Pode ser melhor. Ou pior...
Quarta-feira, 31 de julho de 2013
coluna EMPRESA-CIDADÃ
Paulo Márcio de Mello*
► O Brasil
aparece no 69º lugar na divulgação mais recente do Índice de Percepção da
Corrupção. Desde 1995, o ranking é divulgado anualmente pela ONG Transparência
Internacional, que atribui notas, em uma escala de 0 (maior corrupção) a 100
(menor corrupção) a 176 países. A nota do Brasil, em 2012, foi 43, a mesma
alcançada pela África do Sul e Macedônia.
► Segundo a Transparência Internacional, trata-se de
um indicador de percepção subjetiva da corrupção, porque corrupção não deixa
evidências empíricas para serem apuradas. A nota obtida
pelo Brasil foi 3,3 (70º
lugar), em 2006; 3,5 (72º lugar), em 2007; 3,5 (80º lugar), em
2008; 3,7 (75º lugar), em 2009; 3,7 (69º lugar), em 2010; e 3,8 (73º lugar), em
2011.
► Dos 176 países avaliados, 53 obtiveram nota
superior a 50. A nota média entre os
ranqueados é de 43,3 pontos. Na Europa, a pior nota é da Ucrânia (144ª posição
na lista), com 26 pontos. A pior colocação na África é da Somália (174ª
posição), com nota 8, mesma nota e colocação dos piores na Ásia, Afeganistão e
Coréia do Norte. Na Oceania, Papua Nova
Guiné (150ª posição) segura a lanterna, com nota 25, enquanto nas Américas,
Haiti e Venezuela, ambos com 19 pontos, ocupam as piores posições.
► Em seus respectivos continentes, lideram nas
melhores posições o Canadá, com 84 pontos (na 9ª colocação geral), Botsuana,
com nota 65 (30ª colocação), Cingapura, com nota 87 (5ª colocação entre os 176
países), e Nova Zelândia, que com 90 pontos, atingiu o 1º lugar geral.
► Na América do
Sul, com resultados acima do Brasil estão Chile e Uruguai, ambos com 72 pontos
e empatados na 20ª posição geral. Abaixo do Brasil estão o Peru, com nota 38 e
na 83ª posição entre os 176 países; o Suriname, com 37 pontos (na 88ª
colocação); Colômbia, com 36 pontos (94ª); Argentina, com nota 35 (102ª);
Bolívia, com 34 pontos (105ª); Equador, com 32 pontos (118ª); Guiana, com 28
pontos (133ª); Paraguai, com 25 pontos (150ª) e Venezuela (165ª).
► Entre os BRICS, em 2012,
a China obteve nota 39 (80ª posição geral), a Índia alcançou 36 pontos (94ª
colocação) e a Rússia chegou a 28 pontos (133ª colocação). Portanto, Brasil e
África do Sul são os mais bem posicionados entre os emergentes.
► Dias antes de divulgar o índice, a Transparência
Internacional publicou matéria sobre o Brasil, destacando fatos como o
julgamento do mensalão, a Lei da Ficha Limpa e a Lei de Acesso à Informação,
como evidências de que a luta contra a corrupção ocupa espaço mais importante
na pauta do país. Contida no otimismo, ressalvou as dificuldades em debelar a
corrupção.
► Em 2008, a empresa Siemens AG, da Alemanha começou
a ser investigada pela Justiça de Munique, por pagar propina a autoridades
brasileiras. Tanto a filial brasileira da empresa, a Siemens Ltda, como a
matriz do grupo, a Siemens AG, da Alemanha, firmaram acordo de delação nas
investigações e assim ficaram isentas de possíveis punições pela participação
em um cartel para fraudar licitações.
► Executivos do grupo teriam participado de ajustes
com executivos de outras corporações, para combinar condições de participação
em licitações de compra e reforma de vagões para a CPTM, de São Paulo. As
denúncias são recorrentes e envolvem nomes de conhecidas empresas no possível
cartel, como a Alstom, a Temoinsa, a Bombardier, a CAF e a Mitsui, além da
própria Siemens.
► Se há um algo de podre, não é no Reino da
Dinamarca, que, junto a Finlândia e Nova Zelândia, ocupa a melhor posição no
ranking da percepção da corrupção da Transparência
Internacional.
Paulo Márcio de Mello
paulomm@paulomm.pro.brProfessor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
A coluna EMPRESA-CIDADÃ
é publicada, desde 2001,
toda quarta-feira, no centenário
jornal Monitor Mercantil (www.monitormercantil.com.br).
Através dela, são
apresentados casos
de empreendedores e empresas,
pesquisas, resenhas ou agenda relativas a responsabilidade social, sustentabilidade
e desenvolvimento sustentável.
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