Pão e circo
Quarta-feira, 05 de junho de 2013
coluna EMPRESA-CIDADÃ
coluna EMPRESA-CIDADÃ
Paulo Márcio de Mello*
Neymar Jr, 21 anos, foi recepcionado no
Camp Nou, estádio do seu novo clube, o Barcelona, por cerca de 56 mil
torcedores do time catalão, em plena segunda-feira. O seu passe foi adquirido
por 57 milhões de euros (equivalentes a R$ 157,8 milhões), tendo sido fixada uma
multa, na hipótese de rescisão de contrato, de 190 milhões de euros, ou R$ 526
milhões.
Há detalhes obscuros na transação, como o adiantamento
de 10 milhões de euros (R$ 27,7 milhões), há cerca de dois anos, para comprometer
quem os recebeu com a negociação. O que não foi esclarecido é a identificação
dos beneficiários. Outro aspecto não informado é o da partilha do valor do
passe, entre o Santos, a DIS, a Teisa e o próprio Neymar Jr.
Menos de uma semana antes, a Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgava as previsões
para a Espanha em 2013 e 2014. A recessão na Espanha deverá continuar no ano em
curso, com o elevado endividamento do setor privado, que dificultará a procura
interna, segundo a análise da OCDE.
Pelo estudo, a economia espanhola deverá
retroceder 1,7% em 2013, recuo maior do que o previsto em novembro de 2012 pela
própria OCDE. Para 2014, o estudo prevê uma tênue recuperação, devida,
essencialmente, à melhoria nas exportações, crescendo 0,4%, expectativa
inferior à divulgada no relatório de novembro de 2012.
Em relação ao desemprego, os dados são
dramáticos, podendo atingir 27,3%, em 2013, e 28%, em 2014. Na Espanha, a taxa
de desemprego é a maior do continente europeu e, entre os jovens, assume tons
ainda mais fortes.
Dos espanhóis com até 25 anos, 50,5%
estavam desempregados, em fevereiro, segundo o Eurostat, bureau de estatísticas
da União Européia. Na zona do euro, a quantidade de pessoas desempregadas subiu
para 17,134 milhões, o número mais alto desde que os registros começaram a ser
produzidos, em janeiro de 1995.
Panem et circenses, a política criada na Roma antiga, que privilegiava a oferta
de comida e diversão ao povo, para conter a insatisfação, continua atual?
Conflito de interesses
No premiadíssimo documentário “Trabalho
Interno” (“Inside Job”, 2010), um dos aspectos que o diretor Charles Ferguson
aborda didaticamente é o das relações promíscuas entre academia, empresas e
governos, com o financiamento de pesquisas que contribuem para alargar os
mercados de muitas empresas que remuneram estudos apresentados como
cientificamente neutros ou isentos. A academia muitas vezes silencia sobre o
conflito de interesses entre financiamento e os resultados dos estudos,
agravando a questão. Vale a pena assistir.
Nesta semana, o periódico especializado Proceedings
of the National Academy of Sciences (www.pnas.org)
divulgou os resultados da pesquisa “Marital satisfaction and break-ups differ
across on-line and off-line meeting venues”, conduzida por John T. Cacioppo,
Stephanie Cacioppo, Gian C. Gonzaga, Elizabeth L. Ozburn e Vanderweele J.
Tyler. A pesquisa foi baseada em entrevistas junto a uma amostra representativa
da população norte americana, composta por 19.131 pessoas, que se casaram entre
2005 e 2012.
Na faixa etária compreendida entre 30 e
49 anos, 54% dos entrevistados revelaram ter encontrado o cônjuge através da
internet, 22% no trabalho, 19% através de amigos, 9% em bares ou casas noturnas
e 4% na igreja. Considerando-se as outras faixas etárias, mais de um terço das
uniões começaram na rede.
Observando os casais que se separaram
durante os sete anos de realização do estudo, os pesquisadores concluíram que
5,96% dos casais que se casaram após se conhecerem pela internet tinham
terminado a relação. Entre os que se conheceram fora da rede, o percentual é
significativamente maior (7,67% dos casais).
