quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O melhor negócio do mundo (XIV)
                                                    
O tempo passou,
mas a visita de um grupo de jovens
de bairros periféricos ao “shopping”,
combinada através de mídias sociais,
é bastante para que tentem impedi-los,
mobilizando-se “seguranças” particulares, a polícia, a Justiça e
até mesmo o bloqueio de mídias sociais.
Não querem deixar o “rolezinho” passar
da senzala para a casa grande...
 
blog do professor paulo márcio
economia&arte
 
Quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
coluna EMPRESA-CIDADÃ
por Paulo Márcio de Mello*
 
u      Esta é a décima quarta edição da coluna Empresa-Cidadã com o título “O melhor negócio do mundo”. A coluna começou a ser publicada no jornal Monitor Mercantil em 17 de janeiro de 2001, acumulando, até hoje, cerca de 650 edições, com o propósito básico de estimular o senso crítico sobre conceitos e práticas de responsabilidade socioambiental.
 
u      Muitas coisas aconteceram ao longo de treze anos que influenciaram os conceitos e valores da responsabilidade social e outros que deles derivaram. Nestes anos, a realidade superou a ficção, não faltando nem mesmo o ataque de “Godzillas” ao território norte-americano, na forma de aviões arremessados contra as torres, símbolos do capitalismo neoliberal.
 
u      Godzilla, monstro gerado por explosões nucleares que, originalmente, atacava o povo japonês, é uma criação do cinema de Tomoyuki Tanaka (produtor), Ishiro Honda (diretor) e Eiji Tsuburaya (efeitos). Em assimetria ética, ao longo dos 28 filmes da série iniciada em 1954, alterna a condição de vilão ou de herói, contradição característica do século XX, que afligiu outras personagens, como as grandes corporações empresariais.
 
u      Símbolos de inovação, eficiência, geração de empregos e de arrecadação tributária, as corporações são também identificadas como principais responsáveis pela explosão do consumo, que acarreta degradação ambiental sem precedentes na história da Humanidade e injustiça social.
 
u      A explosão consumista que as beneficia só é possível com base na externalização de custos, habilidade perversa que desenvolveram além do limite do tolerável. Comprometem assim a diversidade de espécies, florestas, água potável e o futuro de gerações e gerações de “não-cidadãos”.
 
u      Exemplo significativo de externalização de custos é o do uso dos combustíveis fósseis, como o petróleo. Nenhuma estimativa sobre o custo do barril é inferior ao dobro do que hoje é praticado, se fossem considerados os custos que são externalizados, sem remunerar os agentes penalizados pela exploração. Não há, no entanto, petroleira que não disponha de belos programas de responsabilidade social ou de sustentabilidade...
 
u      O ano de 1954, do nascimento da série Godzilla, é curiosamente o mesmo ano do nascimento de outras personagens que encarnam características contraditórias de Godzilla, ora herói, ora vilão, como Angela Merkel (chanceler alemã), e Condoleezza Rice (secretária de estado do governo George W. Bush, madrinha da guerra contra o Iraque).
 
u      Brasil adentro e mundo afora, surgiram movimentos de denúncia e resistência, caracterizados por pautas diversificadas, que conferem uma capacidade de adaptação, compatível com a velocidade das transformações necessárias e com o imediatismo da comunicação. São “movimentos de escopo”, mais flexíveis do que os de objetivo definido.
 
u      Inovadores também na descentralização e fluidez das lideranças, sem um lider concentrador. O recurso às redes sociais, como elemento aglutinador, complementa um conjunto de características novas da locução política e privilegia também a participação dos segmentos jovens da população.
 
u      Assim como os grupos Adbusters, US Day of Rage, Anonymous (com as suas máscaras características de Guy Fawkes), e o New Yorkers Against Budget Cuts (Nova-iorquinos contra os cortes no orçamento), o movimento Occupy Wall Street (OWS), talvez o mais notório deles, na origem da mobilização, há pouco mais de dois anos, foi mal compreendido, nestas características inovadoras. Como se viu nas grandes mobilizações de junho, no Brasil, ocupar tornou-se a palavra da resistência, porém.
 
u      “Rolezinho” é como começou a ser chamado um curioso movimento de jovens da periferia dos principais centros urbanos do país. Mobilizados pelas redes sociais, dezenas (por enquanto) de jovens convergem para um “shopping center”.
 
