quinta-feira, 13 de outubro de 2016

As páginas dos jornais destinadas ao noticiário  científico alternam informações que representam verdadeiramente avanços iluminados pelo gênio humano com outras informações hilariantes, para dizer o mínimo. Enquanto pesquisas sobre o câncer, Alzheimer Parkinson e malária parecem, às vezes, andar a passos de formiga, autênticas tolices consomem tempo, saber e recursos. Como no caso da pesquisa para determinar, se alguém na chuva, molha-se mais na chuva, andando ou correndo...

coluna EMPRESA-CIDADÃ
Quarta-feira, 11 de outubro de 2016
Paulo Márcio de Mello

Prêmio Ignobel

Por este motivo, foi criado o Prêmio IgNobel, destinado à descoberta científica mais estranha de cada ano. O prémio é propositalmente entregue a cada início de outono, para homenagear pesquisas que, primeiramente fazem as pessoas rir e depois, talvez, pensar.

O título é um trocadilho com o nome "Nobel", de Alfred Nobel, e a palavra ignóbil, que expressa representa algo sem não nobreza, ou desprezível. Na origem, o Prêmio Ignobel é uma criação da revista de humor científico Annals of Improbable Research (https://www.google.com.br/?gws_rd=ssl#q=annals+of+improbable+research+magazine&tbm=nws) Anais da Pesquisa Improvável, traduzido livremente) e os prêmios são entregues em Harvard. A intenção construtiva é premiar pesquisas raras, honrar a imaginação e atrair o interesse público para a ciência, a medicina e a tecnologia.
O prêmio foi entregue pela primeira vez em Harvard, em 1991, sendo a cerimônia abrilhantada pela presença de autênticos laureados com o Prêmio Nobel, que entregaram o Prêmio IgNobel ao vencedor, numa cerimônia que até (desde 1996) inclui uma ópera.
É curioso que um vencedor do Prêmio Ignobel também foi vencedor do Prêmio Nobel, o holandês Andre Geim, que venceu o IgNobel em 2000 e o Nobel em 2010.

Este ano, a Volkswagen recebeu o Prêmio IgNobel, na categoria “Química”
por “reduzir” a emissão de gases poluidores de carros

Na noite de 22 de setembro, na Universidade de Harvard, a montadora alemã das auto foi satirizada ao ser agraciada, na categoria “Química”, por “ter resolvido” a questão da emissão de poluentes dos seus veículos, reduzindo  as emissões, sempre que os seus veículos passavam por testes.
O apresentador oficial, Marc Abrahams, declarou que o vencedor "não pôde ou não quis" comparecer à cerimônia. A maioria dos demais contemplados, por outro lado, compareceu.
A Volkswagen deixou assim de receber um troféu e um prêmio na forma de uma cédula de 10 trilhões de dólares do Zimbaue, que mal cobre o custo do material em que é impressa.
A relação dos premiados:
Química:Para a Volkswagen, por "acabar" com a poluição gerada por automóveis. De fato, um programa computadorizado feito pela Volks adulterava os resultados dos testes e os carros pareciam poluir uma fração de 1/40 em relação ao que realmente poluem (coluna EMPRESA-CIDADÃ, de quarta-feira, 12 de setembro de 2016);

Literatura: Agraciado o sueco Fredrik Sjöberg, pela trilogia autobiográfica sobre o prazer de colecionar moscas mortas numa ilha sueca de baixa densidade populacional;

Medicina: Para os alemães Christoph Helmchen, Carina Palzer, Thomas Münte, Silke Anders e Andreas Sprenger, pela pesquisa que mostrou que se pode aliviar a coceira num braço quando se olha no espelho e se coça o outro braço;

Economia: Para Mark Avis, Sarah Forbes e Shelagh Ferguson, por uma pesquisa sobre a personalidade das pedras da perspectiva de marketing;

Psicologia: Para um estudo feito com mil participantes que concluiu que jovens adultos mentem melhor, sem, no entanto, indagar se os entrevistados realmente estavam mentindo.

Reprodução: Ahmed Shafik, por pesquisar os efeitos do uso de calças de poliéster, algodão e lã na vida sexual dos ratos e depois repetir a experiência em homens.

Física: Gábor Horváth, Miklós Blahó, György Kriska, Ramón Hegedüs, Balázs Gerics, Róbert Farkas, Susanne Åkesson, Péter Malik e Hansruedi Wildermuth, por descobrirem por que cavalos de pelos brancos são menos atacados por moscas, e por descobrirem por que libélulas são atraídas por lápides pretas.

Paz: Gordon Pennycook, James Allan Cheyne, Nathaniel Barr, Derek Koehler e Jonathan Fugelsang, por seu estudo acadêmico "Sobre a Compreensão e Detecção de Idiotices Pseudo-Profundas".

Biologia: prêmio compartilhado por Charles Foster e Thomas Thwaites. Charles, por viver na natureza, em momentos diferentes, como um texugo, uma lontra, um veado, uma raposa e um pássaro; Thomas por projetar próteses para seus membros, que lhe permitiu deslocar-se pelas montanhas na companhia de cabras.

Percepção: Atsuki Higashiyama e Kohei Adachi, por investigar o quanto os objetos parecem diferentes, quando se curva para visualizá-los por entre as pernas.

Paulo Márcio de Mello*
Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

A coluna EMPRESA-CIDADÃ é publicada, desde 2001,
continuamente, às quartas-feiras, no jornal Monitor Mercantil (www.monitormercantil.com.br).
Através dela, são apresentados conceitos relativos
à responsabilidade social, à sustentabilidade, ao desenvolvimento sustentável e à ética nos negócios, através de casos de empreendedores e empresas, pesquisas, resenhas, editais ou agenda na temática.
A coluna EMPRESA-CIDADÃ também pode ser lida pelo Blog arteeconomia. Acesso através de http://pauloarteeconomia.blogspot.com


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