Um questionamento aberto pela pesquisa
refere-se ao fato de que ela foi encomendada pelo site de relacionamentos
eHarmony.com, responsável por quase um quarto de todos os casamentos realizados
nos EUA, pela rica indústria do namoro pela internet. John T. Cacioppo admitiu
ser profissional remunerado pelo site, mas acrescentou ter observado procedimentos
propostos pela Associação Médica Americana. Prevalece a pesquisa ou o conflito
de interesses?
Bom pra cachorro
A rede Starbucks acaba de abrir uma das
suas lojas, localizada no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo (SP), com um espaço pet, destinado a animais de estimação
dos clientes. A área possui um bebedouro e serve para abrigar cães, enquanto os
seus responsáveis tomam café.
Paulo Márcio de Mello
Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
A coluna EMPRESA-CIDADÃ é publicada, desde 2001,
toda quarta-feira, no jornal Monitor Mercantil (www.monitormercantil.com.br).
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A história da sociedade humana se caracteriza pela repetição de fatos gerações após gerações. É significativo que à medida em que a educação da sociedade aumenta, há uma queda significativa da probabilidade dela se deixar enganar por este tão antigo artifício. Entretanto, pesquisas tem demonstrado que o controle social que se está agora a implantar tem base na propaganda, que o Governo atual demonstrou cabalmente durante as recentes manifestações, que na central de Inteligência reunida para discutir como proceder diante do “caos”, a figura ilustre do publicitário de plantão do Planalto estar presente.... Necessitamos portanto, incluir em nosso dia-a-dia mais e mais, a atenção ao que se divulga frente à realidade dos fatos, da vida, do quotidiano... Temos que cultivar um pensamento independente-questionador, porém aberto a novas idéias, mas coerente com “bons princípios” que norteiem o bem estar social. Esta última parte per si já gera infindáveis discussões, mas vamos nos ater ao fato de que por agora, estamos alertando para estarmos vigilantes a inundação de informações e contra-informações que têm inundado a sociedade através das mais diversas mídias, principalmente a Intenet (como mídia) e televisão... buscando tão somente nos direcionar, entreter, desviar o foco do principal e realmente importante, até com a utilização de informações subliminares, que em tese estariam proibidas....
ResponderExcluirDe fato, cinema ,rádio e televisão desde seus respectivos nascimentos,além de modo de expressão e ferramenta de escape para a criatividade humana,vem trazendo inúmeras mudanças,às vezes avanços, em nossos padrões comportamentais .Apesar de um aparente esforço por parte das autoridades de proteção às crianças e pessoas sensíveis,que através de um risível sistema de classificação etária aplicado a filmes,programas de t.v e até venda de CDs,tenta fingir dar alguma importância ao material que chega aos olhos e ouvidos dos menores,é óbvio que qualquer um tem acesso a qualquer tipo de informação,imagem ,ou outro tipo de entretenimento sem nenhum tipo de restrição,principalmente devido à ruína da instituição da família e ao surgimento da rede mundial de computadores.
ResponderExcluirA questão é que tanto cinema quanto o rádio e tv, dispõem de recursos característicos para otimizar seu desempenho e atingir da melhor forma a proposta de seus mentores.Efeitos especiais,trilhas sonoras,sonoplastia,iluminação,intervalos comerciais(mensagens subliminares hehe!),tudo em prol de um propósito ,seja ele a arte ou o dinheiro e fama.Fico imaginando como seria nossa sociedade se não tivesse sido recheada e bombardeada desde sempre por essas inúmeras produções nível C de entretenimento,e me pergunto também o quanto isso é nocivo à nossa formação intelectual .Certamente não devo reservar uma linha para esclarecer minha admiração por todos os tipos de arte,nem deve ser necessário explicar também que minha crítica,no sentido chato da palavra,é uma conseqüência da observação da possibilidade de fonte de renda que esses meios trazem,e que por isso puderam gerar "estes" frutos por mim repulsados.
Em Paralelo à isso lá está ela,a boa e velha vida real.Tão poderosa e importante,as vezes passa despercebida e por vezes odiada por aqueles acostumados a trilhas e ritmo frenético de acontecimentos.
