quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

 Espelho, espelho meu...
 
                                                                                                                                                                   Quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
coluna Empresa-Cidadã
por Paulo Márcio de Mello

► Menos de 4% das empresas brasileiras consideram como negativos os impactos dos seus negócios sobre a sustentabilidade, mesmo considerando os impactos indiretos, aqueles derivados das cadeias de produção e consumo. Menos de 26% delas consideram os impactos como neutros e cerca de 70% consideram os impactos como positivos.

► Entre mais de 30 aspectos da sustentabilidade considerados, nenhuma empresa (0% !) classificou como desfavorável o seu impacto sobre a discriminação e desigualdade racial, apesar da presença de negros nos seus quadros de colaboradores, especialmente entre os ocupantes de cargos de chefia, ser muito inferior à composição verificada na sociedade. O mesmo acontece com a percepção da empresa sobre o impacto por ela provocada na concentração da renda, apesar das espetaculares diferenças de remuneração entre os níveis hierárquicos.

► No caso da energia (“pressão gerada pelos padrões atuais de produção e consumo de produtos e serviços nas fontes de energia para as gerações presente e futuras”), somente 6,7% das empresas classificam o seu impacto como desfavorável.

► As empresas, em 54% dos casos, consideram como alta a importância dos aspectos da sustentabilidade para as atividades empresarias, 26,5% consideram como moderada e 19,6% classificam como de baixa importância.

► Em 53,5% dos casos, as empresas informam ter incorporado, nos seus objetivos ou ações estratégicos, aspectos da sustentabilidade, enquanto 12,6% afirmaram tê-los incorporados apenas aos cenários do planejamento. Pouco mais de um terço das empresas não os consideram.

► Os dez aspectos considerados mais importantes são energia, corrupção e falta de ética, comprometimento com valores e princípios, água, governança corporativa, concorrência desleal, precariedade dos sistemas de infra-estrutura, estresse, cadeia produtiva e equilíbrio dos ecossistemas e serviços ambientais.

► Os dez aspectos da sustentabilidade menos privilegiados pelas empresas no ranking de importância para os negócios são produção de alimentos (o último, com 10% de escolhas), oferta e condições de moradia, pandemias, envelhecimento da população, saúde pública, violência e tráfico, apoio político e políticas públicas, oportunidades de trabalho e renda, desigualdade de gênero, distribuição de renda e marketing.

► Os dados constam da pesquisa “Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil”, realizada pelos professores Cláudio Bruzzi Boechat e Roberta Mokretz Paro, do Núcleo Andrade Gutierrez de Sustentabilidade e Responsabilidade Corporativa, da Fundação Dom Cabral (FDC, www.fdc.org.br/pt/sala_conhecimento).

► O conflito revelado pela pesquisa entre a importância da sustentabilidade e a percepção declarada dos impactos das próprias atividades sobre aspectos característicos da sustentabilidade é exponencialmente maior, quando se considera que foram pesquisadas empresas com compromisso explícito ou com práticas comprovadas de responsabilidade social ou sustentabilidade, como a participação formal em entidades como Pacto Global, Dow Jones Sustainability Index, Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa (ISE) ou a adoção das diretrizes de relato da Global Reporting Initiative (GRI).

► Foram relacionadas 134 empresas com estas características de perfil, das quais 81 aceitaram participar e 30 delas responderam às 155 questões fechadas do questionário. Participaram empresas dos ramos de energia (13%), financeiro (13%), siderúrgico (10%), eletroeletrônicos (7%), agroindustrial (7%), mineração (7%), da construção civil (7%), de outros ramos da indústria (19%) e de outros serviços (17%).

► A pesquisa revela questionamentos fundamentais sobre a (má) qualidade do diálogo entre empresas e suas partes interessadas, sobre a efetividade da gestão de risco referenciada na responsabilidade social e na sustentabilidade, sobre as diferenças da qualidade de gestão empresarial dos valores tangíveis e intangíveis, entre outros.

► A pesquisa contribui também para a compreensão dos motivos da distância entre a grande difusão do discurso corporativo sobre a responsabilidade social e ambiental nos últimos anos e a pequena transformação concreta nas práticas empresariais. Quando será que o espelho em que se miram começará a dizer a verdade?

Paulo Márcio de Mello
paulomm@paulomm.pro.br
Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

A coluna EMPRESA-CIDADÃ é publicada, desde 2001,
toda quarta-feira, no jornal Monitor Mercantil (www.monitormercantil.com.br).
Através dela, são apresentados conceitos relativos
à responsabilidade social, à sustentabilidade e ao desenvolvimento sustentável,
casos de empreendedores e empresas, pesquisas, resenhas, editais ou agenda.

