Entrevista com Luan Oliveira Bernardo
“Mudar a cara da elite intelectual do país”. Este é
o objetivo do Instituto Ismart, nas palavras do estudante de economia Luan
Oliveira Bernardo. Luan fala sobre a sua trajetória e como ela cruzou com a do
Instituto Smart. Acompanhe.
blog do professor paulo márcio
economia&arte
Quarta-feira, 11 de junho de 2014
EMPRESA-CIDADÃ
Paulo Márcio de Mello*
Como
é a sua vida hoje?
Sou aluno do 5º período de Economia da UERJ. Fui um dos integrantes
do Centro Acadêmico na gestão passada e tentei fazer o que estava ao meu
alcance para melhorar o curso. Fui um dos organizadores e realizadores da IV
Semana de Economia. Posso não ter tido excelente aproveitamento em uma ou outra
disciplina devido à alguma complicação externa ou por não ter tido tempo
necessário para me dedicar ao máximo na matéria. Entretanto, me esforço para
que isso não aconteça.
A UERJ é uma universidade pública e gratuita, mas ainda assim estudar
tem despesas. Como você enfrenta esta dificuldade?
Sou bolsista, desde o ano de 2007, do Instituto Ismart
(Instituto Social Para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos, http://www.ismart.org.br/).
Ele foi criado em 1999 por Marcel Telles, com o objetivo de conceder bolsas de
estudo integrais para alunos talentosos, de baixa renda, nas melhores escolas
do país - tendo em vista a debilidade do ensino escolar público. Com isso,
esses alunos têm ferramentas para disputar uma vaga na universidade com alunos
que sempre estudaram em escolas particulares, além de carregarem uma bagagem
cultural grande.
O que faz o Insituto Smart?
O objetivo do instituto, mais profundamente, é mudar a
cara da elite intelectual do país, fazendo com que esses jovens, no futuro,
sejam capazes de refletir sobre as verdadeiras necessidades do país e de ajudar
a transformá-lo. O instituto é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que
identifica jovens talentos de baixa renda, de 12 a 14 anos de idade, e concede
a eles bolsas
em escolas particulares de excelência e o acesso a programas de
desenvolvimento e orientação profissional, do ensino fundamental à
universidade.
Qual é a missão do Instituto Ismart?
A missão do instituto é concretizar o pleno potencial
profissional de jovens talentos acadêmicos de baixa renda através de programas
calcados na valorização da excelência, da ética e da criatividade produtiva. A
atuação do Ismart está pautada na convicção de que jovens talentos podem ser
encontrados em todas as camadas da população, independentemente de faixa de
renda, origem étnica ou social. A instituição acredita que, com acesso à
educação de qualidade os bolsistas podem sonhar mais alto e atingir o sucesso
profissional.
Como você ingressou no programa do Instituto?
No ano de 2006 (aos 13 anos) eu cursava a antiga 6ª
série do ensino fundamental em uma escola municipal em Botafogo. Participei do
processo seletivo para o instituto e passei em suas 5 fases. No ano seguinte,
fui estudar no Colégio São Bento, com bolsa integral. Era uma espécie de
"curso preparatório" para as provas que faria no final do ensino
fundamental. Tive aula de todas as matérias com os professores de lá, assim
como outros alunos do Ismart.
Era uma rotina intensa?
Estudava na parte da manhã no São Bento e, pela tarde,
ainda estava matriculado na escola municipal. Foi uma dupla jornada que
consegui levar durante dois anos (2007 e 2008). À noite, nas terças e quintas,
cursava inglês, também com bolsa, mas não do Ismart, e nos finais de semana
(além de estudar), andava de bicicleta, esporte que pratico até os dias de
hoje. Claro, para conseguir acompanhar o nível do São Bento (que era bem
distante da escola municipal) precisei estudar bastante.
Estudou em outras escolas?
No ensino médio, consegui bolsa em outros colégios
particulares e passei em alguns públicos (Pedro II e Cap UFRJ). Optei por não
ficar no São Bento e decidi estudar no pH, em Botafogo, também com bolsa
integral concedida pelo Ismart. Quando digo bolsa integral, ganhava não só a
mensalidade (quase R$ 3.000), mas também material, transporte e alimentação. Ao
final do ensino médio, passei em quase todas as faculdades e acabei escolhendo
a UERJ.
O que mais faz, além do curso de economia na UERJ?
Moro em um edifício em Laranjeiras, no Rio de
Janeiro, desde que nasci, no qual meu
pai é o porteiro chefe, há cerca de 30 anos. Aqui, um dos porteiros não era
alfabetizado. Consegui ajudá-lo e, depois de um tempo, ele ingressou no ensino
regular. Ademais, comecei a trabalhar já no início da faculdade, sendo monitor
no colégio pH durante um ano. Atualmente estagio em uma empresa do setor
elétrico e faço parte de um comitê de alunos do Instituto Ismart, que tem como
objetivo otimizar alguns processos e melhorar o instituto para os bolsistas,
tendo em vista nossas demandas para alcançar bons resultados acadêmica e
profissionalmente. Além de estudar em nossa faculdade, faço curso de espanhol,
no mesmo curso que fiz inglês, também com bolsa, aos sábados.
Gostaria de acrescentar algo mais para os jovens que estão conhecendo
agora o Instituto Ismart?
Por fim, não me alongando demais, gostaria que os
possíveis interessados se informem sobre o processo seletivo, e
assim, outros jovens como eu poderão ter uma oportunidade de alcançar
melhores condições de vida e, mais importante, ajudar a melhorar o país.
Paulo Márcio de Mello
Professor da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ)
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