Você sabe como é feito o patê de foie gras?
A crueldade no trato dos animais desafia
a imaginação.
Os motivos anunciados são sempre
meritórios:
produzir alimentos, realizar pesquisas
médicas, blá, blá, blá.
Mas o trato é cruel e precisa ser
interrompido.
Seja com patos, gansos ou beagles...
blog
do professor paulo márcio
economia&arte
Quarta-feira, 27 de agosto de 2003
coluna EMPRESA-CIDADÃ
por Paulo Márcio de Mello*
¨ O que é (e
o que não é) responsabilidade social? Mais importante do que uma definição é
entender os limites da responsabilidade social.
¨ Assim como
aconteceu nos anos 80 com o conceito da qualidade, a responsabilidade social
vai sendo entendida, difundida e incluída nos sistemas de gestão das empresas.
A busca da definição do seu conceito começa pelo compromisso de quem a pratica
com o bem comum.
¨ Responsabilidade
social é, portanto, um valor perene, mais duradouro do que aqueles ditados pela
moral. A empresa-cidadã precisa estar comprometida com uma visão de mundo de
longo prazo, em construção, e consciente da sua capacidade de participar dele.
¨ Nisto
difere fundamentalmente de compromissos com grupos dos quais participa, o que
pode conferir traços contraditórios ao seu perfil, segundo a natureza desses
grupos. Difere também do manuseio de técnicas de gestão. Elas habilitam a
empresa a participar da construção da sociedade pretendida, mas a tarefa é
muito maior do que o domínio das técnicas.
¨ A
disciplina ética é condição necessária para o exercício da responsabilidade
social e se expressa de diferentes formas. Isto não significa abdicar da função
econômica. Ao contrário, a saúde econômica da organização é facilitadora da
adesão aos procedimentos éticos, além de educativa.
¨ Assim, a
abertura de novos mercados de produtos éticos, bem como a substituição de
antigos produtos por outros de valor superior, contribui para a afirmação da
responsabilidade social como alavanca para a construção de uma sociedade
melhor.
¨ Exemplo de bem de valor
superior incluído nas práticas de mercado é a linha Escolha Saudável, com itens
à base de soja, lançada pela Perdigão. A empresa investiu R$2,5 milhões na
ampliação da linha que será oferecida, no início, no eixo Rio-São Paulo, com
salsicha, hambúrguer, miniquibe e outros, na versão vegetal de produtos, antes
só fabricados com carne. A Perdigão espera recuperar o investimento em pouco
mais de um ano.
¨ A agência americana Food and Drug Administration (FDA)
atesta que a substância isoflavona, presente na soja, pode inibir e prevenir o
aparecimento de diversos tipos de câncer, como o de mama e da próstata. Para o
FDA, a ingestão diária ideal é de 25 gramas de proteína de soja.
¨ O mesmo
procedimento ético baseado na hierarquia dos bens levou a Suprema Corte de
Israel, o quarto maior produtor mundial de foie
gras, a banir a alimentação forçada de gansos e patos, a partir de 2005,
como resultado da campanha liderada pela Anonymous
for Animal Rights, com o suporte da World
Society for the Protection of Animals (WSPA).
¨ Você sabe como é feito o foie gras? Trata-se de uma lipidose
hepática, ou seja, uma doença do fígado, provocada em patos e gansos pela alimentação
forçada. As aves são mantidas em minúsculos compartimentos que possibilitam o
manuseio e introdução de funis e tubos metálicos de 20 a 30 cm que vão até o
estômago.
¨ Então, é bombeada a ração
no estômago da ave. Em alguns casos colocam um anel elástico apertado no
pescoço da ave para o caso de ela tentar regurgitar a ração. Este processo
ocorre de 3 a 5 vezes por dia. A ração é composta de milho cozido e pode
incluir gordura de porco ou de outros gansos, com sal.
¨ Cada ave é
forçada a ingerir até 3,5 quilos de ração por dia, o que equivale a forçar um
homem a comer 12,5 quilos. Muitas aves morrem com o estômago perfurado. Como
consequência da alimentação forçada durante 4 semanas, os fígados dos gansos e
dos patos incham de 6 a 12 vezes o tamanho normal, formando massas pálidas e
inflamadas do tamanho de melões, em vez de órgãos firmes, pequenos e sadios.