39 comentários:

  1. e totalmente controverso a preocupaçao que as empresas dizem ter com a sustenabilidade e a preocupaçao que elas realmente possuem, as estatisticas apresentadas no texto deixam evidente essa falta de comprometimento com a sustentabilidade por parte das empresas.
    As empresas so vao começar a investir na sustentabilidade relamente quando essa for ou lucrativa pra empresa ,ou seja, quando a associaçao da empresa como sustentavel valorizar consideravelmente ou quando a empresa receber algum incentivo significativo por parte do governo.
    Entendendo a lucratividade que se pode ter com a sustentabilidad pode ser que as empresas mudem seu discursos de preocupados com a sustentabilidade para empresas que realmente tomam medidas que influenciem positivamente na sustentabilidade .

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  2. Em primeiro lugar, gostaria de lhe parabenizar pelo texto.
    É de se esperar que grande parte das firmas pesquisadas considere não ter efeitos negativos no que diz respeito, principalmente, à sustentabilidade. Se elas o fizessem estariam de fato assumindo o despreparo e desrespeito que em por vezes rondam o ambiente de negócios.
    Em termos de discriminação os números são favoráveis. De acordo com a pesquisa Enterprise Surveys, que abrange características do ambiente de negócios de cerca de 130.000 firmas em 135 países, em média cerca de 59,3% das firmas brasileiras afirmam ter mulheres em cargos de liderança. Na América Latina, por exemplo, este percentual cai para 40,4%.
    Para completar a informação dada sobre os aspectos considerados importantes, segue alguns números interessantes (fonte: Enterprise Surveys): No Brasil, em média, cerca de 41,8 % das firmas consideram a eletricidade como sendo um grande obstáculo; no setor alimentício esta proporção é ainda maior e gira em torno de 56%; No que diz respeito ao transporte, 30% das firmas o consideram um grande obstáculo.
    Tomo a liberdade de acrescentar a esta lista de aspectos importantes, aqueles referentes à característica da força de trabalho. Cerca de 70% das firmas consideram que baixa escolaridade da força de trabalho é um obstáculo para o ambiente de negócios. Acho interessante que as firmas montem um programa de treinamento e qualificação para seus empregados. Isso combinado com melhorias significativas nas condições de trabalho irá aumentar a produtividade e promover melhoras no ambiente de negócios.
    Segue o link do site para aqueles que quiserem analisar os dados: http://www.enterprisesurveys.org/

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  3. Indiscutivelmente, vivemos em uma sociedade voltada para obtenção de capital onde as principais empresas acabam se tornando ''cegas'' quando o assunto não gira em torno da geração de capital. Contudo, a medida que os danos ao ambiente se tornaram mais evidentes, a pressão sobre as empresas em relação a isso aumentou o que significou uma busca dos empresários em transformar essa nova necessidade do seu público alvo a favor deles. Eu acredito que muitas vezes as empresas se preocupam demais em passar uma imagem e elaborar diversas metas de que colaboram com o meio ambiente, afim de ganhar respeito e, sobretudo, visibilidade do seu publico alvo do que de fato executa-las por conta de uma fraca fiscalização em cima delas.

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  4. Acredito que a diferença entre o discurso e a prática dos empresários se deve, em parte, ao descaso com os aspectos da sustentabilidade - neste caso, o discurso corporativo é apenas uma estratégia de marketing - e, por outro lado, à ignorância sobre a importância do assunto. Talvez seja ingenuidade minha, mas penso que talvez a sustentabilidade não esteja em prática também por desconhecimento sobre instrumentos para sua aplicação e porque os danos econômicos adivindos do mal uso dos recursos naturais ainda não estão muito difundidos. O que me leva a crer na primeira causa é minha percepção de que as tecnologias limpas estão em fase inicial de desenvolvimento e outros instrumentos, como o mercado de carbono, não foram implementados em muitos lugares. A respeito da segunda causa, a falta de consciência ambiental, acredito nela porque vejo nos noticiários muito mais notícias do tipo "empresários afirmam que redução das emissões de GEEs podem gerar prejuízos às atividades produtivas" do que reportagens que apontam impactos da degradação ambiental sobre a economia. Que a minha visão (talvez ingênua) não seja entendida como álibi aos que adotam o discurso da responsabilidade ambiental/social, mas não a praticam, e sim como ponto de partida para uma investigação das causas desse cenário e para que sirvam para a sua mudança.

