quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Educação (I)
                                                               
O Relatório de Monitoramento Global Educação para Todos, editado pela Unesco é cético quanto ao cumprimento global, até 2015, de seis objetivos educacionais pactuados. Particularmente em relação ao Brasil, além da baixa qualidade do ensino, estamos situados como a oitava maior população de analfabetos do mundo. Aparentemente, sem ficar com a cara vermelha de vergonha.
 
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Quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
EMPRESA-CIDADÃ
por Paulo Márcio de Mello*
 
u      Há no mundo cerca de 774 milhões de pessoas com mais de 15 anos que não são capazes de ler um pequeno texto, nem escrevê-lo. Destes, 123 milhões são jovens, com idade compreendida entre 15 e 24 anos. Entre todos os analfabetos, 493 milhões são mulheres e 76 milhões delas são jovens compreendidas entre os 15 e os 24 anos. Nos últimos anos, apesar do número absoluto de jovens mulheres analfabetas ter diminuído, a proporção aumentou em relação aos homens jovens.
 
u      Apenas nove países concentram 71% de todas as jovens analfabetas: Índia, Paquistão, Nigéria, Etiópia, Bangladesh (único em que há mais analfabetos entre jovens do sexo masculino), República Democrática do Congo, Tanzânia, Egito e Burkina Faso. Estima-se que, independentemente de estarem na escola ou não, 250 milhões de crianças e jovens de ambos os sexos, até 15 anos, não dispõem das habilidades básicas de leitura e escrita.
 
u      Movidos por este cenário dramático, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2000, liderou a edição de seis objetivos para a educação, a serem atingidos até 2015, como compromisso firmado por mais de cento e noventa países. São os seguintes.
 
u      Objetivo 1: ampliar e aperfeiçoar os cuidados e a educação para a primeira infância, especialmente no caso das crianças mais vulneráveis e em situação de maior carência.
 
u      Objetivo 2: assegurar que, até 2015, todas as crianças, particularmente as meninas, vivendo em circunstâncias difíceis e as pertencentes a minorias étnicas, tenham acesso ao ensino primário gratuito, obrigatório e de boa qualidade.
 
u      Objetivo 3: assegurar que sejam atendidas as necessidades de aprendizado de todos os jovens e adultos através de acesso equitativo a programas apropriados de aprendizagem e de treinamento para a vida.
 
u      Objetivo 4: alcançar, até 2015, uma melhoria de 50% nos níveis de alfabetização de adultos, especialmente no que se refere às mulheres, bem como acesso equitativo à educação básica e contínua para todos os adultos.
 
u      Objetivo 5: eliminar, até 2015, as disparidades de gênero no ensino primário e secundário, alcançando, igualdade de gêneros na educação, visando principalmente garantir que as meninas tenham acesso pleno e igualitário, bem como bom desempenho, no ensino primário de boa qualidade.
 
u      Finalmente, o objetivo 6 consiste em melhorar todos os aspectos da qualidade da educação e assegurar a excelência de todos, de forma a que resultados de aprendizagem reconhecidos e mensuráveis sejam alcançados por todos, especialmente em alfabetização linguística e matemática e na capa citação essencial para a vida.
 
u      Recentemente divulgado, o Relatório de Monitoramento Global Educação para Todos, editado pela UNESCO é cético quanto ao cumprimento global dos seis objetivos estabelecidos, no prazo estipulado. Particularmente em relação ao Brasil, o relatório aponta avanços no acesso ao ensino entre a população mais pobre, elogia o Fundeb como instrumento de política e acrescenta que a valorização dos professores é crítica para a solução dos problemas.
 
u      Acrescenta que, em relação ao primeiro objetivo, o Brasil tem fortes chances de atingi-lo, no tocante à educação primária universal e à habilidade de jovens e adultos. Quanto ao segundo objetivo, Brasil se situa entre o grupo de países que conta com boas possibilidades, mas o progresso alcançado nas condições de acesso não é igual ao verificado quando são consideradas as taxas de repetência e abandono. A universalização da educação primária não tem significado a universalização do acesso aos conhecimentos básicos.
 
u      Em relação aos quatro objetivos restantes, o relatório aponta que as desigualdades entre as condições de acesso e os aproveitamentos escolares entre os jovens e adultos brasileiros pode prejudicar o objetivo 3. Ademais, o progresso alcançado pelo país não deverá ser suficiente para at ingir a redução desejada no objetivo 4. A paridade e a igualdade de gêneros, contempladas no objetivo 5, não deverão ser alcançadas pelo Brasil até 2015 e é considerado improvável atingir o objetivo 6.
 
u      Além da baixa qualidade do ensino, o número de analfabetos deprecia o país, situando-o como a oitava maior população de analfabetos do mundo. Com 34,2% da população latino americana, o Brasil concentra, envergonhado, 38,5% dos analfabetos na mesma região.
 
Paulo Márcio de Mello
paulomm@paulomm.pro.br
Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
 
A coluna EMPRESA-CIDADÃ é publicada, desde 2001, toda quarta-feira,
no centenário jornal Monitor Mercantil (www.monitormercantil.com.br).
Através dela, são apresentados casos de empreendedores e empresas,
pesquisas, resenhas, editais ou agenda, relativos à responsabilidade social, à sustentabilidade e ao desenvolvimento sustentável.


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