quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Na União Européia não pode
                                                    
Desde 2003, a vivissecção e o uso de animais
em testes da indústria de cosméticos é proibida,
uma solução ética.
A propósito, você sabe mesmo o que está comendo?
 
blog do professor paulo márcio
 
economia&arte
 
Quarta-feira, 30 de outubro de 2013
coluna EMPRESA-CIDADÃ
por Paulo Márcio de Mello*
 
u      Em 16 de janeiro de 2003, há mais de dez anos, portanto, o Parlamento Europeu aprovou a lei que veta testes de cosméticos em animais, dentro da União Européia (UE), a partir de 2009. Além disso, a lei proíbe a venda, dentro do bloco, de produtos de beleza testados em animais em qualquer outro país.
 
u      A lei, resultante de um acordo firmado entre países membros da EU, em novembro de 2002, permite que apenas três tipos de testes de toxidade continuem, até 2013, prazo estabelecido para possibilitar o desenvolvimento de métodos alternativos.
 
u      O Parlamento Europeu, por uma grande margem de votos, deixou claro que não aceitará mais que animais sofram para o desenvolvimento de produtos direcionados à satisfação da vaidade humana – declarou o deputado britânico Chris Davies.
 
u      Em outros países, os cosméticos, de cremes para as mãos a batons e perfumes, são testados em animais. Defensores dos direitos dos animais estimam que 38 mil morram, anualmente, sem necessidade, em testes de novos produtos.
 
u      Alguns países da UE resistiram inicialmente aos esforços de proibição desses sacrifícios, sob o pretexto de que poderiam ser acusados por países exportadores, de impor barreiras não alfandegárias. Mas a Comissão Européia, órgão executivo da UE, considerou que a lei não viola as regras de comércio internacional, além de deixar um rastro ético no universo.
 
u      No Brasil, a indústria dos cosméticos, um mercado que movimenta mais de R$110 milhões, por ano, em uma época como a que vivemos, de valorização da imagem, está diante de importantes responsabilidades a serem assumidas, tanto no que se refere à destinação final, ambientalmente adequada, das embalagens, quanto na escolha de processos e fornecedores éticos, que não testem em animais. É mais do que tempo dessa gente elegante parar de externalizar custos.
 
u      As mulheres, que correspondem a mais de 90% dos compradores e que são determinantes nas decisões de compras, inclusive dos produtos masculinos serão, por certo, as indutoras dessas mudanças.
 
Você sabe o que está comendo?
 
Existe uma hierarquia ética, relativa ao bem comum, nos produtos oferecidos por uma empresa. Há casos notórios de artigos mal situados na escala, como o fumo, a pornografia e as armas de fogo. Minas terrestres, então, nem pensar.
 
Outros, preventivamente, buscam um reposicionamento estratégico, para não serem atropelados pela crescente disciplina ética, como os alimentos fortemente adoçados, salgados ou gordurosos. Adiam assim o encontro com outra realidade, inevitável, associando suas marcas a outras, mais  saudáveis, procurando diferentes pontos de venda, em que não sejam vistos com as “más companhias”.
 
Geralmente, são recusados pelos investidores institucionais que compõem as suas carteiras com ações de empresas, de acordo com um diferencial ético, ambiental e social, além do econômico. Sem falar dos casos inequívocos, há outros que são jogados prá lá e prá cá, na correnteza de interesses comerciais ou de paixões por marcas, que são como religiões modernas, de muitos consumidores-fiéis.
 
Alguns escondem do conhecimento do consumidor o processo produtivo que agride a ética dos bens. Quem come a carne clara e macia da vitela, por exemplo, sabe o que está comendo?
 
No início, a vitela era obtida de um filhote macho, abatido com 50 quilos, no máximo, assim que começava a comer por conta própria. O pouco peso fornecia pouca carne ou, da perspectiva de negócios, pouca “mercadoria”.
 
Para aumentar a produção, produtores passaram então a deixar os animais em caixotes estreitos de madeira, de 56 cm por 1,37 m, em média, presos pelo pescoço para não se mexerem. No caixote não há palha para se deitarem, para que não a comam. O piso é de ripas distantes umas da outras, para facilitar o escoamento de urina e fezes. Como foi visto recentemente nas baias destinadas aos cães dóceis, da raça beagle, no Instituto Royal, em São Roque (SP).
 