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  5. A realidade é que as empresas usam a palavra sustentabilidade em vão para gerar um marketing positivo para elas e ganhar algum lucro com isso. Não fazem o que realmente é devido para se tornar sustentáveis, isso realmente irá acontecer de verdade se elas conseguirem algum lucro significativo ou o governo incentive pesadamente. Elas sempre irão focar unicamente no que importa para elas, o lucro.

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  6. Observamos que muitas empresas usam o tema sustentabilidade como sendo algo integrante de seu DNA quando na realidade não é, poucas empresas sabem o que é, de fato, ser sustentável.
    O que podemos identificar nas práticas empresariais é uma deturpação conceitual que acaba se estendendo para o dia a dia da organização e, consequentemente, geram indicadores inexpressivos ou praticamente nulos. Falta uma política séria sobre o assunto e uma maior comunicação com seus stakeholders a fim de validar suas práticas e ações verdes.

    Hoje a população quer mais do que um simples produto, a população quer saber como o bem foi produzido, sobre quais circunstâncias o bem foi colocado no mercado e por este motivo as empresas foram "obrigadas" a mudar seu layout de negócio. A questão é que muitas apenas maquiaram essa questão e poucas ações concretas foram feitas a respeito.

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  7. Temos um cenário de muitas empresas se dizendo sustentáveis e que na prática agem contrariamente ao que pregam. A falha de comunicação com seu público consumidor acabará trazendo questionamentos que irão comprometer estas empresas, com um alto risco de diminuição do consumo do bem. O público consumidor está mais exigente e não irá se contentar apenas com uma embalagem bonitinha e apresentável, o público quer informações precisas a respeito do produto.

    A tendência é que as pessoas fiquem mais criteriosas e questionadoras, viver em um mundo de mentiras irá fadar a organização ao fracasso.

    Para resolver esta problemática deveríamos ter uma reeducação na gestão empresarial no que diz respeito a questões sustentáveis. Mostrar que ser sustentável vai muito além de dizer que é sustentável.

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  8. É muito comum nos dias de hoje empresas que se declaram sustentáveis ou que incluem iniciativas socio-ambientais em seus planejamentos, com o intuito de serem mais aceitas pelo público que hoje esta cada vez mais ligado em sustentabilidade. Apesar de se declararem sustentáveis a maioria dessas empresas não praticam de fato as iniciativas que pregam, o que já está sendo percebido pelos consumidores, que estão deixando de consumir certas marcas.

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  9. Diversas empresas dizem-se “sustentáveis” porque utilizam ferramentas de gestão que à primeira vista parecem contribuir para a vida e para o meio ambiente. No entanto, uma pesquisa realizada na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP revelou que nem sempre esses instrumentos colaboram de fato para a construção de uma estrutura de organização empresarial mais preocupada com os princípios ecológicos, ou com o desenvolvimento sustentável, como proposto. Alguns desses instrumentos podem vir até a potencializar aspectos negativos relacionados à organização da vida. “Mas o contrário também acontece”, afirma a pesquisa. “Há ferramentas eficazes na contribuição para a melhora do desempenho ambiental de uma empresa”, completa. As conclusões da pesquisa alertam que a utilização de ferramentas de gestão que propõe ‘sustentabilidade’ não é suficiente para qualificar uma empresa como preocupada com o meio ambiente.

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  10. Definir uma empresa sustentável é ainda um mistério para muitos consumidores preocupados com o tema. Afinal de contas, nem sempre são transparentes para os clientes os processos internos que transformar uma empresa comum numa empresa sustentável. O principal problema; é identificar o que vai além do marketing e da propaganda. O que realmente está sendo feito pela empresa ,em busca da sustentabilidade e quais sinais podem significar que ela está no caminho certo.

    Acompanhar as noticias sobre a empresa e perceber se há informações de problemas financeiros ou dificuldades de caixa que a empresa venha atravessando. Se isso for uma constante em sua história; essa “empresa sustentável” pode ser sustentável só na fachada.

    Mesmo que a empresa sustentável produza elementos que agridam o meio ambiente, é necessário levar-se em consideração como ela trabalha para minimizar ou eliminar os impactos provenientes de seu processo produtivo. Por fim, saber como ela trata os seus funcionários e a comunidade onde ela esta inserida ou atua. Sendo assim, um espelho das práticas que firmam e consolidam uma empresa com ideias sustentáveis ou não.

    Carlos Eduardo Lopes Mega

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  11. Igor Seixas de Carvalho31 de julho de 2013 às 08:20

    Fica evidente que as empresas em geral, precisam se conscientizar dos impactos gerados pelos seus negócios e assim realizarem um planejamento sustentável real e voltado para o aumento de bem-estar da sociedade e não apenas para o marketing da empresa.
    Fica claro para o leitor que as empresas que realizam ações sustentáveis consideram os impactos ambientais muito mais importantes que os impactos sociais, que deveriam ter o mesmo peso.