u      Planejados como o “não-lugar”, os “shoppings”, santuários do consumo, são arquitetados para não se perceber a passagem do tempo (ambientes fechados), nem o clima (temperatura controlada), para não opor resistência ao deslocamento (escadas rolantes e piso de granito), e para promover uma estética hegemônica (as mesmas grifes), entre outros aspectos.
 
u      Quando estes jovens que não se enquadram na estética dominante lotam os “shoppings”, as contradições são reveladas de imediato. Os que se sentem ameaçados recorrem aos “seguranças”, à polícia ou mesmo à Justiça, para impedir o ingresso dos jovens, como se vê nestes primeiros dias de janeiro de 2014.
 
u      Treze anos após a primeira edição da coluna Empresa-Cidadã, o discurso corporativo tornou-se uma salada de conceitos éticos, mas ainda prevalece a concepção de que só é cidadão quem é consumidor.
 
Paulo Márcio de Mello

Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

 

A coluna EMPRESA-CIDADÃ é publicada, desde 2001, toda quarta-feira,
no centenário jornal Monitor Mercantil (www.monitormercantil.com.br).
Através dela, são apresentados casos de empreendedores e empresas,
pesquisas, resenhas, editais ou agenda, relativos à responsabilidade social, à sustentabilidade e ao desenvolvimento sustentável.


27 comentários:

  1. No Brasil e no mundo inteiro sempre vão existir movimentos que tem como objetivo a integração da sociedade. Visto isso, se torna importante que quando algum movimento ocorrer à sociedade por inteiro reflita sobre a atual situação e que isso possa aumentar seu senso crítico e a prática de responsabilidade social, como faz a coluna Empresa-Cidadã. O movimento que ficou conhecido como "rolezinho" para o sociólogo e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), Antônio Flávio Testa, é algo passageiro, mas que mostra uma demanda real da sociedade. Isso mostra que sempre tem um jeito de se chegar a um acordo por isso é algo passageiro, no entanto é necessário viabilizar o acesso à cultura, lazer e educação para toda população. Os movimentos são uma maneira das pessoas mostrarem sua presença e lutarem por algum propósito, por isso não podem ser ignoradas e muito menos desvalorizadas.

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  2. Erika Cipriano de Sousa23 de janeiro de 2014 às 10:20

    As manifestações possibilitam o alcance da repercurssão nas ruas e nos meios de comunicação de massa, objetivando a movimentação para algum tipo de mudança. Percebe-se na sociedade brasileira que muitas das manifestações conseguiram alcançar aos seus propósitos após reunirem milhares de pessoas.
    Os “rolezinhos”, segundo alguns de seus organizadores possui o intuito de encontrar com outros jovens nos shoppings, paquerar, escutar música e se divertirem. Outros eventos benéficos também foram criados, como o “Rolezinho no Hemorio”, convidando pessoas a doar sangue, e o "Rolezinho na Biblioteca Nacional", no Centro.
    Sobretudo, há alguns grupos do “rolezinho” com outro intuito, que marcam para depredar as lojas e furtarem bens, onde as pessoas que vão ao shopping passear com seus amigos e familiares sentem-se ameaçados recorrendo á policiais. Causando assim, uma polêmica, já que há grupos com objetivos diferentes nestes encontros.

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  3. Nos tempos de hoje é normal observar movimentos que integram os povos, a luta pela conquista do espaço,do respeito e do direito de cada um.os '' rolezinhos '' até um certo ponto é considerado um movimento normal,aceitável. porém, muitos que estão no meio desse rolezinho, aproveitam a situação para praticar roubos, destruição e atormentar o ambiente. não é justo impedir ninguém a entrar em um local público. mas, é importante que exista policiamento nesses lugares, lembrando que a policia não deve abusar de seu poder, interferindo apenas em situações que ocorra depredação.Outros tipos de rolezinho são interessantes, quando se trata de um objetivo de bem, como para saúde ,entre outro.

