quarta-feira, 18 de março de 2015

Lavajatômetro (I)
                                                             
A inauguração do National debt clock, em Nova Iorque, em 1989,
que exibe a evolução do déficit público norte americano em tempo real,
desencadeou uma onda de medidores semelhantes, sobre assuntos diversos.
No Brasil, o Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo é,
possivelmente, o mais conhecido deles.

Para cooperar com quem não quer perder as contas das empresas que respondem a processos administrativos de responsabilização instaurados pela CGU, apresentamos o “Lavajatômetro”. Acompanha um breve trecho do credo corporativo de cada uma delas, publicado pelas próprias.

blog do professor paulo márcio
economia&arte

coluna EMPRESA-CIDADÃ
Quarta-feira, 18 de março de 2015
Paulo Márcio de Mello*


As empresas seguintes (em ordem alfabética) são alvo de processo administrativo de responsabilização por parte da Controladoria Geral da União (CGU), por suspeita de envolvimento na operação “Lava Jato”. Não perca as contas.

1. Alumni Engenharia.
(Site não encontrado)

2.Andrade Gutierrez.
Em www.andradegutierrez.com.br, constam os “12 princípios que expressam o modo Andrade Gutierrez de ser e produzir”, a saber.

(1)“Dedique-se à gente”; (2)“Seja meritocrático”; (3)“Tenha espírito de dono”; (4)“Pense grande”; (5)“Busque o autodesenvolvimento”; (6)“Faça e exija tudo bem feito e com qualidade”; (7)“Trabalhe de forma produtiva”; (8)“Entenda profundamente nossos clientes e transforme isso em valor”; (9)“Cultive relacionamentos de longo prazo”; (10)“Cultive e proteja nossa reputação”; (11)“Lute incansavelmente por rentabilidade”; e (12)“Defenda e dissemine nossa cultura, todos os dias, em todas as suas ações.”

3.Camargo Corrêa.
Em www.camargocorrea.com.br, Código de conduta empresarial, estão os “valores permanentes que o Grupo Camargo Corrêa adota”, “originários da sua história e de sua prática”. (1)“Respeito às pessoas e ao meio ambiente”; (2)“Atuação responsável; (3)“Transparência”; (4)“Foco no resultado”; e (5)“Qualidade e inovação.”

4.Engevix.
Em www.engevix.com.br, Política, a empresa afirma que seu compromisso é “compatibilizar suas atividades com a melhoria contínua da qualidade, prevenção de impactos ao meio ambiente, riscos de segurança e a melhoria da saúde ocupacional, sempre de forma continuada, através de ações promovidas junto a sua força de trabalho e a seus associados, fornecedores, parceiros e terceiros, respeitando os direitos humanos e promovendo o desenvolvimento sustentável. Este compromisso implica no cumprimento da legislação, das normas e dos requisitos contratuais, de acordo com os seguintes princípios: (1)“Satisfação de clientes”; (2)“Qualidade, Saúde, Segurança e Meio Ambiente; (3)“Educação e Motivação”; (4)“Responsabilidade e Integridade; (5)“Redução e Prevenção”; e (6)“Melhoria Contínua”.

5.Fidens Engenharia.
Em www.fidens.com.br, Política, a empresa relaciona como seus compromissos (1)“Surpreender positivamente o cliente, através da realização de projetos eficazes e eficientes; (2) “Gerar o lucro planejado, garantindo o retorno aos acionistas e o reconhecimento pelos serviços realizados; (3)“Manter a equipe de colaboradores comprometida e valorizada, com acesso à tecnologia de ponta; (4)“Preservar a saúde ocupacional de todas as pessoas que interagem com seus processos, prevenindo incidentes físicos e controlando os riscos do ambiente de trabalho; (5) “Minimizar os impactos ambientais significativos, por meio da prevenção da poluição e da racionalização da geração de resíduos e do consumo de insumos relativos às suas atividades; (6)“Atender à legislação vigente de segurança, medicina do trabalho, meio ambiente e outros requisitos aplicáveis e/ou subscritos pela empresa; e “Promover a melhoria contínua dos sistemas de gestão.