    Ainda é necessário ao consumidor entender de fato o que significa uma empresa sustentável, tendo em vista que na cabeça da maioria, de fato, somente ações em prol do meio ambiente são consideradas e ações sociais parecem não ter nenhuma relevância ao consumidor.

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  12. Pesquisas feitas no Brasil e no mundo já mostraram que mais de 80% das pessoas desconfiam que as empresas cumpram as ações de responsabilidade socioambiental que anunciam em suas propagandas. Não é só porque uma companhia abraça inciativas verdes, que deve sair contando para todo mundo. É preciso uma comunicação mais sofisticada, que converse com as necessidades do consumidor.

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  13. Podemos evidênciar que nos dias de hoje, empresas que enaltecem politicas de sustentabilidade não as aplicam de forma efetiva. Muitas dessas empresas teem uma preocupação maior com problemas ambientais e menor com problemas sociais, empresas que muitas vezes se dizem sustentaveis mas na verdade não são, se preocupam somente com o seu marketing e lucro e deixam de lado problemas sérios e maiores.
    Devemos nos questionar o que realmente tais empresas nos afetam de forma negativa e quais são suas medidas para melhorar seus impactos na sociedade.

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  14. No Jornal O Globo, toda quarta-feira é dia do cardeno especial sobre sustentabilidade chamado Amanhã. O que me chama atenção no caderno, que também fica evidenciado no texto é que a preocupação com o meio ambiente é muito mais na arte da exaltação e trapaça do que ações. Enaltecer o meio ambiente na teoria e exaltar a beleza da natureza, da nossa fauna e flora não vão fazer diferença. Mas tudo isso está ligado a um conceito antigo que, como todos sabem, é sempre esquecido dos governantes: a educação. Se não temos nem uma educação básica eficiente, o que dirá uma educação ambiental. E isso reflete em consumidores relaxados com o assunto e consequentemente empresas que não fazem nada além de cartazes bonitinhos.

    Aluna: Roberta Pires

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  15. Após séculos de exploração dos recursos naturais da terra advindo do capitalismo desenfreado, os primeiros indícios de problemas começaram a surgir, entre eles, mudanças climáticas, aquecimento global, escassez de água. A humanidade então começou a refletir sobre as novas práticas que devem ser adotas para a promoção do desenvolvimento econômico e social em paralelo a natureza.

    As organizações estão se sentindo obrigadas a buscar práticas sustentáveis de produção que estejam de acordo com a responsabilidade social. Podemos definir essa nova atuação como uma forma da empresa fomentar uma imagem positiva diante da sociedade e buscar lucro sem prejudicar o ecossistema,.

    O BM&F Bovespa (associação entre a Bolsa de Mercadorias & Futuros e a Bolsa de Valores do estado de São Paulo) é um órgão que criou um Índice de Sustentabilidade Empresarial, a fim de analisar o comprometimento das empresas com as questões de sustentabilidade. A boa qualificação no índice garante novos investidores e consumidores preocupados.

    A atenção das empresas com o meio ambiente e de extrema importância e mesmo que em uma velocidade de crescimento ainda pequena dentro das organizações diante de outros núcleos garante a chance de um futuro melhor para a sociedade.

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  16. Muitas empresas, como é evidente aos nossos olhos, usam da sustentabilidade como um valor presente em seus princípios, porém, a realidade é o contrário. É muito fácil afirmarem que são sustentáveis. No entanto, muitas não implementam práticas ambientalmente responsáveis capazes de permear cada trecho de suas rotinas. Hoje, já existe alguma evolução, como, por exemplo, a obrigatoriedade de se fazer logística reversa para alguns segmentos industriais. Porém, a história da humanidade é a história da degradação do planeta. São anos de destruição que precisam ser compensados. Há muito trabalho a ser feito para se implementar uma preocupação legítima com a sustentabilidade. É preciso adquirir a consciência do dano que se pratica e do mal que se causa a longo prazo para a tomada de medidas verdadeiras de reversão do quadro ambiental atual.