¨ O foie gras tem também pode oferecer consequências
para a saúde humana, já que 85% das calorias do patê são de gorduras, mais do
que o dobro do que apresenta um hambúrguer. Essa gordura é em grande parte
ácido palmítico, uma gordura saturada que aumenta os níveis de colesterol.
¨ A França é
a maior produtora, com quase 80% da produção mundial. O restante é produzido
pela Hungria, Espanha, Israel, EUA, Bélgica, Bulgária e Romênia. A produção de
fígado de ganso já foi banida na Alemanha, Dinamarca, Noruega e Polônia.
*Paulo Márcio
de Mello
Professor da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ)Endereço eletrônico: paulomm@paulomm.pro.br
EMPRESA-CIDADÃ
É uma coluna publicada toda quarta-feira no jornal
Monitor Mercantil.
[www.monitormercantil.com.br]
Através dela, são discutidos conceitos relativos à
responsabilidade corporativa,
apresentados casos de sucesso de empreendedores e
empresas-cidadãs,
pesquisas, resenhas e uma agenda de eventos sobre
o assunto.
|
Terrível saber detalhes de procedimentos como esse. Terrível imaginar que muitos dos produtos que utilizamos cotidianamente são obtidos com a mesma indiferença à vida animal e humana (lembrando que o que consumimos muitas vezes nos fazem mal e muitas vezes são oriundos de trabalho escravo). Por isso que devemos reformular nossos hábitos: se nós não comprarmos, não há vantagem econômica para as empresas produzirem.
ResponderExcluirÉ incrível como essas empresas só pensam no retorno que terão. Questões éticas e morais nem sempre são as prioridades destas empresas. Muito triste saber, que consumimos produtos que aparentemente parecem ser benéficos, e nem nos damos conta de como foi produzido (se houve tortura com animais, se testes foram feitos para certificar a qualidade do material). Devemos buscar mais informações sobre o que consumimos, para assim não dar lucros as empresas que só pensam no capital, e nem se quer estão preocupados com o método que estão usando.
ResponderExcluirMuito além de produzir alimentos, por exemplo, de alta qualidade e sabor é saber produzi-los seguindo a uma disciplina ética. Assunto extremamente importante abordado nos dias atuais é essa questão de até que ponto chegará as empresas/industrias em “quebrar” as regras morais para alcançar seu lucro, e o exemplo dado no texto, sobre a Perdigão, esclarece bastante como é possível ter lucro e exercitar a responsabilidade social. É necessário uma reflexão real não só da parte das industrias como do próprio consumidor, que acaba contribuindo, certas vezes alheio a informações como esta, para tamanha crueldade com animais.
ResponderExcluirHá muitos anos atrás fiquei sabendo em uma reportagem sobre como era feito esse patê, fiquei horrorizada, a partir daí fiquei cada vez mais sensibilizada com o fato de como a Indústria trata nossos animais, hoje em dia escolhi o Vegetarianismo, por questão de saúde, e ética ambiental, mas principalmente por não conseguir comer sabendo como esses animais são tratados, o problema não é exatamente a morte, e sim a vida como eles levam, trancafiados, torturados, enchidos de hormônios, antibióticos, estresse constante, medo... enfim. Há pesquisas sendo desenvolvidas hoje em dia que apontam questões como quando ingerimos carne estamos também ingerindo substâncias que os animais produzem em situações de morte eminente, estresse e medo, e outras que relacionam a ingestão de carne com agressividade. Enfim aptos ao vegetarianismo ou não, podemos sempre dizer não pra crueldades como essas do patê, e podemos reduzir nosso consumo de carne em prol de uma vida mais saudável, e do meio ambiente (lembrando que um dos maiores causadores de poluição no mundo é a pecuária).
ResponderExcluirComo muitos disseram, existe toda uma questão de empresas não seguirem uma postura ética diante seu alcance ao lucro, mas mais importante que esses produtos estarem no mercado, é o consumo dos mesmos. Acho importante o questionamento de "Por que comer patê de foie grais? Será que é indispensável para mim o sofrimento do ganso?". Há uma grande colaboração de ambas as partes (empresa vs consumidor) nesse aspecto, onde as empresas correm atrás do lucro atropelando todas as questões morais e éticas, enquanto a sociedade alimenta sua gula e seu luxo sem pensar nas mesmas questões. Precisamos repensar nossos conceitos...