6.Galvão Engenharia.
Em www.galvão.com/missaovisaoevalores, o grupo enuncia como seus valores (1)“Valorização das pessoas”; (2) “Gestão ágil e compartilhada”; (3) “Excelência no serviço ao cliente”; (4)“Compromisso com resultados”; (5) “Responsabilidade com o meio ambiente e a comunidade”; (6)“Promoção da saúde e segurança”; e (7)“Compromisso com a transparência e com a ética.”

7.GDK.
Em www.gdksa.com/culturacorporativa, a empresa exibe como seus valores (1)“Compromisso - Cliente, sociedade, fornecedores e colaboradores; (2)“Qualidade - Segurança, Saúde, Meio Ambiente e Produto; (3)“III. Ética - Na conduta e no Relacionamento”; e (4) Humildade - Comportamento e Solicitude.

8.Iesa Óleo e Gás.
Em www.iesa.com.br, Identidade estratégica, o grupo identifica três “valores essenciais”, derivados de compromissos. (1)“Assegurar a excelência no desempenho, garantindo um padrão de atendimento que satisfaça, plenamente, às expectativas do cliente – interno e externo – constitui pré-requisito eliminatório da entrada e permanência de qualquer colaborador nos nossos quadros”. O valor essencial decorrente é “compromisso com a qualidade, segurança, meio ambiente, com a saúde no trabalho e com a responsabilidade social”; (2) “A postura digna e respeitosa nas relações com todos os públicos-alvo objetos de nossos relacionamentos deve caracterizar-se como um positivo diferencial do profissional da Iesa Óleo&Gás. Disso, não abriremos mão!”. O valor essencial decorrente é “respeito profissional”; e (3) “O zelo eo respeito no trato com a reputação institucional e com os propósitos da Iesa Óleo e Gás devem representar pontos de ‘não-transigência’ do comportamento de nossa equipe”. O valor essencial decorrente é “comprometimento com a imagem do negócio.”

(Continua com Mendes Junior; OAS; Odebrecht; Odebrecht Ambiental; Odebrecht Óleo e Gás; Promon Engenharia; Queiroz Galvão; Sanko Sider; SOG Óleo e Gás; e UTC-Constran. Por enquanto...)

Paulo Márcio de Mello
Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

A coluna EMPRESA-CIDADÃ é publicada, desde 2001, toda quarta-feira,
no centenário jornal Monitor Mercantil (www.monitormercantil.com.br).
São mais de 600 edições apresentando casos de empreendedores e empresas,
pesquisas, resenhas, editais ou agenda, relativos à sustentabilidade,
à responsabilidade social e ao desenvolvimento sustentável.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Deixados para trás
                                                             
Compreender a  realidade da pobreza crônica.
É a recomendação do Banco Mundial para quem tem
responsabilidade sobre políticas que pretendem combate-la.

blog do professor paulo márcio
economia&arte

coluna EMPRESA-CIDADÃ
Quarta-feira, 11 de março de 2015
Paulo Márcio de Mello*

u      Cerca de 130 milhões de latino-americanos, correspondendo a dois habitantes em cada grupo de dez, sobrevivem com menos do que o equivalente a US$ 4.00 diários, sem conhecer outra realidade por toda a vida.

u      Apesar do crescimento do produto interno não representar nenhuma garantia de melhora significativa por si só, a situação tende a se agravar, na medida em que o PIB regional mostra um recuo de cerca de 6%, em 2010, para 0.8%, em 2014. É o que consta do novo relatório do Banco Mundial, denominado “Left Behind, Chronic Poverty in Latin America and the Caribbean” (Deixados para trás: a pobreza crônica na América Latina e no Caribe)

u      Apesar do ciclo de políticas compensatórias praticadas por diferentes países da região nos últimos vinte anos, há uma crônica resistência da pobreza, explicada por restrições derivadas da desestruturação no âmbito familiar e pela insuficiência de serviços essenciais para reverter este trágico cenário, como motivação e qualificação profissionalizante, além de serviços básicos, como saneamento, abastecimento de água e políticas de desenvolvimento local, entre outros.