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  17. Pesquisas como essas demonstram o claro desalinhamento entre o discurso e a prática das empresas. Grandes planejamentos nem sempre são executados. Quem perde com isso somos todos nós, que sofremos os impactos diretos ou indiretos da falta de ações efetivas. Neste contexto, iniciativas como o balanço social - relatório com as características das empresas - são uma forma de checar anualmente como está o desenvolvimento da instituição em aspectos como equidade de gênero e raça, diferenças de remuneração entre os cargos, investimentos socialmente responsáveis, entre outros. Levantamentos como o balanço social, com o detalhamento específico de cada corporação, não devem ser engavetados. Eles devem ser analisados para se tornarem um instrumento efetivo de responsabilidade social e de colaboração para a sustentabilidade.

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  18. Paloma Escoralique de Souza26 de janeiro de 2014 às 07:07

    A questão da responsabilidade social e do desenvolvimento sustentável nas empresas cada vez mais se mostra como um discurso preparado para o público, porém, com poucas ações efetivas nesse sentido. O texto nos mostra como existe uma disparidade entre o que se diz e o que se pratica nas organizações. Muitas empresas têm atividades nocivas ao ambiente em que estão instaladas e podemos ver que sempre adotam uma postura em que afirmam que os impactos são mínimos ou que trabalham continuamente para a diminuição dos impactos. Poucas empresas realmente atuam para minimizar seus impactos. Essa pesquisa não mostra algo novo, apenas corrobora que ainda existem muitas organizações que se preocupam mais com transmitir uma imagem favorável ao invés de adotar práticas efetivas para o alcance de um desenvolvimento mais sustentável.

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  19. A pesquisa funciona, de fato, como o título sugere: um espelho. Uma projeção idealizada do próprio reflexo. Logo, isto não necessariamente significa que o visto é necessariamente uma tradução fiel da realidade – ela pode estar distorcida, sofrer maquiagens, apostar no senso comum enquanto torna-se negligente em aspectos mais urgentes. Esta pesquisa, prestes a completar um ano, funciona como uma espécie de autocrítica: se o entrevistado for capaz de desligar o filtro do senso comum e não difundir o ‘belo discurso’ da sustentabilidade, ele será capaz de perceber que poucas ações concretas são tomadas para minimizar pegadas ecológicas e diminuir distorções sociais (como a proporção de negros ou mulheres em empresas e em cargos de chefia).

    Por um momento, vamos tentar deixar a subjetividade dos critérios pesquisados de lado e analisar tópico por tópico:
    (1) duvido que qualquer empresa considere como negativos os impactos (sim, no plural), de sua produção, na sustentabilidade. Seria dar um tiro no próprio pé carimbar – pós 2000 – o atestado de ‘sim, somos uma empresa na contramão da sustentabilidade’. Podem agir assim nesta contramão, mas das duas opções a seguir, uma: ou não é bom marketing assumir, ou nem sempre se percebe se ‘o que se faz’ condiz com ‘o que diz que se faz’.

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  20. Rodrigo Gonçalves Marinho26 de janeiro de 2014 às 08:23

    O texto “Espelho, espelho meu...”, de Paulo Márcio de Mello, traz à tona a pesquisa Desafios para a Sustentabilidade e o Planejamento Estratégico das Empresas no Brasil - realizada pelos professores Cláudio Boechat e Roberta Paro, do Núcleo Andrade Gutierrez de Sustentabilidade e Responsabilidade Corporativa (Fundação Dom Cabral) - que contém dados estatísticos com ESTÓRIAS ecológicas e sociais contadas por empresas dos ramos de energia, financeiro, siderúrgico, agroindustrial, entre outros. Reforçar a imagem empresarial positiva através de um discurso “socioambientalmente correto” é uma das ações de marketing que, atualmente, as empresas vem criando no intuito de permanecerem no competitivo mundo dos negócios. Para isso, adotam certos posicionamentos de responsabilidade socioambiental que, muitas vezes, não condizem com a prática. E assim afirmam, através de pesquisas como esta, que suas atividades não causam impactos negativos para a sociedade. Ou seja, a maioria das gestões empresariais tem a coragem de NEGAR qualquer dano ao meio ambiente. Algo inacreditável! Mas, por um lado, levamos em consideração que: refletir uma imagem inverídica para seus públicos-alvo leva a consequências ruins, pois a opinião pública alertada, principalmente graças à mídia e aos movimentos sociais, passa a cobrar transparências sobre as reais condições das ações “conscientes” voltadas para a natureza e os cidadãos que almejam cada vez mais um consumo sustentável.

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  21. O discurso que muitas empresas tem hoje sobre a sustentabilidade e responsabilidade social é, como vemos pelos dados, apenas um discurso. Missão, visão e valores são uma questão de adaptação. São atualizadas para acompanharem a opinião pública, que exigia uma coisa ontem e hoje exige outra, e de fato práticas que corroborem com a implementação de projetos sustentáveis são ignoradas.

