terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Albufeira Meads em perigo
                                                             
Antecipar-se às ameaças ambientais, desenvolvendo alternativas antes que os problemas estejam instalados, é a forma de construir o futuro desejado. E não se lamentar dele.

blog do professor paulo márcio
economia&arte

EMPRESA-CIDADÃ
Quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
Paulo Márcio de Mello*


►      Nos anos 1930, as economias industriais do Ocidente buscavam a sintonia fina das suas políticas econômicas, na tentativa de superar a profunda crise em que atolaram. As fórmulas que até então eram utilizadas, geralmente baseadas na expansão da oferta de moeda, deixaram de produzir os efeitos desejados.

►      Enquanto J.M. Keynes produzia o famoso “Teoria Geral dos Juros, do Emprego e da Moeda”, apresentado em 1936, guia da profunda transformação por que passou a economia, tentativas de superar o desemprego crescente foram praticadas intuitivamente. É contemporânea dessa época a construção da represa Hoover, localizada entre os estados norte americanos de Nevada e Arizona. Inaugurada em 1º de março de 1936 é, até hoje, considerada a maior obra de engenharia do país.

►      A albufeira da barragem Hoover é o lago Mead, maior reservatório de água dos EUA, com capacidade para armazenar até 32.200 km3, abastecido pelo rio Colorado. As águas do lago Mead suprem cerca de 90% das necessidades de Las Vegas, que fica a pouco menos de 50 km do lago. A cidade, famosa por seus imponentes hotéis-cassinos, tem cerca de 600 mil habitantes que, somados aos da região metropolitana, totalizam 2 milhões de habitantes, aproximadamente. Um dos seus símbolos mais conhecidos internacionalmente são as fontes de águas dançantes, do famoso hotel Bellagio.

►      A soma de fatores como a localização em uma região desértica, o crescimento exponencial da população, a expansão imobiliária, a redução da vazão do rio Colorado e o elevado padrão de consumo de água, da ordem de 800 litros diários per capita, certamente poderiam levar Las Vegas a viver uma crise de escassez de água.

►      Tomando das mãos do acaso e assumindo a construção do seu futuro enquanto há tempo, autoridades governamentais de Nevada, estado onde se situa Las Vegas, investem preventivamente na reversão do problema. Com recursos estimados em US$ 817 milhões, está sendo construído o terceiro túnel de tomada de água, situado a 91 metros de profundidade do lago. Este túnel, previsto para se tornar operacional no final de 2015, corrige o efeito do processo de redução da quantidade de água armazenada no lago Meads.

►      Em julho de 2014, pela primeira vez, o Meads registrou menos de 40% de sua capacidade total e, com o ritmo de redução da sua lâmina d’água, no final de 2015, um dos túneis de captação, o mais antigo, dos anos 1960, a 33 metros de profundidade, ficaria inoperante. Assim sobrecarregaria o segundo túnel, construído no início dos anos 2000, que capta a água a 48 metros de profundidade.

►      As obras estão sendo complementadas com a edição de leis, como a que obriga os hotéis a reciclar a água de que se servem, incluída a da descarga dos banheiros. Ou da proibição de que as residências mantenham jardins com grama, que precisam ser regados, substituindo a grama por pedras.

►      Ainda assim, há 50% de chances do lago Meads ser considerado morto, até 2036, com consequências dramáticas para a cidade de Las Vegas, se não avançarem as negociações para, após uma década de seca, poupar o rio Colorado, que não consegue repor as perdas do lago Meads, dado o alto nível de consumo de cidades a montante do rio, como Los Angeles e Phoenix.

Política de águas e emissões

A agência Thomson Reuters (http://thomsonreuters.com/) publicou o relatório “Global 500 greenhouse gases performance 2010-2013: 2014 report on trends (http://thomsonreuters.com/corporate/pdf/global-500-greenhouse-gases-performance-trends-2010-2013.pdf)”. Nele, estão computadas as emissões de gás carbônico, metano, óxido nitroso e outros gases causadores do aquecimento global das 500 maiores empresas do mundo, em 2013.

Expresso em unidades equivalentes a milhões de toneladas de CO2 (mi ton), é a seguinte a relação das 20 gigantes mais poluentes.

(1º) Petrochina (China): 311 mi ton;

(2º) China Petroleum & Chemical Petróleo (China): 249 mi ton;

(3º) Arcelor Mittal (Luxemburgo): 207 mi ton;

(4º) NTPC (Índia): 201 mi ton;

(5º) RWE (Alemanha): 167 mi ton;

(6º) GDF Suez (França): 153 mi ton;

(7º) Duke Energy (EUA): 136 mi ton;

(8º) Gazprom (Rússia): 132 mi ton;

(9º) Exxon Mobil (EUA): 126 mi ton;

(10º) E.ON SE (Alemanha): 121 mi ton;

(11º) Enel SpA (Itália): 116 mi ton;

(12º) American Electric Power (EUA): 115 mi ton;

(13º) Nippon Steel & Sumitomo (Japão): 114 mi ton;

(14º) Holcim (Suíça): 102 mi ton;

(15º) The Southern Company (EUA): 102 mi ton;

(16º) Lafarge (França): 93 mi ton;

(17º) Posco (Coreia do Sul): 88 mi ton;

(18º) Royal Dutch Shell (Holanda): 83 mi ton;

(19º) EDF (França): 81 mi ton; e

(20º) Petrobras (Brasil): 73 mi ton.

Em nota, a Petrobras explicou que as emissões cresceram em decorrência da estiagem no Sudeste do Brasil. Com a redução da vazão dos rios, teve prejudicado o uso das hidrelétricas, ligando as usinas térmicas, mais poluentes.

Paulo Márcio de Mello
Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

A coluna EMPRESA-CIDADÃ é publicada, desde 2001, toda quarta-feira,
no centenário jornal Monitor Mercantil (www.monitormercantil.com.br).
São mais de 600 edições apresentando casos de empreendedores e empresas,
pesquisas, resenhas, editais ou agenda, relativos à sustentabilidade, à responsabilidade social e ao desenvolvimento sustentável.

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