u      Entre as principais conclusões do relatório “Deixados para trás…” constam a de que há variações significativas no desempenho dos países da região. Assim, Uruguai, Argentina e Chile apresentam taxas mais baixas de pobreza crônica, situadas em torno de 10%.

u      Por outro lado, Nicarágua, Honduras e Guatemala registram taxas de pobreza crônica muito mais elevadas, em média de 21%. Entre Nicarágua e Guatemala, por exemplo, as taxas de pobreza crônica oscilam entre 37% e 50%, respectivamente.

u      Outra conclusão é a de que há variações acentuadas no interior dos países. Em um mesmo país, algumas regiões apresentam taxas de pobreza crônica até 8 vezes maiores do que as mais baixas. Cita o Brasil como exemplo, apontando para o estado de Santa Catarina, com a taxa de pobreza crônica em torno de 5%. Por outro lado, no Ceará esse índice chega a 40%.

u      A pobreza crônica, apesar de se apresentar mais alta na área rural, ocorre tanto nesta quanto na área urbana. Esta outra conclusão do estudo decorre da constatação de que em países como Chile, Brasil, México, Colômbia e República Dominicana, foram observados mais pobres crônicos nas áreas urbanas do que nas áreas rurais, entre 2004 e 2012.

u      No Peru, outro exemplo, os portadores de tuberculose vivem, em grande parte, nas favelas de Lima. Deles, 43% se mostraram propensos a abandonar o tratamento antes da cura, por se sentirem deprimidos com o diagnóstico. Foi criado então um programa para superar este obstáculo à cura. O programa oferece tratamento gratuito e disponibiliza psicólogos clínicos, com o objetivo de tratar a depressão. Oferece também apoio para identificar oportunidades de atividades capazes de promover a geração de renda para as pessoas afetadas pela doença.

u      Exemplos de bons programas de compensação social não faltam. É o caso do programa denominado “Chile Solidario”, ou o “Red Unidos”, na Colômbia, que empregam trabalhadores sociais para estabelecer um intercâmbio entre os beneficiários e os programas sociais que tratam das necessidades específicas das famílias.

u      O Banco Mundial propõe que os formuladores de políticas públicas na América Latina reavaliem o enfoque dos programas de redução da pobreza, com base no estudo, utilizando-o para melhor compreender a realidade da pobreza crônica e onde ela se localiza.

Instituto Ethisphere

Desde 2007, o Instituto Ethisphere, norte americano, relaciona as “empresas mais éticas do mundo”, aquelas que “vão além do discurso de que fazem negócios com ética e transformam palavras em ação”.
Apenas duas empresas brasileiras já apareceram no ranking, que é agrupado por setores produtivos.

A Natura figurou na primeira lista, de 2007, no setor de produtos de consumo, junto com as empresas Bright Horizons (EUA), Hindustan Lever (EUA), Kao Corporation (Japão) e Johnson & Sons (EUA). Depois desse ano, voltou ao ranking nos anos de 2011, 2012, 2013 e 2014.

Desde 2014, outra empresa brasileira, o Banco do Brasil, passou a constar do ranking, no setor dos bancos com atuação nacional. Em 2015, repetiu a inclusão na lista, como já noticiou o Monitor Mercantil, junto com o National Australia Bank e com o Australia Teachers Mutual Bank.

Foram destacadas 132 empresas, de 21 países e de mais de 50 setores de atividades. Entre as empresas, 15 foram ranqueadas em todos os nove anos de existência da distinção. A metodologia pontua as empresas em aspectos diversos de cinco requisitos: Ética e programa de compliance; Cidadania corporativa e responsabilidade socioambiental; Cultura para a Ética; Governança e Liderança, inovação e reputação.