    “Quando será que o espelho em que se miram começará a dizer a verdade?” Difícil dizer. O mundo corporativo parece olhar somente para o seu mundo, não se esforça em viver dentro do mundo que nós vivemos. É uma pena vermos que empresas que dispõem dos recursos para criarem mudanças positivas, preferem ignorar as emergências sociais que presenciamos todos os dias.

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  22. Através desses dados fica claro que muitas organizações que se dizem ”engajadas” com a responsabilidade social e sustentabilidade, não mostram efetivamente isso para a sociedade.
    A questão está no fato das organizações estarem utilizando a responsabilidade social como parte da estratégia de Marketing e gestão de imagem, mas nem ao menos sabem no que ela impacta. É mais do que patrocinar um show na praia, ela representa um diálogo com a comunidade na qual está inserida e a busca por minimizar qualquer possível impacto que esteja causando.

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  23. Na pesquisa elaborada pelo Núcleo Andrade Gutierrez de Sustentabilidade e Responsabilidade Corporativa, da Fundação Dom Cabral (FDC) é perceptível o comportamento das empresas diante do novo cenário mundial da sustentabilidade. E o que ela nos mostra não é compatível com o discurso em prol do meio ambiente. Apesar de adotarem políticas para que possamos enxergá-las como agentes transformadores comprometidos com a redução de resíduos, as respostas denotam que a adoção de estratégias mais "verdes" precisa estar relacionada com a transformação social relacionada à concentração de renda e às políticas de segregação racial. Além disso, poucas são as corporações que se assumem como agentes prejudicais ao meio ambiente e não percebem que as condições de moradia, pandemias, envelhecimento da população também são modos de contribuir para um mundo mais sustentável.

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  24. A palavra sustentabilidade está em voga.Muitas empresas a utilizam por uma manutenção da imagem corporativa sem ao menos entender seu significado e a importancia real de agir com responsabilidade sócio ambiental.

    Medidas que viabilizem novas oportunidades a valorização da comuninade local em que a empresa se encontra , diminuição da polução gerada pela produção etc são fundamentais para um crescimento sustentável.Não é um favor que a empresa faz a quem ou o que está ao seu redor , é uma ação consciente de diminuição das externalidades que a empresa causa naquele ambiente natural e social.A companhia que não percebe que essa é uma ação que , além de beneficiar o ambiente e as pessoas , possibilita um crescimento mais igualitario e menos destrutivo , não pode enxergar um futuro promissor .É importante que projetos sociais e ambientais partam da empresa em benéfico externo , mas que sejam entendidos também como beneficio interno e , assim , valorizado.Sustentabilidade no papel não funciona por si só.As ações devem começar de dentro para fora.Desde a valorização e diversidade dos funcionários , até a comunidade em que a empresa está instalada e daí por diante.

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  25. A corrida pelo dinheiro, pelo "status" e pela aceitação faz, diariamente, com que boa parte das empresas venda um princípio de sustentabilidade com inúmeras iniciativas socio-ambientais. Todavia, boa parte disso também não condiz com a realidade. Embora muitas se declarem sustentávies, a maioria não respeita e/ou pratica, de fato, o que prega e alega ao público. O consumidor, por sua vez, também começa a perceber a incoerência dessas marcas e, com isso, às vezes, deixa (ou reduz) de consumi-las/compra-las.

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  26. Hoje em dia é muito importante para a empresa passar a imagem de sustentável. Isso é uma jogada de marketing para que ganhe a simpatia do público. "Estamos zelando pelo futuro do planeta", "Queremos construir um futuro melhor para seus filhos e netos" entre outros clichês trazidos em comerciais de tv ou outdoors com a única finalidade de melhorar a imagem da empresa e conquistar novos consumidores.

    As estatísticas apresentada no texto só deixam claras que a imagem das empresas é mais importante que o impacto que ela possa causar, fazendo com que as mesmas se declarem "inocente" sobre os casos de impacto ambiental negativo. Todas elas escondidas atrás dos duvidosos "selos verdes".

    Fabricio Teixeira

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  27. O mundo está em crise. Sim, todos sabemos. Desde 2008. As empresas estão passando por momentos delicados desde então. Sim, todos também sabemos. Sendo o Brasil um país, fundamentalmente, de commodities, isso fica ainda mais evidente. Mas o que vem acontecendo na área de sustentabilidade das empresas não é apenas reflexo da crise mundial. É resultado de um desaprendizado.

