or health-related challenges, and for species and habitats that are already facing other pressures. While some changes will bring potential benefits, such as longer growing seasons, many will be disruptive to society because our institutions and infrastructure have been designed for the relatively stable climate of the past, not the changing one of the present and future. Similarly, the natural ecosystems that sustain us will be challenged by changing conditions. Using scientific information to prepare for these changes in advance provides economic opportunities, and proactively managing the risks will reduce costs over time.
 
Evidence for climate change abounds, from the top of the atmosphere to the depths of the oceans. This evidence has been compiled by scientists and engineers from around the world, using satellites, weather balloons, thermometers, buoys, and other observing systems. The sum total of this evidence tells an unambiguous story: the planet is warming.
 
U.S. average temperature has increased by about 1.5°F since 1895; more than 80% of this increase has occurred since 1980. The most recent decade was the nation’s hottest on record. Though most regions of the U.S. are experiencing warming, the changes in temperature are not uniform. In general, temperatures are rising more quickly at higher latitudes, but there is considerable observed variability across the regions of the U.S.
 
U.S. temperatures will continue to rise, with the next few decades projected to see another 2°F to 4°F of warming in most areas. The amount of warming by the end of the century is projected to correspond closely to the cumulative global emissions of greenhouse gases up to that time: roughly 3°F to 5°F under a lower emissions scenario involving substantial reductions in emissions after 2050 (referred to as the "B1 scenario"), and 5°F to 10°F for a higher emissions scenario assuming continued increases in emissions (referred to as the "A2 scenario") (Ch. 2).
 
The chances of record-breaking high temperature extremes will continue to increase as the climate continues to change. There has been an increasing trend in persistently high nighttime temperatures, which have widespread impacts because people and livestock get no respite from the heat. In other places, prolonged periods of record high temperatures associated with droughts contribute to conditions that are driving larger and more frequent wildfires. There is strong evidence to indicate that human influence on the climate has already roughly doubled the probability of extreme heat events like the record-breaking summer of 2011 in Texas and Oklahoma (Ch. 2,3,6,9,20).
 
Human-induced climate change means much more than just hotter weather. Increases in ocean and freshwater temperatures, frost-free days, and heavy downpours have all been documented. Sea level has risen, and there have been large reductions in snow-cover extent, glaciers, permafrost, and sea ice. Winter storms along the west coast and the coast of New England have increased slightly in frequency and intensity. These changes and other climatic changes have affected and will continue to affect human health, water supply, agriculture, transportation, energy, and many other aspects of society (Ch. 2,3,4,5,6,10,12,16,20,24,25).
 
Some of the changes discussed in this report are common to many regions. For example, very heavy precipitation has increased over the past century in many parts of the country. The largest increases have occurred in the Northeast, Midwest, and Great Plains, where heavy downpours have exceeded the capacity of infrastructure such as storm drains, and have led to flooding events and accelerated erosion. Other impacts, such as those associated with the rapid thawing of permafrost in Alaska, are unique to one U.S. region (Ch. 2,16,18,19,20,21,22,23).
 
Some impacts that occur in one region have more wide-ranging effects. For example, the dramatic decline of summer sea ice in the Arctic – a loss of ice cover roughly equal to half of the continental U.S. – exacerbates global warming by reducing the reflectivity of Earth’s surface and increasing the amount of heat the Arctic absorbs. There is some evidence that this affects weather patterns farther south in the United States. Similarly, wildfires in one region can trigger poor air quality in far-away regions, and new evidence suggests the particulate matter in the atmosphere affects global circulation, leading to more persistent periods of anomalous weather. Major storms that hit the Gulf Coast affect the entire country through their cascading effects on oil and gas production and distribution (Ch. 2,4,16,17,18,19,20,22).
 
Sea level rise, combined with coastal storms, has increased the risk of erosion, storm-surge damage, and flooding for coastal communities, especially along the Gulf of Mexico, the Atlantic seaboard, and Alaska. In the Southeast, coastal infrastructure including roads, rail lines, energy infrastructure, and port facilities including naval bases, are at risk from storm surge that is exacerbated by rising sea level. Over the past century, global sea level has risen by about 8 inches. Since 1992, the rate of global sea level rise measured by satellites has been roughly twice the rate observed over the last century. Sea level is projected to rise by another 1 to 4 feet in this century. A wider range of scenarios, ranging from 8 inches to 6.6 feet of rise by 2100, has been suggested for use in risk-based analyses. In general, higher emissions scenarios that lead to more warming would be expected to lead to sea level rise toward the upper end of the projected range. The stakes are high, as nearly five million Americans live within four feet of the local high-tide level (Ch. 2,4,10,16,17,20, 22,25).
 
In addition to changing climate, carbon dioxide from fossil fuel burning has a direct effect on the world’s oceans. Carbon dioxide interacts with ocean water to form carbonic acid, lowering the ocean’s pH. Ocean surface waters have become 30% more acidic as they have absorbed large amounts of carbon dioxide from the atmosphere. This ocean acidification reduces the capacity of marine organisms with shells or skeletons made of calcium carbonate (such as corals, krill, oysters, clams, and crabs) to survive, grow, and reproduce, which in turn will affect the entire marine food chain (Ch. 2,8,23,24,25).
 