    Orlando Carvalho de S.B Filho

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  4. De uma forma geral, o mundo se caracteriza pelo capitalismo. Vivem em uma sociedade onde você é o que você tem. O consumo exacerbado deve-se principalmente pela influência da mídia, que impõe aos indivíduos à se apoderarem de coisas fúteis para continuarem adequados à sociedade.
    Os “rolezinhos”, que inicialmente, tinham o intuito de reunir jovens da periferia em um ambiente confortável, o shopping, par conversarem, se divertirem etc., ganhou notoriedade negativa devido à dois fatores principais: o primeiro por esses jovens não se adequarem ao ambiente de acordo com o jeito de falar, vestir e se portar; o segundo pelo fato de pessoas se aproveitarem do momento para furtar e fazer baderna, reforçando a ideia retrógrada de que os jovens da periferia que proporcionaram tanto tumulto à um ambiente tranquilo e que não devem frequentar lugares onde não se enquadram.
    A própria sociedade não oferece oportunidade de qualidade de vida e acesso à cultura para os socioeconomicamente desfavorecidos e depois os condena e os exclui. Se dermos valor apenas para que possua de algo, alguns que não possuem bens matérias farão o possível para ter, tão somente para serem valorizados por essa sociedade cruel, que de qualquer forma, encontra uma saída para perpetuar a desigualdade social.

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  5. Particularmente, não aprovo a questão do "rolezinho". Quem nunca passou pela desagradável situação de estar em um mesmo ambiente com diversos adolescentes baderneiros não sabe o desespero que é. Os shoppings são propriedades privadas, onde os comerciantes tentam manter suas vendas, o que é quase impossível diante tanta desordem. Pode parecer preconceito, pode parecer ignorância, mas a verdade é que quando esses jovens estão unidos, fazem muita bagunça e são capazes de realizar furtos ou de perturbar os compradores. Inclusive, no dia da publicação desse texto, menciona-se "dezenas" de jovens, hoje esse movimento ganhou forças e já subiu centenas e tende a chegar a milhares. É uma discussão com certeza muito delicada visto que, numa primeira análise, proibir a entrada desses jovens pode ser interpretado como tirar o direito dos mesmos ou até mesmo preconceito. Mas acredito que a questão não seja essa, pois o propósito dos "rolezeiros", quando unidos, muda drasticamente de um "exercício de democracia" para uma oportunidade para "dominar" o local e amedrontar as pessoas.

    Ana Luísa Erthal

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  6. A questão da onda dos "rolezinhos" acontecendo pelos shoppings do Brasil é algo polêmico. Há pessoas que contestaram e outras que defenderam pois todas as pessoas têm o direito de ir ao shopping, já que ele é um ambiente por si só de livre circulação. Acredito que se isso está acontecendo é por causa do reflexo da nossa própria sociedade que é extremamente desigual. Sabemos que a cada dia que passa os espaços andam cada vez mais seletivos. Quantas vezes já vi e ouvi que pessoas foram destratadas pela sua forma humilde de se apresentar. E é isso que muitas das vezes acontece com quem é da periferia. Então, é direto deles mostrarem sua representatividade social. Entendo que os possíveis furtos decorridos do "rolezinho" é uma parte negativa da situação mas, acho que esse tipo de movimento precisa ser levado em consideração, já que ele é um reflexo de um sistema decorrente de inúmeras falhas. Assim, apoiando ou não os "rolezinhos" é preciso que possamos entender as questões decorrentes do nosso mundo capitalista e repensarmos mais nas consequências de nossas atitudes.

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  7. Vejo que as opiniões sobre o “rolezinho” são as mais diversas. Enquanto uns defendem o movimento, que, no princípio, tinha o objetivo de “incomodar mesmo”, de levar para dentro dos shoppings, símbolos do consumismo e da elite brasileira, um pouco do que é a juventude das periferias do país. Mas, há, também, quem acredite que o encontro é desculpa para “fazer algazarra” e promover atos de vandalismo. Enfim, não me posiciono contra ou a favor de ato, creio que existam motivos significantes para que os mesmo ocorram, porém, também não concordo com algumas atitudes incoerente quanto ao objetivo do manifesto, acredito que qualquer pessoa tenha o direito de circular em qualquer lugar e não ser discrimida por sua raça, classe social, maneira de se vestir. Mas deve haver a consciência quanto a forma de se portar nos lugares e isso vale para qualquer cidadão.