Durante 120 dias, são alimentados com um mingau de leite em pó desnatado, enriquecido com vitaminas, sais minerais e químicos, para que engordem. A sede é fomentada através do aquecimento, para aumentar o interesse pelo mingau. A escuridão faz com que não se agitem e não percam peso. Logo, chegarão aos 200 quilos e seus cadáveres oferecerão a carne macia, clara e cara.
 
Bens produzidos desta forma dificilmente poderiam ser situados favoravelmente em uma escala de hierarquia ética. Mesmo na sociedade em que a ética é do Homem.
 
Paulo Márcio de Mello
Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
 
A coluna EMPRESA-CIDADÃ é publicada, desde 2001, toda quarta-feira,
no centenário jornal Monitor Mercantil (www.monitormercantil.com.br).
Através dela, são apresentados casos de empreendedores e empresas,
pesquisas, resenhas, editais ou agenda, relativos à responsabilidade social, à sustentabilidade e ao desenvolvimento sustentável.
 


9 comentários:

  1. As pessoas acabam julgando a utilização de animais em experimentos sem lembrar de que o alimento que elas consomem pode derivar da judiação de certos animais. E nem deixam de consumir os cosméticos que neles foram testados. Infelizmente o uso de animais ainda é imprescindível em muitas pesquisas, e muitas das descobertas de hoje devemos a esses experimentos. Porém, se pudéssemos evitar a utilização desses animais na realização desses testes seria muito mais conveniente. Cabe a ciência utilizar métodos que minimize o sofrimento do animal e diminua a quantidade de animais utilizados.
    Aluna: Kissila Souza

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  2. Priscila Santos da Silva15 de dezembro de 2013 às 17:26

    Essa iniciativa da UE de vetar por lei, os testes de cosméticos em animais neste bloco de países, achei fantástico !! E além dessa lei , ainda há a proibição da venda de produtos q foram testados em animais em outros países ( fora da UE ). Acredito que essa ação resultará na estimulação de pesquisas que possibilitem o desenvolvimento de métodos alternativos.Pois não é justo que muitos animais sofram e até morram por causa do desenvolvimento de produtos q só satisfarão a nossa vaidade e nem essenciais para nós eles são.
    Todos sabemos que empresas usam estratégias para conseguir vender seus produtos , porém cada vez mais me impressiono com o até q ponto o ser humano poe chegar . Um grande exemplo é esse da carne clara e macia da vitela, não fazia ideia que pra se chegar nesse ponto os animais sofriam tanto antes de morrer.

    Aluna: Priscila Santos da Silva

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  3. Achei excelente a iniciativa da UE! Isso nos prova que para desenvolver produtos relacionados à vaidade, os animais não precisam sofrer. Por enquanto, a partir de relatos de biólogos e outros profissionais do ramo, ainda não é possível fazer medicamentos sem utilizar os animais no procedimento. Em relação aos alimentos de origem animal, realmente existe muito sofrimento em prol do lucro. Contudo, nutricionistas dizem que não tem como eliminá-los da nossa dieta, pois nada consegue suprir seu benefícios. Acredito que se houvesse um maior controle em relação ao mercado das carnes, a questão seria menos polêmica. Mas o que vemos é justamente o contrário. Tony Ramos todos os dias invade nossas televisões com a propaganda da carne Friboi, que foi proibida em aproximadamente 60 países. E o que choca, é que em uma dessas propagandas há uma nutricionista dando total consentimento para o consumo da carne. O Brasil copia tantas coisas dos outros países; poderia copiar as boas ideias também.