Climate change produces a variety of stresses on society, affecting human health, natural ecosystems, built environments, and existing social, institutional, and legal agreements. These stresses interact with each other and with other non-climate stresses, such as habitat fragmentation, pollution, increased consumption patterns, and biodiversity loss. Addressing these multiple stresses requires the assessment of composite threats as well as tradeoffs among the costs, benefits, and risks of available response options (Ch. 3,5,8,9,10,11,14,16,19,20,25,26,27,28).
 
Climate change will influence human health in many ways; some existing health threats will intensify, and new health threats will emerge. Some of the key drivers of health impacts include: increasingly frequent and intense extreme heat, which causes heat-related illnesses and deaths and over time, worsens drought and wildfire risks, and intensifies air pollution; increasingly frequent extreme precipitation and associated flooding that can lead to injuries and increases in marine and freshwater-borne disease; and rising sea levels that intensify coastal flooding and storm surge. Certain groups of people are more vulnerable to the range of climate change-related health impacts, including the elderly, children, the poor, and the sick. Others are vulnerable because of where they live, including those in floodplains, coastal zones, and some urban areas. In fact, U.S. population growth has been greatest in coastal zones and in the arid Southwest, areas that already have been affected by increased risks from climate change. Just as some choices can make us more vulnerable, other choices can make us more resilient. Maintaining a robust public health infrastructure will be critical to managing the potential health impacts of climate change (Ch. 2,7,9,11,12,13,16,18,20,25).
 
Climate change affects the entire living world, including people, through changes in ecosystems and biodiversity. Ecosystems provide a rich array of benefits to humanity, including fisheries, drinking water, fertile soils for growing crops, buffering from climate impacts, and aesthetic and cultural values. These benefits are not always easy to quantify, but they translate into jobs, economic growth, health, and human well-being. Climate change-driven perturbations to ecosystems that have direct human impacts include reduced water supply and quality, the loss of iconic species and landscapes, distorted rhythms of nature, and the potential for extreme events to eliminate the capacity of ecosystems to provide benefits (Ch. 3, 6, 8, 12, 14, 23, 24).
 
Climate change and other human modifications of ecosystems and landscapes often increase their vulnerability to damage from extreme events while at the same time reducing their natural capacity to modulate the impacts of such events. Salt marshes, reefs, mangrove forests, and barrier islands defend coastal ecosystems and infrastructure, including roads and buildings, against storm surges; their losses from coastal development, erosion, and sea level rise increase the risk of catastrophic damage during or after extreme weather events. Floodplain wetlands, although greatly reduced from their historical extent, absorb floodwaters and reduce the effects of high flows on river-margin lands. Extreme weather events that produce sudden increases in water flow, often carrying debris and pollutants, can decrease the natural capacity of ecosystems to process pollutants (Ch. 3, 7, 8, 25).
 
As climate change and its impacts are becoming more prevalent, Americans face choices. As a result of past emissions of heat-trapping gases, some amount of additional climate change and related impacts is now unavoidable. This is due to the long-lived nature of many of these gases, the amount of heat absorbed and retained by the oceans, and other responses within the climate system. However, beyond the next few decades, the amount of climate change will still largely be determined by choices society makes about emissions. Lower emissions mean less future warming and less severe impacts; higher emissions would mean more warming and more severe impacts. The choices about emissions pathway fall into a category of response options usually referred to as "mitigation" – ways to reduce the amount and speed of future climate change by reducing emissions of heat-trapping gases (Ch. 2, 26, 27).
 
The other major category of response options is known as "adaptation" and refers to changes made to better respond to new conditions, thereby reducing harm or taking advantage of opportunity. Mitigation and adaptation are linked, in that effective mitigation reduces the need for adaptation. Both are essential parts of a comprehensive response strategy. The threat of irreversible impacts makes the timing of mitigation efforts particularly critical. This report includes chapters on Mitigation, Adaptation, and Decision Support that offer an overview of the kinds of options and activities being planned or implemented around the country as governments at local, state, federal, and tribal levels, businesses, other organizations, and individuals begin to respond to climate change (Ch. 26, 27, 28).
 
Large reductions in global emissions, similar to the lower emissions scenario (B1) analyzed in this assessment, would be necessary to avoid some of the worst impacts and risks of climate change. The targets called for in international agreements would require even larger reductions than those outlined in scenario B1 (Figure 1). Meanwhile, global emissions are still rising, and are on track to be even higher than the high emissions scenario (A2) analyzed in this report.
 
