Educação (I)
O Relatório de Monitoramento Global Educação para
Todos, editado pela Unesco é cético quanto ao cumprimento global, até 2015, de
seis objetivos educacionais pactuados. Particularmente em relação ao Brasil, além
da baixa qualidade do ensino, estamos situados como a oitava maior população de
analfabetos do mundo. Aparentemente, sem ficar com a cara vermelha de vergonha.
blog do professor paulo márcio
economia&arte
Quarta-feira, 5 de
fevereiro de 2014
EMPRESA-CIDADÃ
por Paulo
Márcio de Mello*
u Há no mundo cerca de 774 milhões de
pessoas com mais de 15 anos que não são capazes de ler um pequeno texto, nem
escrevê-lo. Destes, 123 milhões são jovens, com idade compreendida entre 15 e
24 anos. Entre todos os analfabetos, 493 milhões são mulheres e 76 milhões
delas são jovens compreendidas entre os 15 e os 24 anos. Nos últimos anos,
apesar do número absoluto de jovens mulheres analfabetas ter diminuído, a
proporção aumentou em relação aos homens jovens.
u Apenas nove países concentram 71% de todas
as jovens analfabetas: Índia, Paquistão, Nigéria, Etiópia, Bangladesh (único em
que há mais analfabetos entre jovens do sexo masculino), República Democrática
do Congo, Tanzânia, Egito e Burkina Faso. Estima-se que, independentemente de
estarem na escola ou não, 250 milhões de crianças e jovens de ambos os sexos,
até 15 anos, não dispõem das habilidades básicas de leitura e escrita.
u Movidos por este cenário dramático, a
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco),
em 2000, liderou a edição de seis objetivos para a educação, a serem atingidos
até 2015, como compromisso firmado por mais de cento e noventa países. São os
seguintes.
u Objetivo 1: ampliar e aperfeiçoar os
cuidados e a educação para a primeira infância, especialmente no caso das
crianças mais vulneráveis e em situação de maior carência.
u Objetivo 2: assegurar que, até 2015, todas as
crianças, particularmente as meninas, vivendo em circunstâncias difíceis e as
pertencentes a minorias étnicas, tenham acesso ao ensino primário gratuito,
obrigatório e de boa qualidade.
u Objetivo 3: assegurar que sejam atendidas as
necessidades de aprendizado de todos os jovens e adultos através de acesso
equitativo a programas apropriados de aprendizagem e de treinamento para a
vida.
u Objetivo 4: alcançar, até 2015, uma melhoria de
50% nos níveis de alfabetização de adultos, especialmente no que se refere às
mulheres, bem como acesso equitativo à educação básica e contínua para todos os
adultos.
u Objetivo 5: eliminar, até 2015, as disparidades de
gênero no ensino primário e secundário, alcançando, igualdade de gêneros na
educação, visando principalmente garantir que as meninas tenham acesso pleno e
igualitário, bem como bom desempenho, no ensino primário de boa qualidade.
u Finalmente, o objetivo 6 consiste em melhorar
todos os aspectos da qualidade da educação e assegurar a excelência de todos,
de forma a que resultados de aprendizagem reconhecidos e mensuráveis sejam
alcançados por todos, especialmente em alfabetização linguística e matemática e
na capa citação essencial para a vida.
u Recentemente divulgado, o Relatório de
Monitoramento Global Educação para Todos, editado pela UNESCO é cético quanto
ao cumprimento global dos seis objetivos estabelecidos, no prazo estipulado.
Particularmente em relação ao Brasil, o relatório aponta avanços no acesso ao
ensino entre a população mais pobre, elogia o Fundeb como instrumento de
política e acrescenta que a valorização dos professores é crítica para a
solução dos problemas.
u Acrescenta que, em relação ao primeiro
objetivo, o Brasil tem fortes chances de atingi-lo, no tocante à educação
primária universal e à habilidade de jovens e adultos. Quanto ao segundo
objetivo, Brasil
se situa entre o grupo de países que conta com boas possibilidades, mas o
progresso alcançado nas condições de acesso não é igual ao verificado quando
são consideradas as taxas de repetência e abandono. A universalização da
educação primária não tem significado a universalização do acesso aos
conhecimentos básicos.
u Em relação aos quatro objetivos restantes, o
relatório aponta que as desigualdades entre as condições de acesso e os
aproveitamentos escolares entre os jovens e adultos brasileiros pode prejudicar
o objetivo 3. Ademais, o progresso alcançado pelo país não deverá ser
suficiente para at ingir a redução desejada no objetivo 4. A paridade e a
igualdade de gêneros, contempladas no objetivo 5, não deverão ser alcançadas
pelo Brasil até 2015 e é considerado improvável atingir o objetivo 6.
u Além da baixa qualidade do ensino, o
número de analfabetos deprecia o país, situando-o como a oitava maior população
de analfabetos do mundo. Com 34,2% da população latino americana, o Brasil
concentra, envergonhado, 38,5% dos analfabetos na mesma região.
Paulo Márcio de Mello
paulomm@paulomm.pro.br
Professor da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
A coluna EMPRESA-CIDADÃ é publicada, desde 2001,
toda quarta-feira,
no centenário jornal Monitor Mercantil (www.monitormercantil.com.br).
Através
dela, são apresentados casos de
empreendedores e empresas,
pesquisas,
resenhas, editais ou agenda, relativos
à responsabilidade social, à sustentabilidade e ao desenvolvimento sustentável.
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