    Marcelle de Oliveira Roumillac

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  4. A decisão da União Europeia de proibir testes de cosméticos em animais é realmente um grande passo e favorece a busca por métodos que substituam à utilização de animais para a fabricação desses produtos, métodos estes que poderão conduzir outros países a também fazerem esta proibição. A questão de como são tratados os animais para nos servirem de alimento entra na polêmica de se consumir ou não carne na alimentação, o que gera muitas discussões, entretanto, o que é certo é que deve-se impedir que continuem ocorrendo os maus tratos a esses animais pela ganância do lucro.
    Aluna: Gabriella da Costa Cunha

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  5. A posição do parlamento Europeu sobre o sofrimento de animais para a produção de cosméticos e produtos de vaidade humana tem coerência, entretanto essa é uma pratica quase que 'explicita'.
    Muitos de nós não fazemos ideia de onde vem a carne e outros produtos de origem animal que consumimos, para esses tipos de páticas também deveriam haver campanhas e movimentações que proibisse os maus tratos aos animais. Como no caso da vitela, realmente absurdo o tratamento que dão a este animal, há como citar muitos outros animais que por interesses capitalista sofrem para satisfazer a demanda. Porque não citar a ética para esse tipo de exploração ?

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  6. Aluna: Leticia Magliano Armentano
    Os defensores dos animais repudiam testes realizados em animais, uma vez que, os consideram cruéis e inúteis. Por outro lado, cientistas afirmam que sem tais testes, os avanços na medicina podem sofrer prejuízo.
    A iniciativa da União Europeia é totalmente coerente, uma vez que, a maioria dos animais que servem de cobaias para testes de cosméticos, principalmente, são criados em biotérios e geralmente após os estudos são sacrificados.
    Minorar o sofrimento dos animais que servem de cobaias pode significar um avanço capaz de gerar alternativas para utilização dos mesmos em testes.
    Quanto ao consumo de produtos de origem animal, devemos destacar a questão dos maus tratos aos animais. Uma vez que, o consumidor dever ser informado que o processo de produção agride a ética dos bens. Afinal, animais não devem ser maltratados para atender a demanda consumista.

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  7. Acho muita hipocrisia por parte da sociedade a questão de ser contra maus tratos aos animais, mas não abrir mão do famoso churrasco de domingo. Quer dizer que só existe direito aos ratos de laboratório (porque os de esgoto podem ser eliminados sem dó), coelhos e cachorros? O texto aborda duas questões que definem bem a sociedade: vaidosa e hipócrita. Seus próprios interesses vão além do bem-estar dos animais, e não conseguem admitir. Minha posição diante dessa questão se baseia apenas no indispensável: não é necessário torturar animais em prol da minha vaidade, portanto julgo a atitude do Parlamento Europeu como a medida mais ética a ser tomada. Em relação ao consumo de carne, infelizmente é indispensável, como a Marcelle comentou acima, a carne é importante para suprir as necessidades nutricionais do homem. Porém, como o texto menciona, os animais são vítimas de maus tratos que, esses sim são evitáveis e completamente desnecessários. Um tratamento adequado ao animal que será morto para ser consumido pode parecer contraditório, mas é mais ético e não é custoso para ninguém.

    Ana Luísa Erthal

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  8. A iniciativa da União Europeia de proibir os testes de cosméticos em animais, além de proibir a venda de produtos de beleza testados também em animais em qualquer outro país, dentro do bloco, é admirável. No entanto, como frisado foi ao final do texto "na sociedade a ética é do Homem". Que triste. Quase irremediável. Se a ética é do Homem, e ele tem a terrível mania de faltar com respeito, descumprir leis e se deixar levar pelo objetivo maior que é o lucro, então, infelizmente, muito animais ainda irão sofrer maus tratos e morrer por causa de luxos do Homem. Porque, afinal, só quando não houver mais animais para que sejam realizados testes que eles (ou melhor, nós) vão ver que com vida não se brinca. E a partir daí, terão que testar e brincar, então, com suas próprias vidas.

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  9. A questão da utilização de animais em testes é bem polêmica , pois sem esses testes algumas dores de gargantas ou de cabeça não seriam resolvidas apenas pelo uso de alguns medicamentos como aspirina e etc. Existem aqueles que defendem até a morte , que todos os testes venham ser vetados , e que nenhum animal deve ser utilizado para tal fim . Em relação , ao estado do animal , como o relatado no texto , causa grande indignação a qualquer pessoa , saber que um animal esta sendo submetido a péssimas condições de vida , de ter que viver preso em um caixote sem se mexer . Realmente , não é do conhecimento da população , o estado em que os abatedouros vivem , e como a carne que chega aos mercados , foi preparada e da onde foi tirada .
    kicilla a zanirati

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