The current U.S. contribution to global emissions is about 20%. Voluntary efforts, the recent shift from coal to natural gas for electricity generation, and governmental actions in city, state, regional, and federal programs under way and have contributed to reducing U.S. emissions in the last few years. Some of these actions are motivated by climate concerns, sometimes with non-climate co-benefits, while others are motivated primarily by non-climate objectives. These U.S. actions and others that might be undertaken in the future are described in the Mitigation chapter of this report; at present they are not sufficient to reduce total U.S. emissions to a level that would be consistent with scenario B1 or the targets in international agreements (Ch. 2, 4, 29 27).
With regard to adaptation, the pace and magnitude of observed and projected changes emphasize the need for being prepared for a wide variety and intensity of climate impacts. Because of the influence of human activities, the past climate is no longer a sufficient indicator of future conditions. Planning and managing based on the climate of the last century means that tolerances of some infrastructure and species will be exceeded. For example, building codes and landscaping ordinances will likely need to be updated not only for energy efficiency, but also to conserve water supplies, protect against insects that spread disease, reduce susceptibility to heat stress, and improve protection against extreme events. The knowledge that climate change is real and accelerating points to the need to develop and refine approaches that enable decision-making and increase flexibility, robustness, and resilience in the face of ongoing and future impacts. Being prepared for such events paves the way for economic opportunities (Ch. 2, 3, 5, 41 9, 11, 13, 26, 27, 28).
Adaptation considerations include local, state, regional, national, and international jurisdictional issues. For example, in managing water supplies to adapt to a changing climate, the implications of international treaties should be considered in the context of managing the Great Lakes, the Columbia River, and the Colorado River to deal with increased drought risk. Both "bottom up" community planning and "top down" national strategies may help regions deal with impacts such as increases in electrical brownouts, heat stress, floods, and wildfires. Such a mix of approaches will require cross-boundary coordination at multiple levels as operational agencies integrate adaptation planning into their programs (Ch. 3, 7, 9, 10, 18, 20, 21, 26, 28).
Proactively preparing for climate change can reduce impacts, while also facilitating a more rapid and efficient response to changes as they happen. The Adaptation chapter in this report highlights efforts at the federal, regional, state, tribal, and local levels, as well as initiatives in the corporate and non-governmental sectors to build adaptive capacity and resilience towards climate change (Ch. 28).
This report identifies a number of areas for which improved scientific information or understanding would enhance the capacity to estimate future climate change impacts. For example, knowledge of the mechanisms controlling the rate of ice loss in Greenland and Antarctica is limited, making it difficult for scientists to narrow the range of future sea level rise. Research on ecological responses to climate change is limited, as is understanding of social responses and how ecological and social responses will interact (Ch. 29).
There is also a section on creating a sustained climate assessment process to more efficiently collect and synthesize the rapidly evolving science and to help supply timely and relevant information to decision-makers. Results from all of these efforts will continue to build our understanding of the interactions of human and natural systems in the context of a changing climate (Ch. 30).
Report Findings
1. Global climate is changing, and this is apparent across the U.S. in a wide range of observations. The climate change of the past 50 years is due primarily to human activities, predominantly the burning of fossil fuels.
U.S. average temperature has increased by about 1.5°F since 1895, with more than 80% of this increase occurring since 1980. The most recent decade was the nation’s warmest on record. Because human-induced warming is superimposed on a naturally varying climate, rising temperatures are not evenly distributed across the country or over time (Ch. 2).
2. Some extreme weather and climate events have increased in recent decades, and there is new and stronger evidence that many of these increases are related to human activities.
Changes in extreme events are the primary way in which most people experience climate change. Human-induced climate change has already increased the frequency and intensity of some extremes. Over the last 50 years, much of the U.S. has seen an increase in prolonged stretches of excessively high temperatures, more heavy downpours, and in some regions more severe droughts (Ch. 2, 16, 17, 18, 19, 20, 23).
3. Human-induced climate change is projected to continue and accelerate significantly if emissions of heat-trapping gases continue to increase.
Heat-trapping gases already in the atmosphere have committed us to a hotter future with more climate-related impacts over the next few decades. The magnitude of climate change beyond the next few decades depends primarily on the amount of heat-trapping gases emitted globally, now and in the future (Ch. 2, 27).
4. Impacts related to climate change are already evident in many sectors and are expected to become increasingly challenging across the nation throughout this century and beyond.
Climate change is already affecting human health, infrastructure, water resources, agriculture, energy, the natural environment, and other factors – locally, nationally, and internationally. Climate change interacts with other environmental and societal factors in a variety of ways that either moderate or exacerbate the ultimate impacts. The types and magnitudes of these effects vary across the nation and through time. Several populations – including children, the elderly, the sick, the poor, tribes and other indigenous people – are especially vulnerable to one or more aspects of climate change. There is mounting evidence that the costs to the nation are already high and will increase very substantially in the future, unless global emissions of heat-trapping gases are strongly reduced (Ch. 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 32 11, 12, 13, 14, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25).
5. Climate change threatens human health and well-being in many ways, including impacts from increased extreme weather events, wildfire, decreased air quality, diseases transmitted by insects, food, and water, and threats to mental health.
Climate change is increasing the risks of heat stress, respiratory stress from poor air quality, and the spread of waterborne diseases. Food security is emerging as an issue of concern, both within the U.S. and across the globe, and is affected by climate change. Large-scale changes in the environment due to climate change and extreme weather events are also increasing the risk of the emergence or reemergence of unfamiliar health threats (Ch. 2, 6 , 9, 11, 12, 16, 19, 20, 22, 23).
6. Infrastructure across the U.S. is being adversely affected by phenomena associated with climate change, including sea level rise, storm surge, heavy downpours, and extreme heat.
Sea level rise and storm surges, in combination with the pattern of heavy development in coastal areas, are already resulting in damage to infrastructure such as roads, buildings, ports, and energy facilities. Infrastructure associated with military installations is also at risk from climate change impacts. Floods along the nation’s rivers, inside cities, and on lakes following heavy downpours, prolonged rains, and rapid melting of snowpack are damaging infrastructure in towns and cities, farmlands, and a variety of other places across the nation. Extreme heat is damaging transportation infrastructure such as roads, rail lines, and airport runways. Rapid warming in Alaska has resulted in infrastructure impacts due to thawing of permafrost and the loss of coastal sea ice that once protected shorelines from storms and wave-driven coastal erosion (Ch. 2, 3, 5, 6, 11, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 25).
7. Reliability of water supplies is being reduced by climate change in a variety of ways that affect ecosystems and livelihoods in many regions, particularly the Southwest, the Great Plains, the Southeast, and the islands of the Caribbean and the Pacific, including the state of Hawai`i.
Surface and groundwater supplies in many regions are already stressed by increasing demand for water as well as declining runoff and groundwater recharge. In many regions, climate change increases the likelihood of water shortages and competition for water among agricultural, municipal, and environmental uses. The western U.S. relies heavily on mountain snowpack for water storage, and spring snowpack is declining in most of the West. There is an increasing risk of seasonal water shortages in many parts of the U.S., even where total precipitation is projected to increase. Water quality challenges are also increasing, particularly sediment and contaminant concentrations after heavy downpours (Ch. 2, 3, 12, 26 16, 17, 18, 19, 20, 21, 23).
8. Adverse impacts to crops and livestock over the next 100 years are expected. Over the next 25 years or so, the agriculture sector is projected to be relatively resilient, even though there will be increasing disruptions from extreme heat, drought, and heavy downpours. U.S. food security and farm incomes will also depend on how agricultural systems adapt to climate changes in other regions of the world.
Near-term resilience of U.S. agriculture is enhanced by adaptive actions, including expansion of irrigated acreage in response to drought, regional shifts in crops and cropped acreage, continued technological advancements, and other adjustments. By mid-century, however, when temperature increases and precipitation extremes are further intensified, yields of major U.S. crops are expected to decline, threatening both U.S. and international food security. The U.S. food system also depends on imports, so food security and commodity pricing will be affected by agricultural adaptation to climate changes and other conditions around the world (Ch. 2, 6, 12, 13, 14, 18, 19).
9. Natural ecosystems are being directly affected by climate change, including changes in biodiversity and location of species. As a result, the capacity of ecosystems to moderate the consequences of disturbances such as droughts, floods, and severe storms is being diminished.
In addition to climate changes that directly affect habitats, events such as droughts, floods, wildfires, and pest outbreaks associated with climate change are already disrupting ecosystem structures and functions in a variety of direct and indirect ways. These changes limit the capacity of ecosystems such as forests, barrier beaches, and coastal- and freshwater-wetlands to adapt and continue to play important roles in reducing the impacts of these extreme events on infrastructure, human communities, and other valued resources (Ch. 2, 3, 10 6, 7, 8, 10, 11, 14, 15, 19, 25).
10. Life in the oceans is changing as ocean waters become warmer and more acidic. 
Warming ocean waters and ocean acidification across the globe and within U.S. marine territories are broadly affecting marine life. Warmer and more acidic waters are changing the distribution of fish and other mobile sea life, and stressing those, such as corals, that cannot move. Warmer and more acidic ocean waters combine with other stresses, such as overfishing and coastal and marine pollution, to negatively affect marine-based food production and fishing communities (Ch. 2, 23, 24, 25).
11. Planning for adaptation (to address and prepare for impacts) and mitigation (to reduce emissions) is increasing, but progress with implementation is limited.
In recent years, climate adaptation and mitigation activities have begun to emerge in many sectors and at all levels of government; however barriers to implementation of these activities are significant. The level of current efforts is insufficient to avoid increasingly serious impacts of climate change that have large social, environmental, and economic consequences. Well-planned and implemented actions to limit emissions and increase resilience to impacts that are unavoidable can improve public health, economic development opportunities, natural system protection, and overall quality of life (Ch. 6, 7, 8, 9, 10, 13, 15, 27 26, 27, 28).
 