    Gabrielle Moreira Ribeiro da Silva

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  8. A existência de um movimento social requer uma organização muito bem desenvolvida, o que demanda a mobilização de recursos e pessoas muito engajadas. Os movimentos sociais não se limitam a manifestações públicas esporádicas, mas trata-se de organizações que sistematicamente atuam para alcançar seus objetivos políticos, o que significa haver uma luta constante e em longo prazo dependendo da natureza da causa. Em outras palavras, os movimentos sociais possuem uma ação organizada de caráter permanente por uma determinada bandeira.

    Diogo Fernandes

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  9. Acho interessante ressaltar que vi uma reportagem que tinham muitas pessoas que defendiam o rolezinho.Estes eram comerciantes, e que defendiam porque achavam que a proibição deste tiraria a camada que mais consome nos shoppings que são os jovens de 16 a 24 anos. Então a gente percebe que até mesmo quem defende não está pensando no direito de ir e vir dos que fazem rolezinho, mas estão pensando no lucro de seus comércios.

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  10. Essas manifestações públicas chamadas de “rolezinhos” por adolescentes de bairros pobres de SP, foram rapidamente disseminadas em redes sociais. Foco principal: shopping centers de classe alta. Objetivo principal: chamar a atenção e ao mesmo tempo, se divertirem. Óbvio que se tratando de um lugar onde circula pessoas com alto poder aquisitivo, seria impossível não causar desconforto aos demais. Discordo do movimento em relação à algumas coisas, como por exemplo, o quebra-quebra das lojas, os furtos e a falta de organização. Talvez se fossem em grupos menores e mais organizados, não ocasionaria tantos transtornos.
    Tive a curiosidade de visitar uma página no facebook na qual marcavam um “rolezinho” no Shopping Leblon, RJ. Um dos motivos que os jovens relatavam era o preconceito sofrido vindo dos “riquinhos” como chamam. Completam dizendo que os “filhinhos de papai” podem entrar na comunidade para comprar drogas e são bem tratados. Mas quando se trata da ida deles a um shopping qualquer, recebem olhares de crítica de todos os lados só por pertencerem a classe inferior. O preconceito já está nas pessoas que julgam o próximo só pela aparência.


    Aluna: Mariana Monteiro de Brito.

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  11. Shoppings são locais públicos, independente de estar situado em área nobre ou não, sendo assim, todos tem o direito de frequenta-los. Proibir entrada de jovens de baixa aquisição neste tipo de local é como se fosse um apartheid.
    A medida que os "rolezinhos" não cause ameaças aos frequentadores e lojas dos shoppings, sendo apenas uma forma de jovens se expressarem, não tem por que reprimi-los.

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  12. Priscila Santos da Silva26 de janeiro de 2014 às 11:20

    Como foi abordado no texto a questão do "rolezinho" tem sido muito polêmica, visto que aborda dois pontos divergentes. De um lado o direito à propriedade privada em contraposição ao direito à livre manifestação das pessoas. Eu acredito que apesar da população ter o seu direito de manifestar a sua opinião através de movimentos sociais, deve-se analisar bem mais o lado dos comerciantes do shopping, eles precisam ter o seu direito de propriedade privada assegurado, já que pode ocorrer, que no meio dos manifestantes tenham pessoas q estão com o intuito de fazer baderna ou de furtar, resultando diretamente no comércio, na sua fonte de economia... Sendo assim , acho que a justiça deveria zelar pelos direitos dos comerciantes, mesmo que para haver mudanças sociais sejam necessárias as manifestações, no caso dessa do "rolezinho" poderia sim ocorrer, só que em outro lugar . Não prejudicando os comerciantes e nem os manifestantes que vão poder exercer seus direito livremente.