Paulo Márcio de Mello
Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

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quarta-feira, 4 de março de 2015

Até você ?
                                                             
Um site deixa gigantes modernos,
como  Google e Apple,
de saia justa…

blog do professor paulo márcio
economia&arte

coluna EMPRESA-CIDADÃ
Quarta-feira, 4 de março de 2015
Paulo Márcio de Mello*

u      Tomando-se como referência as 500 maiores empresas brasileiras, verifica-se que, entre as funções executivas, 86,3% são exercidas por homens. Mulheres ocupavam 13,7% destas funções, em 2010. Desde 2001, quando os homens ocupavam 94% das funções executivas, há uma evolução progressiva, ainda que lenta, da participação feminina, de 6% em 2001, para 10,6% em 2005, e 11,5% em 2007.

u      Os números constam do estudo "Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas" (disponível em http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/arquivo/0-A-eb4Perfil_2010.pdf), realizado pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e Ibope Inteligência, com base em uma amostra extraída da relação das empresas classificadas na publicação "Melhores e Maiores 2009", editada pela revista Exame.

u      No âmbito gerencial, em 2010, ano da mais recente publicação da série, 77,9,% das funções foram ocupadas por homens e 22,1% por mulheres. Novamente, registra-se uma discreta evolução, desde o início da medição deste indicador, quando em 2003, mulheres ocuparam 18% das funções gerenciais. Em 2005, um salto discrepante mostrou 31% das funções gerenciais ocupadas por mulheres. A discrepância é parcialmente corrigida em 2007, quando o estudo consigna 24,6% de ocupação destas funções por mulheres, dado mais consistente com os 22,1% de funções gerenciais exercidas por mulheres em 2010.

u      No exercício das funções de supervisão, observa-se que mulheres ocupam 26,8% delas, em 2010. Em relação ao primeiro ano da série de observação, em 2003, quando a marca da presença feminina nestas funções era de 28%, registra-se uma discreta melhora. Na composição do elenco de funcionários deste conjunto das maiores empresas do país, observa-se uma redução da presença feminina, de 35% em 2003, para 33,1%, em 2010.

u      Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE; PNAD 2012) complementam este cenário de iniquidade. Na composição da população brasileira com 15 anos de idade ou mais, a participação das mulheres é de 52,1%. Nas faixas de escolaridade de 8 a 10 anos, o contingente feminino é 2,2% superior ao de homens, no intervalo de 11 a 14 anos de escolaridade, é 18% superior e, no de 15 anos ou mais de escolaridade, é 36,9% superior ao masculino.

u      Apesar de tudo, o rendimento médio mensal das mulheres corresponde à apenas 74% do valor do rendimento médio total.

Até você, Google ?

Em janeiro deste ano, foi lançado o site InHerSight, com o propósito de desnudar as desigualdades existentes nas empresas, que limitam as possibilidades de progressão funcional de mulheres, e de conciliar maternidade e carreira, entre outros temas.

Inicialmente, o site utiliza-se de um questionário simples e de rápido preenchimento, através de questões sobre facilidades proporcionadas (ou negadas) para a trabalhadora ser mãe, em uma escala de um a cinco. Quem se interessar também poderá fazer comentários sobre a empresa. A criação é de Ursula Mead, mãe e operadora de mercado financeiro. Ela estuda a possibilidade de tornar o site uma ferramenta que possa ser utilizada também em outros países, além dos EUA.

Apesar do pouco tempo de existência, algumas reflexões já podem ser feitas. Exemplo é o caso do Google, uma empresa situada entre as que tratam bem as mulheres. Ela obteve 4,8 (em 5,0) no aspecto condições para ser mãe e 4,7 em apoio para o crescimento familiar. Onde está o ponto mais fraco do Google, porém? Na representação feminina em cargos de alta direção, com nota 2,9. Curiosamente, a Apple também teve neste aspecto a sua menor pontuação (2,7).

Em seu propósito, o site InHerSight não pretende apurar dados estatisticamente exatos, nem se limitar à discussão sobre direitos formalmente conquistados. Se uma mulher sente algum constrangimento em utilizar-se plenamente do período de uma licença maternidade, por exemplo, há algum dente na engrenagem da empresa que não se encaixa adequadamente no sulco. O que o InHerSight pretende é fomentar o debate sobre a igualdade de oportunidades nas corporações.

Paulo Márcio de Mello
Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

A coluna EMPRESA-CIDADÃ é publicada, desde 2001, toda quarta-feira,
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pesquisas, resenhas, editais ou agenda, relativos à sustentabilidade,

à responsabilidade social e ao desenvolvimento sustentável.