Referências éticas
Entre
diversas declarações de conteúdo ético já escritas, destaca-se o projeto
Millennium. Trata-se de uma iniciativa do Conselho Americano da Universidade
das Nações Unidas (UNU). Outra declaração de conteúdo ético que não pode ser
ignorada é a Declaração de Durban, que leva o nome da cidade da África do Sul
onde foi realizada, em setembro de 2001, a III Conferência Mundial de Combate
ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata.
blog do professor paulo márcio
economia&arte
Quarta-feira,
12 de novembro de 2014
Paulo Márcio de Mello*
► Entre diversas declarações
de conteúdo ético já escritas, referências para orientar ações governamentais
ou empresariais, está o projeto Millennium. Trata-se de uma iniciativa do
Conselho Americano da Universidade das Nações Unidas (UNU), que busca organizar
uma rede de planejamento global, envolvendo pesquisadores, futuristas,
acadêmicos, executivos, legisladores, educadores e cientistas.
► Através de suas visões de futuro e de monitoramentos
anuais, estas pessoas concentram os seus esforços para propor soluções para
quinze importantes desafios que o mundo está vivendo. O Millennium fornece informações
permanentes de forma que lideranças e gestores de cada região do planeta possam
identificar, avaliar e analisar temas com impacto global.
► São 15 os desafios globais eleitos: 1º) O
desenvolvimento sustentável, expresso por uma pergunta: como podemos
alcançá-lo? 2º) O desafio da água, com a indagação de como todos podem ter
acesso a ela, sem conflitos.
► 3º) População e recursos, como podem estar em
equilíbrio? 4º) Democratização, como a verdadeira democracia poderá emergir do
autoritarismo? 5º) Perspectivas globais de longo prazo, como elas podem passar
a nortear a criação de políticas mundiais? 6º) A globalização da tecnologia da
informação, como a globalização e as convergentes tecnologias da informação e
da comunicação poderão trabalhar para o bem comum?
► 7º) A distância entre ricos e pobres, como as
economias de mercado podem ser norteadas por uma ética social que as estimule a
reduzir as diferenças entre ricos e pobres? 8º) Doenças, como reduzir a ameaça
de novas doenças e de microorganismos infecciosos? 9º) Capacidade de decisão,
como pode ser aprimorada à medida que mudam as instituições e a natureza do
trabalho?
► 10º) Paz e conflito, como novos valores e estratégias
de segurança podem reduzir os conflitos étnicos, o terrorismo e o uso de
armamentos com poder de destruição massiva? 11º) Mulheres, como a mudança no
status social da mulher pode ajudar a melhorar a condição humana? 12º) Crime
transnacional, como evitar que o crime organizado se torne o mais poderoso e
sofisticado empreendimento global?
► 13º) Energia, como a demanda crescente de energia
pode ser atendida de forma segura e eficiente? 14º) Ciência e Tecnologia, como
as inovações científicas e tecnológicas podem ser aceleradas para melhorar a
condição humana? 15º) Por último, ética global, como as considerações globais
podem se incorporar no cotidiano das decisões globais?
► Estes desafios, quando muito, estão apenas
parcialmente equacionados mas, pela urgência de soluções necessárias,
representam uma pauta que não pode ser desconhecida das organizações que se
proclamam responsáveis.
Durban
► Outra declaração de conteúdo ético que não pode ser
ignorada é a Declaração de Durban, que leva o nome da cidade da África do Sul
onde foi realizada, em setembro de 2001, a III Conferência Mundial de Combate
ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata.
► Ela faz referências objetivas a algumas
possibilidades de atuação das empresas neste temário. É o caso do parágrafo 63,
que incentiva o setor empresarial, em particular a indústria do turismo e os
provedores de serviços da Internet, a desenvolverem códigos de conduta, visando
a impedir o tráfico de seres humanos e a proteção das suas vítimas.
► No item referente ao emprego, a Declaração de Durban
menciona a necessidade de organização e funcionamento de empresas cujos
proprietários sejam vítimas de racismo, discriminação racial, xenofobia e
intolerância correlata, com a correspondente promoção da igualdade de condições
de acesso ao crédito e a programas de treinamento.
► O parágrafo 104 menciona o apoio à criação de locais
de trabalho livres de discriminação, através de estratégias complexas que
incluam o cumprimento dos direitos civis e a proteção dos direitos dos
trabalhadores sujeitos ao racismo e à intolerância racial.
► No parágrafo 215, no título "Setor
privado", a declaração insta os Estados a adotarem medidas para assegurar
que as corporações transnacionais operem nos territórios nacionais, respeitando
preceitos e práticas de livres de racismo e de discriminação.
► Incentiva ainda a colaboração com sindicatos para o
desenvolvimento de códigos de conduta de adoção voluntária, destinados à
prevenção, ao combate e à erradicação do racismo. A Declaração de Durban
oferece às empresas responsáveis um roteiro de possibilidades para aproximar
cidadãos tão afastados.
► Treze anos após a realização da Conferência Mundial
de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata
e da edição da Declaração de Durban, as mudanças na discriminação racial e na
diversidade nas empresas ainda são inexpressivas.
Paulo Márcio de Mello
Professor da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro (UERJ)
A coluna
EMPRESA-CIDADÃ é publicada, desde 2001, toda quarta-feira,
no centenário
jornal Monitor Mercantil (www.monitormercantil.com.br).
São mais de 600
edições apresentando casos
de empreendedores e empresas, pesquisas, resenhas, editais ou agenda, relativos à sustentabilidade, à
responsabilidade social e ao desenvolvimento sustentável.
É professor. Pra alguns desses 15 problemas listados no começo do texto, vejo uma solução em comum: a redução do consumo da carne.
ResponderExcluirComemos carne todos os dias porque fomos acostumados, não porque precisamos.
Pra cada quilo de carne vermelha produzida, são quase 15 mil litros de água potável gastas... Fora a gigantesca emissão de CO2 causada pela indústria da carne... Entre outros. Pensando em escala maior, como foi mostrado no filme que você passou na sala de aula, muitos problemas que enfrentamos hoje seriam menores se simplemente reduzíssemos o consumo em si.
Meu coração dói demais quando começo a pensar nessas coisas..
Eliadma Parreira- turma de Economia da Faculdade de Comunicação Social