    Aluna : Priscila Santos da Silva

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  13. Lendo um site de notícias outro dia, achei uma entrevista curiosa com o presidente Renato Meirelles, do Instituto Data Popular. Na entrevista, ele analisa serem os jovens da chamada Classe C, a maioria nos "rolezinhos" e ainda afirma que esses têm um potencial de consumo muito superior ao das Classes A, B e D juntas!! Acho engraçado pensar que esses mesmos jovens que têm o intuito de protestar contra o preconceito e a segregação racial serem os que mais consomem! Tudo bem que uma coisa não tem nada a ver com a outra, eles podem protestar e consumir também, sem problemas. A questão é que, ao mesmo tempo em que (alguns desses) jovens de fato protestam e almejam por alguma mudança notória na sociedade, (muitos) outros estão lá pura e simplesmente pela "atitude heróica" que é protestar; não entendem se quer o que de fato está acontecendo e até mesmo usam desse tipo de "evento" para furtarem e perturbarem os comerciantes. A Classe C, então, acaba por demonstrar, embora indiretamente, que a renda cresceu numa velocidade muito maior do que a democratização dos espaços de consumo, como analisa, inclusive, Meirelles, e isso preocupa... pois mesmo não tendo nenhum cunho político, os "rolezinhos" viraram discussões políticas. Os "rolezeiros", portanto, não esperam somente paralisar os locais que ocupam mas discutir o que vem a seguir, eles querem saber quem é o político ou governante que os representarão e é isso que vai ditar a discussão em pauta eleitoral.

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  14. Todas as pessoas tem o direito de utilizar o shopping,seja ela de qual classe social for, entretanto, é necessário que haja certas regras sociais para ter uma melhor convivência para todos, no momento em que as pessoas do movimento social denominado "rolézinho" estiverem quebrando essas regras como atrapalhando os outros utilizadores do shopping causando balbúrdias, deve-se ser tomadas algumas medidas não violentas para que cesse o movimento.

    Aluno Eduardo Sanches Prado

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  15. Na sociedade atual o consumo é cada vez maior e seus impactos sobre o meio ambiente são muitos. A externalização de custos tem comprometido a biodiversidade, oferta de água potável e o futuro do planeta Terra. Numa tentativa de ter, ou pelo menos aparentar ter, responsabilidade social e ambiental, as corporações criam programas sociais e de sustentabilidade. No Brasil e no mundo surgem movimentos que lutam contra a agressão do consumismo. Esses movimentos costumam ser flexíveis, se adaptando a diversas lutas. Predominantemente a população jovem é a que participa desses movimentos, a liderança não é centralizada e as redes sociais tem papel decisivo neles. “Rolezinho” é o movimento do momento aqui no Brasil. Jovens da periferia se concentram em shoppings centers como forma de denúncia ao consumismo e à segregação que ocorre contra aqueles que não conseguem fazer parte dele. A rejeição dos frequentadores rotineiros dos shoppings ao Rolezinho mostra o abismo que essa sociedade capitalista tem criado entre os que possuem e os que não possuem poder de consumo.

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  16. Para algumas pessoas, esse movimento de jovens chamado “rolezinho” não passa de um bando de marginais e desocupados e a polícia deve ficar atenta. Para outros, trata-se de um movimento de jovens da periferia que querem consumir, ou seja, um movimento de inclusão social etc. Li em um blog que podemos considerar o rolezinho um ato político, pois atos políticos são atos que buscam interferir, pela manutenção ou transformação, na forma como as relações sociais se estabelecem. E o que na minha opinião ocorre no rolezinho, pois é um grito político, daqueles que são frequentemente excluídos dos espaços de consumo e dos desejos consumistas. De certo, nenhum shopping proibiu a entrada de negros ou pobres, isso acontece porque a lei brasileira impede que estabelecimentos comerciais abertos ao público discriminem a entrada de qualquer tipo de pessoa. Entretanto, a exclusão do espaço não acontece apenas em sua forma física, mas através da violência simbólica nos olhares e em cada passo que os seguranças dão para seguir qualquer um que, segundo os padrões da civilização de consumo, não tem a condição e o direito de estar naquele lugar. Então o que vemos é a necessidade desses jovens se tornarem ativos no consumismo que é valorizado na sociedade. Acho esse movimento válido sendo para uma melhor integração e uma melhor visão dessas pessoas nesses espaços comerciais, é um movimento a se refletir a desigualdade que assola o nosso país, mas esses movimentos devem ser devidamente pacíficos sem violência e sem ser usado para outros fins como furtar e o vandalismo. Quando esses movimentos chegam a esse ponto, é um movimento não válido e que tem necessidade da intervenção das autoridades, mas essa intervenção deve ser feita através de leis e não do uso abusivo da forças policiais que usam da violência com essas pessoas. Então o que deve ser levado mais em conta nesses movimentos é eles serem pacíficos, tanto pelos que fazem o protesto quanto pelos que tentam intervir o protesto.