Um amigo viciado tendo sua vida paralisada por conflitos pessoais não tem tanta graça quando comparado a trama cheia de ângulos vertiginosos, de vampiros apaixonados ou à conflitos intergaláticos com personagens por sua vez também intergaláticos.Mesmo quando o assunto é a realidade do cotidiano,com todas as suas imperfeições em uma sociedade como a nossa por exemplo,a tensão nos olhos e o franzir da testa não duram muito mais que alguns minutos.As crianças miseráveis na África,desastres naturais ,o tráfico ,nada disso ,ganha proporções de indignação merecidas.A verdade é que ninguém se arrisca a ir tão longe ,e acaba apenas por escrever algo num blog de nome engraçado ou cativante,ou a postar fotografias de mazelas provocadas por suas próprias acomodações.
Pra quem for hiper inteligente a ponto de conseguir bolar um plano revolucionário(porque eu não sou) com termos racionalmente aceitáveis,(e que pelo menos por enquanto não faça menções à danos ao patrimônio da Rede Globo (porque ainda é cedo),"estamos ai".
13/11/2011
"é que sofremos com um sentimento de iniquidade, uma vontade de mudança, uma tensão do espírito crítico, mas somos envergonhados por nossa incapacidade de pensar alternativas concretas." Simplesmente não dá pra ter certezas assim." (C.C)
O Brasil vive exatamente essa Política do Pão e Circo, acho que não só o Brasil, como o mundo todo. Acho que um grande exemplo disso, é o Programa Bolsa Família, o governo remunera os mais pobres, logo, eles sem muita educação ou até nenhuma, acabam por apoiar o governo. E isso acaba se tornando um ciclo vicioso, pois o governo agrada a eles em troca de fidelidade. No momento o único jeito de mudar um pouco isso, é o investimento em uma educação digna, onde cada um tenha um pensamento evoluído e não fique satisfeito com qualquer agrado, mas sim com mudanças políticas significativas.
ResponderExcluirDevido a tantos casos de corrupção que estão aparecendo nos últimos anos poderia parecer, para muitos de nós, que toda a população brasileira esteja pu%$ da vida com nossos políticos. Correto? Pois é. Mas não é bem isto o que acontece.
ResponderExcluirDe fato, se você sair conversando com as pessoas na rua, sem dúvida alguma você encontrará alguns que dirão que está tudo bem, que a corrupção é coisa que acontece mesmo, algo normal, etc. Isto sem falar daqueles que dirão que “tem gente se preocupando demais com coisa boba”. Como se nosso dinheiro sendo roubado fosse algo bobo.
Como exemplo disto, posso citar o twittaço #FarsaDoMensalão, que ocorreu no dia 10 de abril de 2012. Quer dizer, dinheiro foi desviado (e a origem do dinheiro ainda nem está totalmente clara), distribuído para compra de votos no Congresso Federal, etc. e, agora, querem perdoar tudo isto, esquecer, como se “nada tivesse ocorrido”. E, entenda: para mim não importa quem começou ou quem terminou com este tipo de esquema, importa quem esteve envolvido com ele, pois estes são bandidos e jamais deveriam voltar a ser eleitos. E, óbvio, devem ser condenados na justiça.
E os resultados da política econômica neoliberal descortina-se ante os nossos olhos. A Europa está mergulhada em crise econômica, recessão, desemprego e inflação. Está claro que o mercado não se regula sozinho, a "mão invisível" provou-se mais uma vez limitada. O sistema bancário precisa ser fortemente regulado, de modo a evitar que a cobiça dos banqueiros internacional destrua a solidez da economia e o bem-estar dos indivíduos.
ResponderExcluirO circo caiu. E o presidente do Barcelona, Sandro Rosell, também.
ResponderExcluirOs resultados da contratação nebulosa de Neymar estão vindo à tona. Depois que Jordi Cases, um dos membros do Barcelona de oposição a Rosell, entrou na Justiça para ver os documentos da compra do jogador, foram divulgados os reais valores da transação. Na época, havia sido anunciado a quantia de 57,1 milhão de euros. Agora, constatou-se que foram gastos 86,2 milhões de euros. A suspeita é que Rosell tenha feito pagamentos secretos à família de Neymar para garantir a compra pelo Barcelona.
E o espetáculo "Barcelona e contratação de Neymar" continua. Quais serão os próximos atos? Mas podemos esperar por muito malabarismo nessa história. Enquanto isso, a Europa, e a Espanha em especial sofrem com a recessão e o desemprego.