quarta-feira, 21 de junho de 2017

A  sofisticada rede varejista internacional, com origem espanhola,
ZARA,
e o  Ministério Público do Trabalho (MPT-SP),
assinaram outro termo de ajuste de conduta (TAC),
em um desdobramento do caso de 2011,
em que a empresa foi acusada de negligenciar ante o trabalho
análogo ao trabalho escravo, na sua cadeia de fornecedores.

coluna EMPRESA-CIDADÃ,
publicada toda quarta-feira no centenário
jornal Monitor Mercantil, desde janeiro de 2001.

Quarta-feira, 21 de junho de 2017
por Paulo Márcio de Mello.*

ZARA, de novo...

A sofisticada rede varejista internacional, com origem espanhola, Zara e o Ministério Público do Trabalho (MPT-SP), assinaram outro termo de ajuste de conduta (TAC), em um desdobramento do caso de 2011, quando a empresa foi acusada pela prática de trabalho análogo ao escravo ou trabalho infantil, na cadeia de produção de roupas da empresa.

Segundo informou o MPT (São Paulo), a Zara deverá pagar multa de R$ 5 milhões, a título de “investimento social”, pelo descumprimento de compromissos ajustados no sentido de melhorar as condições de trabalho em sua cadeia de valor no Brasil.

Apesar de não ter honrado cláusulas do TAC assinado em 2011, o comunicado ressalta que não houve "efetiva constatação de trabalho em condições análogas à de escravo nos fornecedores e terceiros da empresa compromissada".

"O MPT em São Paulo entendeu por bem propor novo TAC para dirimir dúvidas de interpretação existentes em relação ao acordo anteriormente descumprido, bem como para fortalecer a responsabilidade jurídica da Zara em sua cadeia produtiva, alcançando responsabilidade imediata e objetiva inclusive quando verificada a presença de trabalho proibido de crianças e adolescentes nos quadros de funcionários de seus fornecedores ou terceiros", informou o MPT.

O novo acordo prevê também o aumento do valor das multas em caso de seu efetivo descumprimento pela Zara.

O valor de R$ 5 milhões estabelecido será revertido para projetos sociais que visem à reconstituição do bem lesado, especialmente nas áreas de trabalho em condições análogas às de escravo ou às de infantil.

O TAC assinado em 2011 estipulava o pagamento de R$3,150 milhões, na forma de projetos de parceria com ONGs, com vistas à melhoria das condições de trabalho na cadeia de valor.

Em uma era em que se chega a suspeitar de que há quem gostaria de ver a Lei Áurea revogada; em que o projeto chamado pelo governo de “reforma trabalhista”, nítido sequestrador de direitos do trabalhador, é derrotado na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, por uma diferença de apenas um voto; e em que se sucedem listas de empresas inadimplentes com a Receita Federal e com a Previdência, resta torcer para que o MPT consiga efetivar o TAC.

Já que não parece absurdo considerar que uma grife tida como “elegante” e “muito cara”, com quase dez endereços em New York, três dos quais na caríssima 5th Ave (101, 500 e 666) seja negligente com a possibilidade de ter trabalho análogo ao trabalho escravo em sua cadeia de fornecedores e de canais de distribuição e vendas

Apoio à UERJ, à UENF e à UEZO.
Pesquisadores da UERJ publicam artigo na revista Science,
denunciando os graves riscos que ameaçam
as universidades públicas brasileiras.


A revista Science tem na comunidade cientifica internacional o conceito de uma das mais importantes fontes de conhecimento científico mundial. Na edição de 26 de maio de 2017, na seção “Letters”, a Science traz um artigo da autoria de Carla C. Siqueira e Carlos Frederico da Rocha, ambos pesquisadores do Departamento de Ecologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

A matéria versa sobre a grave situação a que estão submetidas as universidades públicas brasileiras, neste momento. O caso da Uerj é tratado de forma mais detalhada e o artigo traz aspectos do desmanche que está em curso, tanto na infraestrutura física, como nas condições de trabalho a que estão submetidos os servidores da Universidade, a começar pela falta do pagamento de salários.

Hoje, estão sem receber o 13º salário de 2016, o mês de maio de 2017 e, referente a abril de 2017, receberam tão somente uma fração fixa limitada a duas parcelas, a primeira de R$700,00 e a outra de R$300,00, sem nenhuma informação responsável sobre a data da integralização destes pagamentos devidos por parte do governo do estado, a mais de 200 mil servidores, aposentados e pensionistas. Situação análoga, diferindo em detalhes, acomete às outras universidades públicas estaduais, a UEZO e a UENF.

Além de prever os riscos que poderão ser causados por uma privatização forçada da UERJ, o artigo ainda aponta para o problema da evasão de cérebros que deverá afetar a condição de funcionamento de grupos de pesquisa inteiros e, consequentemente, a capacidade brasileira de produzir ciência de alto padrão.


Paulo Márcio de Mello
*Professor da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

http://pauloarteeconomia.blogspot.com

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