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  17. Essa onda de "rolezinho" que tomou os shoppings dos principais estados brasileiros acabou formando opiniões divididas, de uma estão às pessoas que criticam a atitudes desses jovens de periferia dizendo que são um bando de marginais que estão ali apenas para cometer atos de vandalismos e gerar medo para as demais pessoas que frequentam o mesmo ambiente, e do outro lado estão às pessoas que apoiam, pois alegam que esses grupos de jovens estão ali reivindicando seus direitos, pois querem tratamento igual ao das pessoas de classe financeira mais elevada, o que chega a ser até uma verdade, pois esses jovens de periferia sofrem certo preconceito na hora de serem atendidos nas lojas de grifes.
    O shopping é um local aberto ao publico de diferentes classes econômicas, e é o dever não só da administração, mas de todas as lojas tratarem todos da mesma maneira, independente da sua classe social.

    Gisele S. de Souza

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  18. O Brasil é o país da moda, e pode-se comparar essas modas como as ondas do mar. As ondas vem e vão e trazem novidades, a qual os brasileiro aderem e seguem por um curto período de tempo até que a onda vai embora e a população esquece o que passou. O “rolezinho” é o movimento de jovens que se reúnem em um shopping por um objetivo comum. Os jovens podem apreciar um mesmo estilo de música, podem querer conhecer pessoas novas, ou até mesmo para reunirem um número exacerbado de jovens para que o movimento fique evidente e apareça na mídia em busca de um minuto na televisão. O lugar escolhido não foi apropriado, pois para o shopping há a necessidade de venda, de produtos e refeições, entretenimento, como teatros e cinemas, ou seja, um espaço onde há a necessidade de gastos econômicos. Quando cerca de 6 mil jovens não utilizam o espaço pra tal fim, gastar seu dinheiro, serem consumidores, acaba atrapalhando até quem está no mesmo ambiente para consumir. Não sendo de interesse para o shopping, acionam a polícia que os tratam como criminosos e expulsam-nos do shopping. Evidente os oportunistas que realmente foram para roubar, porém não é aceito o tratamento a qual esses jovens foram submetidos. Não houve diálogo, a violência foi vista e os jovens proibidos com a pena de multa de 10 mil reais. Proibição, violência e penalidade, e a população ficou calada.
    Adriana Kawasaki

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  19. mariana marinho mendes cortes27 de janeiro de 2014 às 05:51

    Mesmo antes dos "rolezinhos" há várias situações cotidianas que há a diferenciação de classe social ou até mesmo a não aceitação,como em dias atrás alguns homens foram fazer uma entrevista e exame médico em um condomínio de luxo e foram discriminados,deixados por várias horas esperado sem poder ter acesso ao lugar do exame e entrevistas porque estavam "sujando" a imagem do condomínio.Mas e o direito de ir e vir? O mesmo aplica-se aos "rolezinhos", e o direito de ir e vir? só as pessoas que tem dinheiro tem acesso e portas abertas?só quem tem o poder de consumir pode ir ao shoppings? Ainda tem o paradigma que nas lojas de grife para fazer entrevista tem que ter um padrão,os entrevistadores buscam quem tem o rosto e corpo de classe "A",e até para ser consumidor dessa loja quem não tem o "padrão FIFA" não pode ser comprador dessas lojas, mas na verdade, qual o rosto das classes? qual o padrão das classes?
    Mariana Marinho Mendes Cortes.

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  20. Os tais “rolezinhos”, prática comum nos EUA, veio para o Brasil como um manifesto contra a elitização dos shoppings centers. Tal manifesto de origem pacifica em que adolescentes em shoppings para ouvir música e usufruir do direito de lazer muitas vezes se perde devido a baderna que esses ou outros grupos infiltrados promovem, aproveitando para furtar e causar caos, assim como nas manifestações que ocorreram em 2012, onde começou como um movimento pacifico e foi perdendo o sentido quando certos grupos vandalizaram.

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  21. a não aceitação da integração das classes em nossa sociedade a a clara desigualdede a qual vivemos no séc XXI dá margem para as críticas cotidianas a favor da restrição por classes menos favorecidas, o que inves de integrar a sociedade só a desintegra dando cada vez mais margem a marginalização cotidiano que presenciamos nos dia a dia.

    Nathalia Rodrigues.