Table 1.1: Regional Observations of Climate Change 
Northeast
Heat waves, coastal flooding due to sea level rise and storm surge, and river flooding due to more extreme precipitation events are affecting communities in the region.
Southeast
Decreased water availability, exacerbated by population growth and land-use change, is causing increased competition for water; risks associated with extreme events like hurricanes are increasing.
Midwest
Longer growing seasons and rising carbon dioxide levels are increasing yields of some crops, although these benefits have already been offset in some instances by occurrence of extreme events such as heat waves, droughts, and floods.
Great Plains
Rising temperatures are leading to increased demand for water and energy and impacts on agricultural practices.
Southwest
Drought and increased warming have fostered wildfires and increased competition for scarce water resources for people and ecosystems.
Northwest
Changes in the timing of streamflow related to earlier snowmelt have already been observed and are reducing the supply of water in summer, causing far-reaching ecological and socioeconomic consequences.
Alaska
Summer sea ice is receding rapidly, glaciers are shrinking, and permafrost is thawing, causing damage to infrastructure and major changes to ecosystems; impacts to Alaska native communities are increasing.
Hawaii
Increasingly constrained freshwater supplies, coupled with increased temperatures, are stressing both people and ecosystems, and decreasing food and water security.
Coasts
Coastal lifelines, such as water supply infrastructure and evacuation routes, are increasingly vulnerable to higher sea levels and storm surges, inland flooding, and other climate-related changes.
Oceans
The oceans are currently absorbing about a quarter of human-caused carbon dioxide emissions to the atmosphere and over 90% of the heat associated with global warming, leading to ocean acidification and the alteration of marine ecosystems.
 