ResponderExcluirÉ terrível saber que animais morrem de forma tão cruel para que a sociedade possa degustar desses alimentos. Entrou em tramitação , esse ano, uma lei em São Paulo que proíbe a venda e a produção de foie gras e me surpreendi bastante com a iniciativa desse vereador. Claro que esse projeto teve uma grande repercussão , em especial pelas empresas produtoras desse patê, além dos donos de restaurantes que agora terão que mudar seu menu. Eles argumentaram que a lei não mudará o hábito dos que apreciam o foie gras. Mas de fato, dificultara sua compra. É incrível como as mentes dos empresários se limitam apenas no lucro. Não se sensibilizam com os animais mesmo quando um projeto é proposto para divulgar a população a forma cruel que esses animais passam durante uma vida.
ResponderExcluirAss: Ana C.N.P de la Cal
Quanta crueldade!!! Muitas das empresas possuem o conhecimento teórico da ética, porém não estão nem um pouco preocupados em aplicá-la e muito menos tocados com tamanho destrato e violência aos animais, já que estes atos não lhes afetam em nada, pelo contrário, os consumidores inocentemente ajudam á esta prática por desconhecê-la, por não ter acesso á tais procedimentos e consequentemente ajudam na ascensão do produto. A questão é, como mudar, reverter este tipo de ato de acesso informativo á minoria, sabendo da prática de interesses que acomete na omissão da divulgação de tais informações?
ResponderExcluirAté que ponto empresas passam por cima da ética e moral para obter o seu tão desejado lucro. Fazendo de nós, os consumidores, meros reféns de seus produtos.
ResponderExcluirCada consumidor deve buscar informações sobre quais procedimentos são feitos no preparo de alimentos industrializados, podendo assim, fazer suas escolhas do que consumir.
Quanto aos consumidores do foie gras, estes devem refletir se o consumo do produto é realmente essencial, já que o que está em jogo não é apenas o seu bem estar de saciedade, mas também e não tão menos importante, o bem estar de um outro ser.
Como empresas são capazes de realizar esse tipo de crueldade e ainda com animais inofensivos. Tudo isso pensando no lucro que esses empresários irão ter vendendo esses produtos. Assim como eu não tinha conhecimento sobre a preparação desse patê, muitos consumidores também não devem ter a ideia de que estão consumindo uma bomba calórica.
ResponderExcluirAluna: Mariana Monteiro de Brito.
Nossa!! Saber desta informação de como é produzido o foie gras foi chocante pra mim...
ResponderExcluirPois eu não fazia ideia dessa crueldade que é feita aos animais para se adquirir um simples patê, que pelo que o texto diz nós faz ma ( aumenta o colesterol ), e apesar disso não é um alimento fundamental para nossa saúde, se tornando desnecessário.Eu acredito que está na hora de de pararmos pra refletir , se realmente vale a pena fazer uma coisa dessas por mero capricho, os animais também merecem ser respeitados, é um ser vivo como nós, eles não merecem essa crueldade, só para que certas pessoas ganhem dinheiro em cima disso...
Aluna: Priscila Santos da Silva
Nossa fiquei chocada ao saber como é feito o patê de foie grãs, quanta crueldade com esses animais. Com certeza essa prática deveria ser proibida e como que alguém pode comer algo deste tipo sabendo como é feito? Infelizmente os empresários só pensam no lucro, independente de como o processo é feito já que esse tipo de alimento é um dos mais caros do mundo tendo um preço médio por quilo de 250 reais. A realidade é que muitas vezes as pessoas consomem esse tipo de produto por status, gastando muito dinheiro no sofrimento dos animais.
ResponderExcluirAluna: Raquel de Almeida Alvarenga.
Realmente entristecedor o processo pelo qual passam as aves para atender à necessidades tão fúteis do homem. De fato, a questão é que as empresas têm vantagem econômica em cima desse tipo de prática porque continuamos a consumir e elas continuarão tendo enquanto continuarmos comprando. Esse patê tão requintado custa caro e, além disto, um “bom” foie gras deve ter as marcas deixadas pela pressão que as costelas exercem contra o fígado visíveis no órgão, garantindo assim que o animal sentiu imensa dor durante os últimos dias de sua breve vida. Realmente, assustador. E pior. O seu consumo, além de causar sofrimento a animais inocentes e indefesos, também não é nada saudável, por isso, também não é a melhor opção mesmo para aqueles mais indiferentes ao sofrimento alheio.
ResponderExcluir