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  22. "Rolézinho" é um fenômeno que tem causado polêmica...Assim como todos os países em desenvolvimento, o Brasil é economicamente dependente do comércio internacional e isso o torna, infelizmente, dependente do capital externo. É paradoxal protestar contra o consumismo e ao mesmo tempo praticá-lo. Não há caminhos alternativos, no momento, para que se possa evitar totalmente a prática do consumismo uma vez que estamos todos submersos nesse universo no qual somos induzidos (e muitas vezes inconscientemente) a agir conforme o poder dominante. O efeito psicológico que o "estarna moda"exerce sobre as populações é assustador..
    O "rolézinho" veio, de fato, revolucionar a visão que se tem sobre as camadas sociais e alertar a todos sobre tudo o que o capitalismo selvagem nos bombardeia sem que possamos sequer reagir.

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  23. O "rolezinho" é, ao meu ver, a maneira que os jovens de periferia encontraram para se afirmarem como cidadãos - através do poder de compra. Afinal, não é assim que somos retratados nos meios de comunicação? Acho que a crítica ao consumo deve existir sim, mas sem isentar a televisão, por exemplo. Não vejo possibilidade em algumas mudanças o que é entendido como apoio para a sociedade não for repensado.

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  24. A questão dos "rolezinhos" é polêmica no Brasil. E já vem tomando conta dos noticiários. Isso ocorre pelo fato de alguns jovens que estão participando cometerem delitos como, por exemplo, furtos, tumultos e agressões.
    Além disso têm sido destaque no noticiário internacional. O O jornal Bloomberg, especializado em economia e finanças, escreveu uma matéria sobre o fenômeno, destacando, entre outros assuntos, que poderia causar prejuízos aos shopping centers por assustar clientes.
    Apesar de tudo os"rolezinhos" ainda dividem opiniões.
    Para a colunista Eliane Brum, os jovens querem apenas participar da "festa de consumo". Eliane entrevistou o professor Alexandre Barbosa Pereira, da Universidade Federal de São Paulo, estudioso das manifestações culturais da periferia das cidades paulistas. Pereira se declarou assustado com "as reações, de mídia e de polícia, condenando e mandando prender", mesmo quando não houve arrastões, mas correrias.
    Leticia Magliano Armentano

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  25. Os rolezinhos foram organizados por cantores de funk em resposta à aprovação de um projeto de lei que proibia bailes funk nas ruas de SP. A proposta foi vetada pelo prefeito Haddad ainda em 2014. Ainda assim, os rolezinhos continuaram a ser organizados e a polícia tem reprimido os atos e os shoppings tentado proibir esse tipo de atividade, em que a maioria vai mesmo por diversão, mas sempre há aqueles que vão por vandalismo e furtos.
    Apesar de, originalmente, esse movimento ter sido organizado por meio de redes sociais como uma forma de socialização, lazer e expressão de jovens da periferia, os rolezinhos ganharam a atenção do país e se tornaram uma plataforma de manifestação pelo direito de ir e vir. As discussões passaram a ser politizadas, especialmente em relação ao que é considerado "a privatização de espaços públicos" e a favor do aumento de investimentos em políticas públicas voltadas à juventude e tais manifestações evidenciam a carência de locais para lazer e cultura em uma sociedade de consumo.

    Ellen Rodrigues

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  26. O rolezinho está gerando toda essa polêmica porque é um movimento que está rompendo com as fronteiras sociais impostas, invisíveis, mas que existem efetivamente. A partir do momento em que o vândalo, o bárbaro das classes mais populares sai de seu "território" e ocupa o espaço da classe média, isso torna-se um problema. O jovem de classe popular, que antes tinha pouquíssimas opções de lazer e baixo poder de consumo, agora é protagonista desse fenômeno.

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  27. O Direito do Consumidor não resolverá os problemas da nossa sociedade. As pessoas são ao mesmo tempo consumidoras e produtoras (no caso de trabalhadores). Os Direitos Trabalhistas e o Direito do Consumidor dividem a sociedade mais ou menos na mesma linha: os proprietários e os não proprietários.

    O conceito de sociedade civil, no qual se baseia a ideia de cidadão também falha em abarcar a realidade concreta. Ele repete a mesma atitude da Grécia antiga de não considerar os escravos (hoje assalariados) parte da democracia dos proprietários.

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