Os EUA Enfim se Rendem

O Mais Extenso Relatório
Sobre Mudanças  Climáticas:
 1.300 Páginas, 240 Cientistas Envolvidos
 
Consta do relatório que “As mudanças climáticas,
antes consideradas um conjunto de eventos para o futuro distante,
moveram-se com firmeza para o presente.”

 
blog do professor paulo márcio
economia&arte
 

Por Luiz Prado
04.05.2014
 
A Casa Branca divulgará, nos próximos dias ou semanas, um relatório sobre os impactos das mudanças climáticas nos EUA com cerca de 1.300 páginas, produzido por mais de 240 renomados cientistas norte-americanos. Uma das principais consequências do relatório será a gigantesca alavancagem do desenvolvimento científico e tecnológico nesse campo, algo que já vinha acontecendo nos EUA, mas sem dúvida se amplificará muito.
 
"As mudanças climáticas, antes consideradas um conjunto de eventos para o futuro distante, moveu-se com firmeza para o presente. As evidências são visíveis desde a mais alta atmosfera até o fundo dos oceanos. Os norte-americanos estão percebendo as mudanças climáticas em todos os lugares à sua volta. Os verões estão mais longos e quentes, e os períodos de calor extremo se estendem mais do que qualquer norte-americano jamais experimentou. Os invernos tornaram-se mais curtos e quentes. A chuva chega em pesadas tempestades, embora em muitas regiões ocorram prolongadas secas entre elas." – afirma o relatório preliminar (que se encontra disponível para download em sua totalidade e em capítulos, já que o arquivo completo é muito pesado, com 147 MB).
 
O relatório afirma que a temperatura média nos EUA subiu 0,8º C desde o início dos registros, em 1895, mas que desse aumento cerca de 6,4º C ocorreram depois de 1980. A última década foi a mais quente da história dos EUA desde o início das medições. A temperaturas estão subindo mais rapidamente do que a média nas latitudes mais altas, como no Alaska.
 
"Períodos de extremo calor, que batem todos os recordes, estão acontecendo até mesmo à noite, e espera-se que ocorram mais secas e incêndios por combustão espontânea no sudoeste. Ao mesmo tempo, o nordeste (dos EUA), o meio-oeste e os estados situados nas Grandes Planícies verão aumentar as tempestades e as enchentes." – afirma o relatório (de acordo com a mesma fonte).
 
Aqueles que vivem na costa atlântica, no golfo do México e no Alaska já sentem os efeitos da elevação do nível dos mares e da maior intensidade e frequências das tempestades. Eles devem se preparar o aumento dessas ocorrências. Os que residem na Flórida, onde enchentes já são constantes durante as tempestades, devem se preparar para a intensificação desses fenômenos. O mesmo pode ser dito das pessoas que vivem no interior às margens de rios.
 
Algumas mudanças já estão tendo efeitos mensuráveis na produção de alimentos e na saúde pública, afirma o relatório.
 
Por determinação do Congresso, esse tipo de relatório deveria ser produzido a cada quatro anos, mas isso nunca ocorreu antes, desde o período de George W. Bush ou no primeiro mandato de Obama.
 
Logo saberemos se o relatório norte-americano estará à altura de estudos semelhante produzidos em outros países, como o coordenado por por Sir Nicholas Stern e contratado pelo Banco Central da Inglaterra (UK Treasury) e os de outros países. E, além disso, se os EUA estarão dispostos a cooperar ao menos com a Europa ou se tentarão apenas transformar o assunto em mais uma "área de negócios" puramente comerciais.
 
Há informações de que a Casa Branca pretende fazer uma série de eventos para assegurar a máxima divulgação do relatório. De fato, a página da Casa Branca já tem toda uma área com informações de fácil visualização sobre o tema. Pelo jeito, Obama ousou escolher as mudanças climáticas como um dos assuntos principais, senão o mais importante, de seus dois anos de mandato.
 
Muitas coisas diferenciam os países, mas que mais diferencia a riqueza de um para o outro é o conhecimento. O conhecimento científico,a capacidade de organizar esse conhecimento científico de maneira a gerar e a disseminar tecnologias úteis.
 
***
 
E no Brasil? Onde foram feitos avanços relacionados à proteção da nação ou iniciativas orientadas para uma sociedade de transição para uma nova realidade? As políticas de segurança alimentar resumem-se ao programa Bolsa Família? E as políticas estaduais para os extremos climáticos, onde estão?
 
EUA – Grandes Avanços no Controle da Poluição Atmosférica
 
A Corte Suprema dos EUA acaba de conceder à Agência de Proteção Ambiental – EPA, na sigla em inglês – o poder de regulamentar as emissões de de óxidos de nitrogênio, de dióxido de enxôfre e particulados (poeira) – entre outros poluentes – quando atingirem estados diferentes daqueles em que se originaram.
 
Fala-se numa vitória de Obama – e não deixa de ser - mas a verdade é que a EPA luta por essa proposta desde Clinton, sempre esbarrando com a oposição republicana, mais ligada à indústria do petróleo e da geração de energia termelétrica a carvão.
 
A decisão da Corte Suprema foi aprovada por 6 votos a 2 (o número de juízes da mais alta Corte norte-americano é estabelecido pelo Congresso e nunca ultrapassou a marca de 10 magistrados).
 
A juíza Ruth Joan Bader Ginsburg, de 81 anos, encarregada de redigir a opinião da maioria da Corte, afirmou, em seu texto, que a fórmula proposta pela EPA para tratar do problema das emissões que atravessam fronteiras estaduais é "lícita, factível e equitativa".
 
