Deixados para trás
Compreender a realidade da pobreza crônica.
É a recomendação do
Banco Mundial para quem tem
responsabilidade
sobre políticas que pretendem combate-la.
blog do professor paulo márcio
economia&arte
coluna EMPRESA-CIDADÃ
Quarta-feira, 11 de março
de 2015
Paulo Márcio de Mello*
u Cerca de 130 milhões de latino-americanos, correspondendo a dois habitantes
em cada grupo de dez, sobrevivem com menos do que o equivalente a US$ 4.00
diários, sem conhecer outra realidade por toda a vida.
u Apesar do crescimento do produto
interno não representar nenhuma garantia de melhora significativa por si só, a
situação tende a se agravar, na medida em que o PIB regional mostra um recuo de
cerca de 6%, em 2010, para 0.8%, em 2014. É o que consta do novo relatório do
Banco Mundial, denominado “Left Behind, Chronic Poverty in Latin America and
the Caribbean” (Deixados para trás: a pobreza crônica na América Latina e no
Caribe)
u Apesar do ciclo de políticas
compensatórias praticadas por diferentes países da região nos últimos vinte
anos, há uma crônica resistência da pobreza, explicada por restrições derivadas
da desestruturação no âmbito familiar e pela insuficiência de serviços
essenciais para reverter este trágico cenário, como motivação e qualificação
profissionalizante, além de serviços básicos, como saneamento, abastecimento de
água e políticas de desenvolvimento local, entre outros.
u Entre as principais conclusões
do relatório “Deixados para trás…” constam a de que há variações significativas
no desempenho dos países da região. Assim, Uruguai, Argentina e Chile apresentam taxas mais
baixas de pobreza crônica, situadas em torno de 10%.
u Por outro lado, Nicarágua, Honduras e Guatemala
registram taxas de pobreza crônica muito mais elevadas, em média de 21%. Entre
Nicarágua e Guatemala, por exemplo, as taxas de pobreza crônica oscilam entre 37%
e 50%, respectivamente.
u Outra conclusão é a de que há
variações acentuadas no interior dos países. Em um mesmo país, algumas regiões apresentam taxas
de pobreza crônica até 8 vezes maiores do que as mais baixas. Cita o Brasil como
exemplo, apontando para o estado de Santa Catarina, com a taxa de pobreza
crônica em torno de 5%. Por outro lado, no Ceará esse índice chega a 40%.
u A pobreza crônica, apesar de se
apresentar mais alta na área rural, ocorre tanto nesta quanto na área urbana.
Esta outra conclusão do estudo decorre da constatação de que em países como Chile, Brasil, México, Colômbia e
República Dominicana, foram observados mais pobres crônicos nas áreas urbanas do
que nas áreas rurais, entre 2004 e 2012.
u No Peru, outro exemplo, os portadores de
tuberculose vivem, em grande parte, nas favelas de Lima. Deles, 43% se
mostraram propensos a abandonar o tratamento antes da cura, por se sentirem deprimidos
com o diagnóstico. Foi criado então um programa para superar este obstáculo à
cura. O programa oferece tratamento gratuito e disponibiliza psicólogos
clínicos, com o objetivo de tratar a depressão. Oferece também apoio para identificar
oportunidades de atividades capazes de promover a geração de renda para as
pessoas afetadas pela doença.
u Exemplos de bons programas de compensação social
não faltam. É o caso do programa denominado “Chile Solidario”, ou o “Red
Unidos”, na Colômbia, que empregam trabalhadores sociais para
estabelecer um intercâmbio entre os beneficiários e os programas sociais que
tratam das necessidades específicas das famílias.
u O Banco Mundial propõe que os formuladores de
políticas públicas na América Latina reavaliem o enfoque dos programas de
redução da pobreza, com base no estudo, utilizando-o para melhor compreender a
realidade da pobreza crônica e onde ela se localiza.
Instituto Ethisphere
Desde 2007, o Instituto Ethisphere, norte
americano, relaciona as “empresas mais éticas do mundo”, aquelas que “vão além
do discurso de que fazem negócios com ética e transformam palavras em ação”.
Apenas duas empresas brasileiras já apareceram no ranking, que é agrupado por setores
produtivos.
A Natura figurou na primeira lista, de 2007, no
setor de produtos de consumo, junto com as empresas Bright Horizons (EUA),
Hindustan Lever (EUA), Kao Corporation (Japão) e Johnson & Sons (EUA).
Depois desse ano, voltou ao ranking nos
anos de 2011, 2012, 2013 e 2014.
Desde 2014, outra empresa brasileira, o Banco do
Brasil, passou a constar do ranking,
no setor dos bancos com atuação nacional. Em 2015, repetiu a inclusão na lista,
como já noticiou o Monitor Mercantil, junto com o National Australia Bank e com
o Australia Teachers Mutual Bank.
Foram destacadas 132 empresas, de 21 países e de
mais de 50 setores de atividades. Entre as empresas, 15 foram ranqueadas em
todos os nove anos de existência da distinção. A metodologia pontua as empresas
em aspectos diversos de cinco requisitos: Ética e programa de compliance;
Cidadania corporativa e responsabilidade socioambiental; Cultura para a Ética;
Governança e Liderança, inovação e reputação.
Paulo Márcio de Mello
Professor da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
A coluna
EMPRESA-CIDADÃ é publicada, desde 2001, toda quarta-feira,
no centenário
jornal Monitor Mercantil (www.monitormercantil.com.br).
São mais de 600
edições apresentando casos
de empreendedores e empresas,
pesquisas, resenhas, editais ou agenda, relativos à sustentabilidade,
à responsabilidade social e
ao desenvolvimento sustentável.
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