    E aí eu me pergunto o que, de fato, está acontecendo com a sustentabilidade corporativa. Falar que a culpa é da crise mundial é ser simplista demais. A crise está aí desde 2008. O Brasil tem muita coisa para resolver internamente para evitar ficar à mercê de cenários externos. Volto à questão do desaprendizado. Ou vou mais fundo: do próprio aprendizado.

    Não enganemo-nos, é assim que funciona na maioria esmagadora das organizações. Falta de entendimento da empresa a respeito do que é sustentabilidade de verdade + falta de visão de negócios por parte de quem está conduzindo a área de sustentabilidade + crise econômica = crise braba na área de sustentabilidade.

    Aí, quando uma empresa está passando por problemas graves, como é o caso da EBX, vem o financeiro fazendo corte e, adivinhem, onde eles vão reduzir gasto? Em áreas que não geram dinheiro, apenas reputação, ou que existem porque é o que a empresa tem de fazer.

    Eu me pergunto: de quem é a culpa? Sim, a culpa é dos cabeças das empresas que têm visão tacanha a respeito da sustentabilidade. Também. E quanto a isso pouco pode ser feito em curto prazo a não ser educar, educar, educar. Mas tem outra parcela de culpa aí que é da própria área, que, na maioria das vezes, se comporta como se tivesse a missão de mudar o mundo.

    Enquanto a área de sustentabilidade corporativa mantiver essa aura de pessoas felizes + somos amiga da natureza e não se posicionar como uma área que ajuda a empresa a melhorar o seu negócio, vai ser uma das áreas mais suscetíveis à queda em momentos de crise. E, como efeito cascata, vai contaminar toda a cadeia criada em torno da inteligência para a sustentabilidade, gerando um retrocesso de só se trabalhar respondendo requisitos legais.

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  28. Lembro de ter visto em um documentário chamado “The Yes Men Fix the World”, um empresário dizendo que o aquecimento global é algo bom para o planeta pois ele está mais “quentinho” e as pessoas teriam uma qualidade de vida melhor. Quando vejo coisas assim ou leio textos com esse tipo de informação, me pergunto em que mundo essas empresas vivem e se esses empresários realmente acreditam nesse tipo de informação.

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  29. A questão ambiental de algumas empresas, no meu ponto de vista, é apenas tentar vender essa ideia e não necessariamente cumpri-las. O que algumas dessas empresas veem com essas iniciativas são a obtenção de capital e lucro, pois mostrariam que são empresas verdes e isso chama a atenção do público, cada vez mais adeptos a essas ideias. Mas nem sempre essas regras são seguidas a risca.

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  30. O fato que mais me chamou a atenção nesse artigo foi o de nenhuma empresa classificar como desfavorável o seu impacto sobre a discriminação e desigualdade racial. Como se fosse muito comum vermos um diretor de uma empresa negro. Infelizmente vivemos hoje um tipo de discriminação racial mascarada. Lembro-me de um caso em que um conhecido meu, negro que usava cabelo com tranças, passou em uma entrevista de estágio, mas logo após a entrevistadora o chamou e pediu para que ele cortasse o cabelo, pois o mesmo não estava nos moldes da empresa. Acredito que isso não seja um caso particular e deva acontecer muito nas instituições. Dizer que isso não é um impacto desfavorável é revoltante.

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  31. O discurso adotado pelas empresas é o "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço." No papel são muito bonitas, mas na prática realizam poucas coisas. Infelizmente as empresas se utilizam de discursos sobre sustentabilidade apenas para manterem uma boa imagem na sociedade.

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  32. Como estudante de Relações Públicas leio regularmente sobre a nova postura social, ética e sustentável que as empresas estão adotando, por entenderem que a imagem é tudo e que qualquer ação deve ser pensada para não abalar sua reputação e consequentemente seus lucros. Entretanto, muitas empresas não assumem seus erros na gestão de seus negócios, mas fixam em seus anúncios importantes valores que não são efetivamente vividos no ambiente corporativo. A pesquisa relatada no artigo mostra que poucas empresas reconhecem os impactos negativos resultantes de suas práticas comerciais, enquanto que mais da metade das entrevistadas se dizem contribuidoras a ações sustentáveis. O discurso é sempre o mesmo, as empresas querem vender imagem “boazinha” o que é ótimo para seus negócios.
    Acredito que a demanda por transparência e responsabilidade social e ambiental das empresas, cobrada por seus consumidores, serão estímulos a tornar as organizações mais preocupadas em realizar projetos e ideias em beneficio da sociedade e do meio ambiente que ficaram presos nos papéis de planejamento estratégico. O que poderá em longo prazo contribuir, ainda que dentro de pequenas estatísticas, com um planeta menos injusto e mais sustentável.