O resultado é que cerca de 1.000 termelétricas vão ter que adotar novos controles de poluição atmosférica.
 
As grandes empresas geradoras de energia elétrica, como a Southern Company e a American Electric Power Company – mega-poluidoras que sempre doaram dinheiro para ONGs colocassem a responsabilidade pelas mudanças climáticas no desmatamento em outros países – e os estados onde a indústria de combustíveis fósseis é mais poderosa – Texas, Michigan, Ohio – moveram ações judiciais para bloquear as novas regras, até que a Corte de Apelações de Washington DC suspendeu qualquer decisão em 2012.
 
A decisão bloqueia qualquer iniciativas de qualquer estado para criar os seus próprios planos de redução da poluição que atravesse suas fronteiras. A Corte entendeu que isso resultaria num "dispendioso excesso de regulamentação" e que a proposta da EPA adequava-se à Regra da Boa Vizinhança.
 
A Associação Norte-Americana dos Pulmões, que participou da ação no polo ativo, aplaudiu a decisão. Quando aprovou a atual regra, em 2011, a EPA argumentou que as emissões das termelétricas são responsáveis por 34.000 mortes prematuras e 400.000 ataques de asma por anos.
 
***
 
Os EUA, de longe o país responsável pelas maiores emissões de gases causadores de mudanças climáticas per capita, mesmo exportando grande parte de sua produção para a China e outros países, nunca subscreveu a qualquer tratado internacional para reduzir essas emissões.
 
***
 
A sentença redigida pela juíza Ruth Ginsburg no dia 29/04/2014 já se encontra disponível na página da Suprema Corte dos EUA (páginas 6 a 37, na versão em PDF, seguida do voto discordante do juiz Antonin Scalia).
Mudanças no clima do Brasil até 2100

 
                                                                                                                                            Mais calor, menos chuva no Norte e Nordeste do país
e mais chuva no Sul e Sudeste são algumas das projeções do Relatório de Avaliação Nacional do
Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas
                               

blog do professor paulo márcio
economia&arte
 
Agência FAPESP

Por Elton Alisson*
10.09.2013
 
Agência FAPESP – O clima no Brasil nas próximas décadas deverá ser mais quente – com aumento gradativo e variável da temperatura média em todas as regiões do país entre 1 ºC e 6 ºC até 2100, em comparação à registrada no fim do século 20.

No mesmo período, também deverá diminuir significativamente a ocorrência de chuvas em grande parte das regiões central, Norte e Nordeste do país. Nas regiões Sul e Sudeste, por outro lado, haverá um aumento do número de precipitações.
As conclusões são do primeiro Relatório de Avaliação Nacional (RAN1) do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), cujo sumário executivo foi divulgado nesta segunda-feira (09/08), durante a 1ª Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais (Conclima). Organizado pela FAPESP e promovido com a Rede Brasileira de Pesquisa e Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC), o evento ocorre até a próxima sexta-feira (13/09), no Espaço Apas, em São Paulo.

De acordo com o relatório, tendo em vista que as mudanças climáticas e os impactos sobre as populações e os setores econômicos nos próximos anos não serão idênticos em todo o país, o Brasil precisa levar em conta as diferenças regionais no desenvolvimento de ações de adaptação e mitigação e de políticas agrícolas, de geração de energia e de abastecimento hídrico para essas diferentes regiões.

Dividido em três partes, o Relatório 1 – em fase final de elaboração – apresenta projeções regionalizadas das mudanças climáticas que deverão ocorrer nos seis diferentes biomas do Brasil até 2100, e indica quais são seus impactos estimados e as possíveis formas de mitigá-los.
 
As projeções foram feitas com base em revisões de estudos realizados entre 2007 e início de 2013 por 345 pesquisadores de diversas áreas, integrantes do PBMC, e em resultados científicos de modelagem climática global e regional.

 
"O Relatório está sendo preparado nos mesmos moldes dos relatórios publicados pelo Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas [IPCC, na sigla em inglês], que não realiza pesquisa, mas avalia os estudos já publicados", disse José Marengo, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e coordenador do encontro.

"Depois de muito trabalho e interação, chegamos aos resultados principais dos três grupos de trabalho [Bases científicas das mudanças climáticas; Impactos, vulnerabilidades e adaptação; e Mitigação das mudanças climáticas]", ressaltou.

Principais conclusões

 
Uma das conclusões do relatório é de que os eventos extremos de secas e estiagens prolongadas, principalmente nos biomas da Amazônia, Cerrado e Caatinga, devem aumentar e essas mudanças devem se acentuar a partir da metade e no fim do século 21.

A temperatura na Amazônia deverá aumentar progressivamente de 1 ºC a 1,5 ºC até 2040 – com diminuição de 25% a 30% no volume de chuvas –, entre 3 ºC e 3,5 ºC no período de 2041 a 2070 – com redução de 40% a 45% na ocorrência de chuvas –, e entre 5 ºC a 6 ºC entre 2071 a 2100.

Enquanto as modificações do clima associadas às mudanças globais podem comprometer o bioma em longo prazo, a questão atual do desmatamento decorrente das intensas atividades de uso da terra representa uma ameaça mais imediata para a Amazônia, ponderam os autores do relatório.

Os pesquisadores ressaltam que estudos observacionais e de modelagem numérica sugerem que, caso o desmatamento alcance 40% na região no futuro, haverá uma mudança drástica no padrão do ciclo hidrológico, com redução de 40% na chuva durante os meses de julho a novembro – o que prolongaria a duração da estação seca e provocaria o aquecimento superficial do bioma em até 4 ºC.

