Declaração final
do Fórum social temático FST 2014
Um alerta para possíveis retrocessos
da agenda democrática mundial.
da agenda democrática mundial.
blog do professor paulo márcio
economia&arte
Quarta-feira, 12 de
fevereiro de 2014
EMPRESA-CIDADÃ
por Paulo Márcio de Mello*
u Foi realizado em Porto Alegre (RS), no
final do mês passado, o Fórum Social Temático, "Crise Capitalista,
Democracia, Justiça Social e Ambiental", que reuniu representantes de
movimentos sociais, sindicatos, e organizações não governamentais (ONGs) de
diversas partes do mundo.
u De 2001, quando se realizou o primeiro
Fórum Social Mundial, até o presente, quais as principais mudanças percebidas
pelos participantes? Na avaliação dos organizadores, a "crise
internacional do sistema capitalista chega ao seu auge com a desestruturação
das economias dos países europeus e norte-americanos e da retirada constante de
direitos sociais de seus trabalhadores e trabalhadoras. Como parte deste
processo de crise mundial há uma profunda crítica à capacidade de representação
dos anseios políticos por parte dos partidos, inclusive dos partidos de
esquerda. Este dois fatores colocam a sociedade civil internacional em alerta
para possíveis retrocessos da agenda democrática mundial".
u Apesar da acentuada deterioração do
cenário, os movimentos sociais reunidos no Fórum Social Temático renovaram o
compromisso histórico com a construção de um outro mundo possível e com a
definição coletiva de lutas comuns, expressos da Declaração Final (http://
www.une.org.br/2014/01/movimentos-sociais-divulgam-declaracao-do-fst/).
u A defesa da soberania, da autodeterminação
dos povos, dos bens comuns, da justiça social, econômica, ambiental e de
gênero, e o combate a todo tipo de discriminação, foram relacionados como
"a chave para o enfrentamento e a superação da crise, fortalecendo o
protagonismo popular e um Esta do cada vez mais democrático, livre das
corporações e a serviço dos povos".
u As grandes corporações transnacionais são
destacadas por privatizar a vida, os serviços públicos e os bens comuns, como a
água, o ar, a terra, as sementes e os recursos minerais. Elas também foram
apontadas pelo financiamento de guerras, além de reproduzirem práticas
extrativistas insuste ntáveis para a vida, e por desenvolverem alimentos
transgênicos que tiram dos povos o direito à alimentação saudável e eliminam a
biodiversidade.
u No plano econômico, o relatório aponta a
economia solidária, que se concretiza no aprofundamento das cadeias produtivas
solidárias, como vital para democratizar a economia, assim como políticas que
protejam as produções locais, dignifiquem as práticas no campo e conservem os
valores ancestrais da vida.
u O aquecimento global é apontado como
consequência do sistema capitalista de produção, distribuição e consumo. As
transnacionais, as instituições financeiras internacionais e os governos a seu
serviço não querem reduzir suas emissões de gases causadores do efeito estufa.
u Em consequência, o relatório traz uma
convocação ampla de participação na COP 20 (Conferência sobre Mudanças
Climáticas, a ser realizada em novembro de 2014, no Peru), para manifestar
indignação diante da falta de compromisso das nações do Norte com as
redu&ccedi l;ões de emissão de gases.
u Há também uma denuncia ao
"capitalismo verde" e às "falsas soluções à crise climática,
como os agrocombustíveis, os transgênicos e os mecanismos de mercado de
carbono, como o REDD". O documento defende a soberania alimentar e o
acordo alcançado na Cúpula dos Povos Con tra as Mudanças Climáticas e pelos
Direitos da Mãe Terra, realizada em Cochabamba (2010), onde verdadeiras
alternativas à crise climática foram construídas com movimentos e organizações
sociais e populares de todo o mundo.
u Outras denúncias incluídas no relatório
são referentes à violência contra a mulher, sobretudo contra a mulher negra,
exercida regularmente como ferramenta de controle de suas vidas e de seus
corpos, e contra o aumento da superexploração de seu trabalho. O relatório defende
o estado laico, como base do avanço no debate sobre os direitos sexuais e
reprodutivos.
u Integram a pauta de reivindicações os
direitos humanos das populações vítimas de racismo, povos indígenas, negros e
quilombolas, bem como a promoção de uma cultura de paz que inclua a eliminação
de todas as armas nucleares e o combate à intolerância religiosa.
u A educação, a ciência e a tecnologia
recebem referência explícita como fundamentais para a soberania dos povos.
Destaque é dado para a luta contra a repressão dos povos e a criminalização dos
protestos e dos movimentos sociais.
u Os dois últimos tópicos da declaração
referem-se à democratização da Comunicação e à convocação dos povos para uma
ocupação das ruas no dia 1º de abril, em manifestação contra o capitalismo e a
crise do mundo, pela soberania e autonomia dos povos, contra a guerra e pela
paz.
Paulo Márcio de
Mello
paulomm@paulomm.pro.br
Professor da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
A coluna EMPRESA-CIDADÃ é publicada, desde 2001,
toda quarta-feira,
no centenário jornal Monitor Mercantil (www.monitormercantil.com.br).
Através
dela, são apresentados casos de
empreendedores e empresas,
pesquisas,
resenhas, editais ou agenda, relativos
à responsabilidade social, à sustentabilidade e ao desenvolvimento sustentável.
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