sábado, 18 de outubro de 2014

O guizo no gato...
                                                             
Nestle, Coca-Cola, Ypê, Natura, Eletrolux, Sansung, Fiat, Walmart, Hering, Pão de Açúcar, Ultrafarma, McDonalds, Leroy Merlin, Mercado Livre e TAM são destaques no estudo realizado pela Shopper Experience sobre consumo consciente.

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Quarta-feira, 18 de junho de 2014
Coluna EMPRESA-CIDADÃ
Paulo Márcio de Mello*

u      No Brasil, o conceito de consumo consciente é mais bem representado pelas empresas Nestlé, na área de alimentos, para 26,4% dos consumidores; Coca-Cola, na área de refrigerantes (para 21,3% dos consumidores); Ypê (limpeza, para 23,7% dos consumidores); Natura (higiene pessoal e perfumaria, para 60,8% dos consumidores); Electrolux (eletrodomésticos, para 22,3%, dos consumidores); Sansung (Eletrônicos, para 19,4% dos consumidores); Fiat (carros nacionais, para 10,4% dos consumidores); Walmart (Varejo eletro, para 15% dos consumidores); Hering (varejo moda, para 29,2% dos consumidores); Pão de Açúcar (supermercado, para 29,9% dos consumidores); Walmart (hipermercados, para 15,6% dos consumidores); Ultrafarma (farmácia, para 15% dos consumidores); McDonald’s (fast-food, para 10,7% dos consumidores); Leroy Merlin (varejo materiais de construção, 27,8% dos consumidores); Mercado Livre (loja virtual, para 8,9% dos consumidores) e TAM (companhias aéreas, para 18,2% dos consumidores).

u      As práticas ambientais de consumo consciente associadas a empresas pelos consumidores são, em primeiro lugar, a utilização de materiais recicláveis e a reciclagem de lixo, com 59,8% e 59,0%, respectivamente. A não realização de testes de produtos em animais foi apontada em 34,38% das respostas.

u      No aspecto econômico, as empresas mais associadas ao consumo consciente são as que realizam programas de educação financeira para orientação do consumidor (48,5% das respostas) e têm programas de capacitação socioambiental para os colaboradores (48,0%).

u      No campo social, as empresas que merecem mais destaque são as que mantêm patrocínio ou apoio a projetos e causas sociais (51,1%), seguidas pelas que apoiam a educação do consumidor a respeito de práticas para um modo de vida mais sustentável (50,8%).

u  São conclusões do estudo conduzido pela Shopper Experience (www.shopperexperience.com.br), presidida por Stella Kochen Susskind, que registra, em 63,6% das respostas, que é do consumidor a responsabilidade pelas práticas de consumo consciente e, em 57,27% das respostas que é de governos a maior responsabilidade. Como principais responsáveis seguem empresas brasileiras (46%); empresas multinacionais (45,3%); organizações internacionais (36,5%); ONGs (36,2%); países ricos (32%); e países pobres (28,1%).

u      Foram realizadas 1.520 entrevistas, com homens e mulheres, das classes A, B e C, de 21 anos a 65 anos, residentes nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Curitiba. O estudo foi idealizado por Roberto Meir e realizado em parceria com a revista Consumidor Moderno (www.printeccomunicacao.com.br/).

u      O estudo apresenta também, como iniciativas do cidadão mais associadas ao consumo consciente, o não desperdício de água (64,1% das respostas); reciclagem e separação do lixo (60,8%); economia de energia elétrica (59,1%); compra de produtos de empresas socialmente responsáveis (52,1%); evitar descarte de alimentos (44,3%); compra de produtos orgânicos (42,8%); utilizar o transporte público (41,1%); utilizar-se de carro, dividir com caronas (40,4%); trocar o carro pela bicicleta (38,8%); e não consumir produtos testados em animais (30%).

u      Entre os aspectos econômicos, o consumo consciente manifesta-se ao evitar compras por impulso (alternativa mais apontada, com 57,6%, entre as alternativas). No plano social, a prática mais associada ao consumo consciente pessoal é evitar comprar produtos de empresas envolvidas em casos de exploração infantil e trabalho em locais inadequados (apontada com 55,3%, entre as alternativas apresentadas).No âmbito das práticas ambientais pessoais, consta, com maior frequência, a utilização de materiais recicláveis (apontada com 59,8%, entre as alternativas apresentadas).

O texto “Price Competition in 1955” (http://ablemesh.co.uk/PDFs/journal-of-retailing1955.pdf), do consultor de marketing Victor Lebow, é considerado um marco na transformação da sociedade de abastecimento, vivida até então, para a sociedade de consumo exacerbado dos nossos dias.

u     Diz ele que “(...) nossa economia enormemente produtiva requer que façamos do consumo o nosso modo de vida, que convertamos a compra e o uso de mercadorias em rituais (…) que busquemos a nossa satisfação espiritual ou do nosso ego no consumo (…) a medida do status social, da aceitação, do prestígio, está baseado em nosso padrão de consumo (...) a maior coerção sobre o indivíduo para formá-lo na defesa e aceitação dos padrões, tenda a expressar suas aspirações e individualidade em termos do que ele usa, dirige, come – sua casa, seu carro, seu padrão alimentar, seu lazer (...) nós precisamos de coisas consumidas, destruídas, gastas, substituídas e descartadas numa taxa continuamente crescente”.

u      As críticas a esta era de consumo, estão simbolizadas pela publicação, em 1972, do relatório intitulado Os Limites do Crescimento também conhecido como Relatório do Clube de Roma, ou Relatório Meadows, elaborado por uma equipe do MIT, contratada pelo Clube de Roma e chefiada por Dana Meadows. Começam então constatações, como as de que o planeta não dispõe dos recursos para manter este padrão de consumo, nem de receber todos os resíduos nele dispostos.

u      Hoje, a compreensão de que a mudança urgente e necessária é questão de sobrevivência já aparece em estudos. Resta saber como 99% da Humanidade vai colocar o guizo no gato do 1% privilegiado por este sistema.

Paulo Márcio de Mello
Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

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