Dessa forma, as mudanças regionais decorrentes do efeito do desmatamento se somariam às provenientes das mudanças globais e constituíram condições propícias para a savanização da Amazônia – problema que tende a ser mais crítico na região oriental, ressaltam os pesquisadores.

"As projeções permitirão analisar melhor esse problema de savanização da Amazônia, que, na verdade, percebemos que poderá ocorrer em determinados pontos da floresta, e não no bioma como um todo, conforme previam alguns estudos", destacou Tércio Ambrizzi, um dos autores coordenadores do sumário executivo do grupo de trabalho sobre a base científica das mudanças climáticas.

A temperatura da Caatinga também deverá aumentar entre 0,5 ºC e 1 ºC e as chuvas no bioma diminuirão entre 10% e 20% até 2040. Entre 2041 e 2070 o clima da região deverá ficar de 1,5 ºC a 2,5 ºC mais quente e o padrão de chuva diminuir entre 25% e 35%. Até o final do século, a temperatura do bioma deverá aumentar progressivamente entre 3,5 ºC e 4,5 ºC e a ocorrência de chuva diminuir entre 40% e 50%. Tais mudanças podem desencadear o processo de desertificação do bioma.

Por sua vez, a temperatura no Cerrado deverá aumentar entre 5 ºC e 5,5 ºC e as chuvas diminuirão entre 35% e 45% no bioma até 2100. No Pantanal, o aquecimento da temperatura deverá ser de 3,5ºC a 4,5ºC até o final do século, com diminuição acentuada dos padrões de chuva no bioma – com queda de 35% a 45%.

Já no caso da Mata Atlântica, como o bioma abrange áreas desde a região Sul do país, passando pelo Sudeste e chegando até o Nordeste, as projeções apontam dois regimes distintos de mudanças climáticas.

Na porção Nordeste deve ocorrer um aumento relativamente baixo na temperatura – entre 0,5 ºC e 1 ºC – e decréscimo nos níveis de precipitação (chuva) em torno de 10% até 2040. Entre 2041 e 2070, o aquecimento

do clima da região deverá ser de 2 ºC a 3 ºC, com diminuição pluviométrica entre 20% e 25%. Já para o final do século – entre 2071 e 2100 –, estimam-se condições de aquecimento intenso – com aumento de 3 ºC a 4 ºC na temperatura – e diminuição de 30% a 35% na ocorrência de chuvas.

Nas porções Sul e Sudeste as projeções indicam aumento relativamente baixo de temperatura entre 0,5 ºC e 1 ºC até 2040, com aumento de 5% a 10% no número de chuva. Entre 2041 e 2070 deverão ser mantidas as tendências de aumento gradual de 1,5 ºC a 2 ºC na temperatura e de 15% a 20% de chuvas.

Tais tendências devem se acentuar ainda mais no final do século, quando o clima deverá ficar entre 2,5 ºC e 3 ºC mais quente e entre 25% e 30% mais chuvoso.

Por fim, para o Pampa, as projeções indicam que até 2040 o clima da região será entre 5% e 10% mais chuvoso e até 1 ºC mais quente. Já entre 2041 e 2070, a temperatura do bioma deverá aumentar entre 1 ºC e 1,5 ºC e haverá uma intensificação das chuvas entre 15% e 20%. As projeções para o clima da região no período entre 2071 e 2100 são mais agravantes, com aumento de temperatura de 2,5 ºC a 3 ºC e ocorrência de chuvas entre 35% e 40% acima do normal.

"O que se observa, de forma geral, é que nas regiões Norte e Nordeste do Brasil a tendência é de um aumento de temperatura e de diminuição das chuvas ao longo do século", resumiu Ambrizzi.

"Já nas regiões mais ao Sul essa tendência se inverte: há uma tendência tanto de aumento da temperatura – ainda que não intenso – e de precipitação", comparou.

Impactos e adaptação


As mudanças nos padrões de precipitação nas diferentes regiões do país, causadas pelas mudanças climáticas, deverão ter impactos diretos na agricultura, na geração e distribuição de energia e nos recursos hídricos das regiões, uma vez que a água deve se tornar mais rara nas regiões Norte e Nordeste e mais abundante no Sul e Sudeste, alertam os pesquisadores.

Por isso, será preciso desenvolver ações de adaptação e mitigação específicas e rever decisões de investimento, como a construção de hidrelétricas nas regiões leste da Amazônia, onde os rios poderão ter redução da vazão da ordem de até 20%, ressalvaram os pesquisadores.

"Essas variações de impactos mostram que qualquer tipo de estratégia planejada para geração de energia no leste da Amazônia está ameaçada, porque há uma série de fragilidades", disse Eduardo Assad, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

"Dará para contar com água. Mas até quando e onde encontrar água nessas regiões são incógnitas", disse o pesquisador, que é um dos coordenadores do Grupo de Trabalho 2 do relatório, sobre Impactos, vulnerabilidades e adaptação.

De acordo com Assad, é muito caro realizar ações de adaptação às mudanças climáticas no Brasil em razão das fragilidades que o país apresenta tanto em termos naturais – com grandes variações de paisagens – como socioeconômicas.

"A maior parte da população brasileira – principalmente a que habita as regiões costeiras do país – está vulnerável aos impactos das mudanças climáticas. Resolver isso não será algo muito fácil", estimou.

