quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Parceria que alimenta
                                                             
Toneladas de  alimentos deixaram de ir para o lixo
e transformaram-se em refeições para crianças, jovens e adultos
em situação de risco social, conquência da parceria
entre o Banco de Alimentos e uma rede de refeições rápidas.

blog do professor paulo márcio
economia&arte

coluna EMPRESA-CIDADÃ
Quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
Paulo Márcio de Mello*


     A parceria entre o Banco de Alimentos, organização pioneira em colheita urbana, bateu novo recorde em 2014. O Banco de Alimentos, no propósito de combater a fome e o desperdício, conta com a parceria da rede brasileira de fast-food Habib´s. Foram arrecadados mais de 41.000 quilos de alimentos por mês, dos quais cerca de 23 mil quilos foram doados pelo Habib’s.

     Mais de 41 toneladas de alimentos deixaram de ir para o lixo e transformaram-se em refeições para crianças, jovens e adultos em situação de risco social. A parceria prevê a doação do excedente de produção do Habib´s. O Banco realiza a retirada dos alimentos - que consistem em hortifrútis (de terça-feira a sábado), no centro de distribuição da rede, localizado na cidade de Itapevi (SP).

   Os alimentos doados pela rede estão sendo utilizados na complementação alimentar de mais de 21 mil pessoas, que são assistidas pelas 43 instituições cadastradas pelo Banco de Alimentos. Segundo a economista Luciana Chinaglia Quintão, fundadora e presidente da ONG Banco de Alimentos, "muitas pessoas têm a noção equivocada de que existe uma lei que proíbe as pessoas físicas e jurídicas de doarem alimentos. O que ocorre, na verdade, é que não existe uma lei que proteja o doador de uma possível ação civil ou criminal, caso haja uma queixa de intoxicação. Este fato faz com que a maioria dos possíveis doadores opte por jogar fora ou incinerar os alimentos, em vez de doá-los".

    A economista acrescenta que este fato pode explicar o fenômeno da “não doação” de alimentos, mas não justificá-lo. "Nós, do Banco de Alimentos, tomamos a responsabilidade da doação perante o doador e nos garantimos com os receptores de alimentos, que inspecionam todo o lote doado e atestam, por escrito, que o que estão recebendo está em condições perfeitas para o consumo. Com esse procedimento demonstramos que este tipo de atuação é possível e faz grande sentido."

      O Banco de Alimentos atua tratando o problema da fome na origem, a educação e o comprometimento de cada brasileiro para solução da questão. Hoje, o Brasil produz, aproximadamente, 26% a mais do que o necessário para alimentar a população. Na prática, produz muito além do que precisa e desperdiça quase 60% da produção. Em contrapartida, existem milhares de pessoas em situação de insegurança alimentar, ocasião em que o alimento está disponível, porém não em quantidade e qualidade suficiente para manutenção da saúde.

      Além disso, o país desperdiça recursos naturais para produzir todo esse alimento. Em média, o Brasil desperdiça 39 milhões de quilos de alimentos, quantia que daria para alimentar cerca de 19 milhões de pessoas diariamente com café da manhã, almoço e jantar.

      O desperdício tem um custo alto para o país, de R$12 bilhões. Segundo Luciana Chinaglia Quintão, o desperdício de alimentos está presente em toda a cadeia. "O desperdício está em 20% no plantio e na colheita; 8% no transporte e armazenamento; 15% na indústria; 1% no varejo; e 17% no consumidor", afirma a economista.

      Fundado em 1998, a partir da iniciativa da sua criadora, o Banco de Alimentos é uma associação civil que atua com o objetivo de minimizar os efeitos da fome e combater o desperdício de alimentos, permitindo que um maior número de pessoas tenha acesso a alimentos básicos e de qualidade e em quantidade suficiente para uma alimentação saudável e equilibrada.

     Os alimentos distribuídos são excedentes de comercializações, perfeitos para o consumo. A distribuição possibilita a complementação alimentar a todas as pessoas assistidas pelas instituições cadastradas no projeto, ou seja, mais de 21 mil pessoas. Desde janeiro de 1999, até dezembro de 2013, o Banco de Alimentos arrecadou 5.286.935,91 quilos de alimentos, base para 49.772.953 refeições que beneficiaram mais de 21 mil pessoas (entre crianças, jovens, adultos e idosos) por dia, evitando um grande desperdício.

      Além disso, ministrou palestras em faculdades e empresas, orientou 53 projetos científicos, realizou 31 trabalhos de orientação nutricional em instituições e supervisionou mais de 100 estagiários de Nutrição, como também estagiários de Administração Pública e de Engenharia de Produção. “A organização civil criou empregos, gerou renda, economizou para o estado de São Paulo, nas três esferas de governo, diminuiu o lixo da cidade e ajudou a garantir a formação de milhares de crianças com o objetivo de se tornarem cidadãos economicamente ativos e incluídos na sociedade.”

Paulo Márcio de Mello
Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

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