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  33. O texto apresenta dados de uma importante pesquisa que alerta aos leitores sobre uma situação muito perigosa, o fato das empresas não reconhecerem, pelo menos no nível do discurso, o real impacto que tem na sociedade e no meio ambiente e os efetivos resultados de politicas de sustentabilidade que, segundo afirmam, desenvolvem. As auto-declarações que não correspondem a realidade deixam claro que as empresas não pretendem assumir outras posturas, os problemas e questões parecem já estarem resolvidos e elas fazendo a parte que lhes cabe. Confrontado com a realidade dos fatos isso mostra um completo desinteresse das empresas em realizar políticas efetivas para melhorias sociais, mantendo-se dentro de uma lógica de benefício próprio, ao mesmo tempo em que sustentam um discurso que procura não manchar suas imagens.
    Aluno: Tiago Francisco Monteiro.

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  34. Essa 'onda sustentável' das empresas nada mais é do que uma jogada de marketing e de adequação desde que a pauta sustentabilidade ficou em evidência. É preciso muito mais para uma empresa se tornar de fato sustentável, é um longo processo para tal, que mexe com toda a estrutura corporativa da instituição.

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  35. O fato é que a obtenção de capital é, senão o principal, um dos maiores objetivos das corporações. Não é a toa que vivemos em um sistema capitalista, onde é vital a obtenção de lucro. No entanto, surgem cada vez mais informações, dados precisos e estudos que comprovam que os danos aos ecossistemas são também uma ameaça ao estilo de vida que conhecemos, mudando a opinião pública, conscientizando cada vez mais pessoas de que a sustentabilidade é um caminho não somente possível, como necessário. Como as empresas baseiam-se na opinião pública a fim de ter uma imagem positiva perante seus consumidores, elas passaram a preocupar-se em adequarem suas atividades à sustentabilidade tão discutida e difundida atualmente.

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  36. Excelentes dados obtidos nessas pesquisas. Fica evidente que o que as grandes corporações ainda estão longe de entender a verdadeira importância que se deve dar a ações sustentáveis em suas empresas.

    É claro que realizar uma verdadeira política de sustentabilidade não acontece da noite para o dia e não é nada fácil. Mas o discurso dito não é o mesmo praticado. A falácia é tanta que parece piada. Se valem do discurso sustentável para parecer uma empresa íntegra e responsável. Ser sustentável (ou se dizer sustentável) virou moda, jogada de marketing.

    Espero que o espelho em que se miram comece a dizer a verdade o quanto antes.

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  37. Como a sustentabilidade está em voga, muitas vezes essa palavra é usada para adjetivar práticas que não têm nada (ou bem pouco) de sustentáveis. O problema é que muitas empresas utilizam esse verdadeiro boom sobre o tema para praticar greenwashing, ao invés de práticas verdadeiramente responsáveis. Ou seja, as empresas veem a sustentabilidade como um canal de comunicação, visando apenas à imagem positiva que ela traz, ao invés de uma forma de gerir negócio com responsabilidade socioambiental.

    Alice Alves.

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  38. Juliana Passos - Professor, texto muito interessante. Não sei com que palavra classificar essas empresas que compreendem a importância da sustentabilidade como baixa ou moderada. É praticamente inaceitável que essa postura perpetue dadas as condições climáticas e sociais nas quais nos encontramos, principalmente quando falamos de empresas brasileiras ou instaladas no Brasil.

    Fechar os olhos para as questões raciais, de gênero, ambientais e etc, eu diria que é quase um suicídio comercial. Além de andar na contramão das tendências da gestão mundial, perdem a oportunidade de contribuir com uma função social que é uma via de mão dupla, com benefícios a sociedade e a própria empresa.

    Ha dois anos trabalhando diretamente com sustentabilidade em uma grande empresa, falo com propriedade que as ações nessa área, pelo menos aqui no Brasil, ainda são muito primárias e basicamente feitas para dar uma espécie de resposta a sociedade, para manter positiva a reputação da marca/empresa. Muitos projetos não tem impactos relevantes e existem apenas uma questão de estratégia comercial e responsabilidade social corporativa.

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  39. De fato, poucas são as empresas que, de fato, se preocupam com a sustentabilidade em seu todo. O que se vê é a adoção de discursos que apontam para uma possível preocupação, mas, como em muita das vezes, são medidas caras, esse ideal é postergado até que se aponte uma "real necessidade" - leia como sendo "economicamente viável". A sociedade/mercado impulsiona a "responsabilidade empresarial" (não que eu concorde com isso).

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