Entre os setores econômicos do país, segundo Assad, a agricultura é um dos poucos que vêm se adiantando para se adaptar aos impactos das mudanças climáticas.
"Já estamos trabalhando com condições de adaptação há mais de oito anos. É possível desenvolver cultivares tolerantes a temperaturas elevadas ou à deficiência hídrica [dos solos], disse Assad.

O pesquisador também ressaltou que os grupos populacionais com piores condições de renda, educação e moradia sofrerão mais intensamente os impactos das mudanças climáticas no país. "Teremos que tomar decisões rápidas para evitar que tragédias aconteçam."


Mitigação


Mercedes Bustamante, professora da Universidade de Brasília (UnB), e uma das coordenadoras do Grupo de Trabalho 3, sobre Mitigação das Mudanças Climáticas, apresentou uma síntese de estudos e pesquisas sobre o tema, identificando lacunas do conhecimento e direcionamentos futuros em um cenário de aquecimento global.

Bustamante apontou que a redução das taxas de desmatamento entre 2005 e 2010 – de 2,03 bilhões de toneladas de CO2 equivalente para 1,25 bilhão de toneladas – já teve efeitos positivos na redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) decorrentes do uso da terra.

"As emissões decorrentes da geração de energia e da agricultura, no entanto, aumentaram em termos absolutos e relativos, indicando mudanças no perfil das emissões brasileiras", disse.

Mantidas as políticas atuais, a previsão é de que as emissões decorrentes dos setores de energia e de transportes aumentem 97% até 2030. Será preciso mais eficiência energética, mais inovação tecnológica e políticas de incentivo ao uso de energia renovável para reverter esse quadro.

Na área de transporte, as recomendações vão desde a transformação de um modal – fortemente baseado no transporte rodoviário – e o uso de combustíveis tecnológicos. "É preciso transferir do individual para o coletivo, investindo, por exemplo, em sistemas aquaviários e em veículos elétricos e híbridos", ressaltou Bustamante.

O novo perfil das emissões de GEE revela uma participação crescente do metano – de origem animal – e do óxido nitroso – relacionado ao uso de fertilizantes. "Apesar desses resultados, a agricultura avançou no desenvolvimento de estratégias de mitigação e adaptação", ponderou.

Para a indústria, responsável por 4% das emissões de GEE, a lista de recomendações para a mitigação passa pela reciclagem, pela utilização de biomassa renovável, pela cogeração de energia, entre outros.

As estratégias de mitigação das mudanças climáticas exigem, ainda, uma revisão do planejamento urbano de forma a garantir a sustentabilidade também das edificações de forma a controlar, por exemplo, o consumo da madeira e garantir maior eficiência energética na construção civil.

Informação para a sociedade

Os pesquisadores participantes da redação do relatório destacaram que, entre as virtudes do documento, está a de reunir dados de estudos científicos realizados ao longo dos últimos anos no Brasil que estavam dispersos e disponibilizar à sociedade e aos tomadores de decisão informações técnico-científicas críveis capazes de auxiliar no desenvolvimento de estratégias de adaptação e mitigação para os possíveis impactos das mudanças climáticas.

"Nós, cientistas, temos o desafio de conseguir traduzir a seriedade e a gravidade do momento e as oportunidades que as mudanças climáticas globais encerram para a sociedade. Sabemos que a inação

representa a ação menos inteligente que a sociedade pode tomar", disse Paulo Nobre, coordenador da Rede Clima.

Por sua vez, Celso Lafer, presidente da FAPESP, destacou, na abertura do evento, que a Fundação tem interesse especial nas pesquisas sobre mudanças climáticas, expresso no Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), mantido pela instituição.

"Uma das preocupações básicas da FAPESP é pesquisar e averiguar o impacto das mudanças climáticas globais naquilo que afeta as especificidades do Brasil e do Estado de São Paulo", afirmou.

Também participaram da abertura do evento Bruno Covas, secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (Seped) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e Paulo Artaxo, membro da coordenação do PFPMCG.

Carlos Nobre ressaltou que o relatório será a principal fonte de informações que orientará o Plano Nacional de Mudanças Climáticas que, no momento, está em revisão.

"É muito importante que os resultados desse estudo orientem os trabalhos em Brasília e em várias partes do Brasil, em um momento crítico de reorientar a política nacional, que tem de ir na direção de tornar a economia, a sociedade e o ambiente mais resilientes às inevitáveis mudanças climáticas que estão por vir", afirmou.

Segundo ele, o Brasil já sinalizou compromisso com a mitigação, materializado na Política Nacional de Mudanças Climáticas e que prevê redução de 10% e 15% das emissões entre 2010 e 2020, respectivamente, relativamente a 2005.

"São Paulo lançou, em 2009, um programa ambicioso, de redução de 20% das emissões, já que a questão da mudança no uso da terra não é uma questão tão importante no Estado, mas sim o avanço tecnológico na geração de energia e em processos produtivos. O Brasil é o único país em desenvolvimento com metas voluntárias para redução de emissões".

Ele ressaltou, entretanto, que "a adaptação ficou desassistida". "Não é só mitigar; é preciso também se adaptar às mudanças climáticas. As três redes de pesquisa – Clima, INCT e FAPESP – avançam na adaptação, que é o guia para o desenvolvimento sustentável."
* Colaboraram Claudia Izique e Noêmia Lopes